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Professores e alunos do Miguel Couto se mobilizam contra ocupação da Uerj

Movimento anuncia nova reunião para o fim da tarde desta sexta (21)

21 outubro 2022 - 11h12Por Redação
Professores e alunos do Miguel Couto se mobilizam contra ocupação da Uerj

Professores e alunos da maior unidade de ensino da rede estadual em Cabo Frio, o Colégio Miguel Couto, estão se mobilizando contra uma possível ocupação do prédio pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Ao longo desta semana duas reuniões movimentaram professores e alunos. Uma nova está marcada para às 17h30 desta sexta-feira (21) no auditório da escola, que fica na Rua 13 de Novembro, próximo à Praia do Forte.

A notícia de que a Uerj poderia se instalar provisoriamente em algumas salas da escola foi antecipada com exclusividade pela Folha dos Lagos no último dia 6 de outubro, e confirmada pela Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) no dia seguinte, que em nota afirmou haver conversas em curso “para a cessão de salas e equipamentos de modo que a unidade escolar abrigue de maneira temporária o campus cabo-friense, enquanto prosseguir a briga judicial pela desapropriação do prédio da Ferlagos”.

Mesmo com o anúncio de uma possível ocupação, mas de forma provisória, professores e alunos se posicionaram definitivamente contra a medida, afirmando que um documento já teria sido formalizado para cessão de 11 salas de aulas para a Uerj até o ano de 2028. À Folha, esta semana, a Seeduc disse que a Uerj solicitou a possibilidade de a secretaria viabilizar algumas salas para a implementação de atividades da instituição de Ensino Superior por período determinado, mas não disse por quanto tempo seria.

Desde que foi anunciada com festa no dia 13 de junho deste ano, com presença do governador Claudio Castro e do então secretário estadual de Ciência e Tecnologia, dr Serginho, a vinda da Uerj para Cabo Frio é cercada por dúvidas. O prédio seria inicialmente instalado onde desde os anos 70 funciona a Ferlagos (próximo à rodoviária de Cabo Frio). Mas uma briga judicial pela desapropriação do espaço acabou adiando os planos. O tão festejado vestibular para as áreas de Geografia, Medicina e Ciências Ambientais, que deveria estar com inscrições abertas desde o último dia 3, foi oficialmente cancelado em comunicado feito pela universidade um dia após o resultado das eleições (que reelegeu o governador Claudio Castro e o deputado estadual dr Serginho). O cancelamento também foi confirmado no mesmo dia à Folha pelo próprio reitor da Uerj, Mario Carneiro. “Já estamos em tratativas avançadas na busca de outros imóveis, na região, para a instalação dos cursos. Assim que a Uerj confirmar a posse em novo imóvel em Cabo Frio, o que esperamos que ocorra muito em breve, será lançado um edital de vestibular isolado para esses três cursos”, afirmou Carneiro.

No dia seguinte à confirmação da suspensão do vestibular, o deputado reeleito dr Serginho e o secretário estadual de Educação Alexandre Valle teriam visitado o Colégio Estadual Miguel Couto para tratar da possibilidade de a Uerj ocupar parte do prédio. A informação foi confirmada à Folha, no mesmo dia, e com exclusividade, pela diretora da escola, Aline Bonioli, que contou que a intenção seria utilizar dez salas que ficam no último andar da escola pelo período de seis meses, enquanto a questão judicial da Ferlagos não é resolvida.

- Na verdade eles disseram que vão precisar de 11 salas de aula, além de outras seis para preparar laboratórios. Para isso essas salas precisarão passar por obras de adequação, ou seja, não servirão mais para sala de aula. Depois disso, recebemos a informação de que já existe um documento de cessão do prédio à Uerj até 2028, e isso conduz à extinção do colégio porque a Uerj virá pra cá com três cursos (Geografia, Medicina e Ciências Ambientais), inicialmente usando 11 salas. Mas a gente sabe que os cursos vão avançando nos períodos, e isso vai tomando cada vez mais salas de aula. Hoje o prédio do Miguel está praticamente com todas as salas utilizadas, são 2.500 alunos. Ou seja, vão tirar alunos pobres que dependem do colégio público, para trazer gente de fora da região, estudantes da rede particular, prejudicando os próprios cabo-frienses - explicou o professor José Francisco de Moura.

Por conta disso tudo, o educador informou à Folha que outros professores e alunos estão se mobilizando, criando abaixo-assinado virtual e fazendo vaquinhas on-line para arrecadar dinheiro com o objetivo de investir em anúncios contra a instalação da universidade do prédio do colégio. Ainda estão denunciando a situação à Ouvidoria de forma que chegue ao Ministério Público. Como o terreno do Miguel Couto pertencia à Prefeitura e foi cedido ao Estado durante o governo do ex-prefeito Edilson Duarte para construção da escola (inaugurada em 1958), os professores também pensam em intervir junto à Prefeitura, solicitando a municipalização do terreno para impedir a ocupação pela Uerj. Desde quarta-feira (19) a Folha vem tentando contato com o governo municipal para avaliar essa possibilidade, mas não teve resposta até o fechamento desta matéria.

- Veja bem, não somos contra a Uerj vir para Cabo Frio de jeito nenhum. O que não aceitamos é que o Miguel Couto seja ocupado pela universidade. Eles precisam resolver a situação da Ferlagos, até porque lá já tem laboratórios prontos. O problema é que eles têm uma dívida trabalhista enorme e que o governo do Estado não quer assumir. Tem professor que precisa receber R$ 150 mil. O Miguel precisa continuar sendo um colégio. Por isso também já estamos acionando a Alerj através de deputados ligados às causas da Educação. E, se for preciso, faremos uma grande greve com ocupação da escola. A Uerj precisa vir, sim, mas para outro prédio, e não para o Miguel Couto - contou o professor.