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PMDB

Escândalos em série arranham imagem do PMDB

Líderes do partido na região acreditam que sigla tem força para superar a crise

04 abril 2017 - 06h36
Escândalos em série arranham imagem do PMDB

Enquanto o castelo de cartas do PMDB desmorona ao sabor dos escândalos de escândalos que já resultaram na prisão do ex-deputado federal Eduardo Cunha, do ex-governador Sérgio Cabral e na recente condução co­ercitiva do presidente da Assem­bleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, caciques da le­genda na Região dos Lagos re­conhecem o momento crítico, mas argumentam que a crise po­lítica não se restringe ao partido.

O prefeito de Cabo Frio, Mar­quinho Mendes, presidente do PMDB no município, afirma que momentos de turbulência não são novidade e que a sigla tem fôlego para passar por este momento.

– O PMDB é um partido histó­rico e um dos maiores do Brasil, que já passou por momentos de turbulência, como é o momen­to atual, e sempre soube superá-los. Não vai ser diferente agora. Estamos falando de um partido que ajudou a construir a demo­cracia brasileira. Problemas in­ternos e períodos de dificuldade existem em todas as siglas, mas poucos partidos têm a força que o PMDB tem para passar por isso e ficar ainda mais forte.

Já o prefeito de São Pedro, Cláudio Chumbinho, diz que o momento é crítico para todo o país.

– O momento é crítico não apenas para o Estado e o parti­do, mas para todo o Brasil. Nos­so país vive uma crise política, em que infelizmente cada vez menos a população acredita em seus governantes, por tudo o que é noticiado diariamente. São Pe­dro da Aldeia seguirá fazendo seu dever de casa, com transpa­rência no poder público e muito trabalho para desenvolver nossa cidade, para que seja o mínimo possível afetada pela crise finan­ceira. Esperamos que dias me­lhores cheguem para todos nós.

Crise – Se já não era boa, a situação do PMDB piorou ainda mais na semana passada, quando o presidente da Alerj, Jorge Piccia­ni, foi levado coercitivamente para prestar depoimento na Polícia Fede­ral, por suposto envolvimento em es­quema de pagamento de propina para conselheiros do Tribunal de Contas de Estado (TCE-RJ). Picciani pas­sou a ser considerado o maior caci­que peemedebista do Estado após a prisão, em novembro, do ex-governador Sérgio Cabral, acu­sado de chefiar uma quadrilha que desviou mais de R$ 224 mi­lhões dos cofres públicos.

Além disso, alvejado por pedidos de impeachment na Alerj e citado na Operação Lava Jato, o governador Luiz Fernando Pezão sofreu dura derrota na semana passada, quando teve negado o recurso que tentou impedir a cassação da chapa Pe­zão/Dornelles na eleição de 2014. O governador é acusado de abuso de poder econômico e político, pois o então candidato à reeleição teria concedido isenções fiscais em troca de doações de campanha.

Como desgraça pouca é bobagem, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha acaba de ser condenado a 15 anos de prisão, acusado de corrup­ção na Petrobras e remessa ilegal de dinheiro para o exterior. Aposta para o futuro próximo, o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, também recebeu respingos da Lava Jato.

Com tantos problemas a driblar, fica a pergunta: o partido vai sofrer consequências desta imagem arra­nhada nas próximas eleições?

Para o cientista político e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) de Campos, Márcio Malta, os acontecimentos não são coincidên­cia e refletem um modelo que es­cancaram a relação promíscua entre políticos e grandes empresários, so­bretudo com relação às doações de campanha. Contudo, ele acredita ser prematuro falar sobre os efei­tos dos acontecimentos recentes para o futuro da legenda.

– É cedo para dizer. O partido tem muitas ramificações, muitos prefei­tos e uma bancada numerosa. A sigla é muito forte e sua queda não são fa­vas contadas. Houve uma desmora­lização junto à opinião pública após a crise de 2013, mas o partido con­seguiu se reerguer. Não consigo en­xergar muitas mudanças. Esse efeito fica muito na esfera moral, mas não deve se converter no momento do voto – avalia o especialista.

A opinião do cientista político é a mesma do historiador Paulo Ro­berto Araújo, colunista da Folha. Para ele, o pior passou, já que consi­dera a prisão de Sérgio Cabral como o auge da crise do partido:

– Sérgio Cabral era o único que poderia aparecer como um possível candidato para as eleições de 2018 e 2022 e com chances de ser eleito, coisa que o PMDB não tem.

Paulo Roberto acredita que, mesmo com toda a crise, o partido não perderá votos.

– O PMDB, por conta desta crise, não diminuirá de tamanho, como foi o caso do PT. Isso porque o partido tem uma máquina eleitoral espa­lhada por todo o país, então, o que eles perdem em um estado podem compensar com a ascensão de ou­tras lideranças regionais – opina o historiador.