O verão acabou faz pouco mais de um mês, mas os problemas enfrentados pelo segmento do turismo, em Cabo Frio, continuam mesmo na baixa temporada. Esta semana, por exemplo, a Associação de Hotéis deixou clara a insatisfação com algumas decisões unilaterais tomadas pelo governo municipal, e que têm gerado transtornos aos turistas, guias de turismo e meios de hospedagem.

No último final de semana, por exemplo, dois hotéis teriam tido problemas para liberar e receber novos hóspedes porque a orla da Praia do Forte foi fechada e eles não teriam sido notificados com antecedência. Por este motivo, os ônibus que faziam o transporte dos turistas não tiveram onde parar. Em nota à Folha a Prefeitura informou que existem duas datas fixas de fechamento da orla da Praia do Forte (réveillon e carnaval), e que aos domingos a pista sentido Duna Preta fecha para prática de esporte, caminhada e área de lazer. Revelou ainda que, quando há evento esportivo, as duas pistas, ou uma delas, ficam interditadas de acordo com o horário da atividade, mas garantiu que os hoteleiros sempre são avisados. Mas, quando há imprevistos ou desencontros de horários, “as equipes da Guarda  Municipal e Fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana fazem o necessário para que os ônibus de turismo cheguem ao local de embarque e desembarque”. Sobre o ocorrido no final de semana, a Prefeitura disse que deixou equipes de sobreaviso para viabilizar a chegada e saída dos ônibus e atender imediatamente aos hoteleiros.

O setor turístico e hoteleiro contribui significativamente para a geração de empregos da população local, promovendo o desenvolvimento econômico e social da comunidade. A cidade é um destino turístico e sua principal fonte de arrecadação vem do turismo. Por isso gostaríamos de contar com o apoio e a colaboração da prefeitura para aprimorar a experiência turística em nossa cidade. É isso que estamos pedindo há alguns meses diretamente para a Magdala - ressalta a atual presidente da Associação, Lílian Gallo, que assumiu o posto no último dia 4, mas já integrava a diretoria como segunda tesoureira.

Em conversa com a Folha, esta semana, Lílian lamentou a estrutura precária dos setores públicos de atendimento ao turista na cidade, e também criticou a ausência de um calendário de eventos eficaz. Falou ainda sobre a existência de um Manifesto Pró-Turismo, que deve ser apresentado aos nomes que se lançarem candidatos a prefeito na eleição de outubro.

Esse manifesto foi criado em agosto do ano passado, durante a gestão do ex-presidente Carlos Cunha. Ele foi elaborado em conjunto por empresários e guias de turismo e tinha como objetivo sensibilizar o poder público para que medidas fossem tomadas em caráter de urgência, garantindo condições para que a cidade estivesse minimamente preparada para receber os turistas no último verão.

Entre as medidas que fazem parte do documento estão: pedido de realização de obras estruturais necessárias; clareza nas regras e na comunicação dos decretos que limitam o acesso de ônibus de turismo na cidade; garantias da realização dos eventos do calendário oficial de Cabo Frio e divulgação antecipada do planejamento para o verão.

Folha - Qual avaliação a Associação faz com relação às políticas públicas de fomentação do turismo em Cabo Frio?
Lílian - A gente considera que há espaço significativo para melhorias nas políticas públicas de fomento ao turismo em Cabo Frio, visto que as demandas do setor não têm sido plenamente atendidas, apesar dos esforços e reivindicações realizados.

Folha - O que considera positivo?
Lílian - Um aspecto positivo que destaco é a qualidade dos meios de hospedagem, restaurantes e comércios locais, que contribuem para enriquecer a experiência dos turistas que visitam nossa cidade.

Folha - E o que considera negativo?
Lílian - Destaco a falta de um calendário atrativo, lançado com tempo hábil para divulgá-lo, e que não seja alterado no decorrer do tempo. Outro ponto negativo é a acolhida ao turista, desde a chegada a um terminal de ônibus bem estruturado para os que vêm pelo turismo rodoviário, até a falta de uma cidade estruturada para recebê-los. Esses aspectos impactam negativamente na experiência dos visitantes.

Folha - Muitos visitantes chegam na cidade através da rodoviária. Acredita que ela seja um bom cartão de boas vindas aos nossos visitantes?
Lílian - A rodoviária também precisa de melhorias para acolher melhor nosso turista. Hoje ela não representa um bom cartão de boas-vindas aos visitantes. A valorização do turismo rodoviário é essencial para proporcionar uma experiência positiva desde a chegada dos turistas até sua saída.

Folha - Há muito tempo se fala em trabalhar o turismo de forma a criar opções para os turistas na baixa temporada. Como está essa discussão com a prefeitura?
Lílian - A discussão sobre o desenvolvimento do turismo na baixa temporada ainda carece de avanços significativos junto à prefeitura. É um tema relevante mas que merece maior atenção e diálogo. Somos agraciados por uma natureza fantástica, mas sem sol, ou com chuva, precisamos de mais opções.

Folha - O que, efetivamente, a cidade tem para oferecer aos turistas além da praia?
Lilian - Além das belas praias, Cabo Frio oferece uma variedade de opções turísticas (em dias de sol ou sem chuva) como práticas esportivas, vivências gastronômicas, compras, turismo rural, religioso, educacional, bem como atrações naturais, parques e vegetações deslumbrantes.‌

Folha - A Associação possui algum documento com as principais demandas do setor?
Lílian - Sim, a Associação possui um manifesto pró-turismo com as principais demandas do setor, o qual foi entregue à prefeitura e protocolado na câmara dos vereadores.

Folha - Pretende discutir essas demandas com os candidatos à Prefeitura de Cabo Frio?
Lílian - Com certeza, a Associação pretende discutir as demandas do setor com os candidatos à Prefeitura de Cabo Frio, visando melhorias e investimentos necessários na infraestrutura turística da cidade.

Folha - Qual é o perfil do turista que hoje visita Cabo Frio?
Lílian - O perfil predominante dos turistas que visitam Cabo Frio atualmente é de famílias e casais, representando um público estável e interessado nas atrações da cidade, o que pode ser considerado positivo para o turismo local. Há 10 anos também recebíamos casais e famílias, mas a situação econômica do país era mais favorável, então eles movimentavam mais a economia da cidade.