FILIPE CARBONE
O aumento no preço dos produtos das prateleiras, alinhado às dificuldades financeiras dos consumidores, é a receita perfeita para manter os mercados de Cabo Frio vazios. O baixo movimento nos setores e a falta de fila nos caixas são um reflexo da economia dos cabofrienses. Por conta da crise, as antigas compras de mês deram lugar a pequenas compras que são feitas parcialmente durante todo o mês.
Se antes a qualidade era o principal fator na hora da escolha, os consumidores agora afirmam que foram obrigados a colocar o preço como prioridade na hora de realizar as compras.
– A falta de perspectiva na melhora da situação faz com que a gente acabe economizando. Não sei qual vai ser o rumo da minha economia, então prefiro dar prioridade para carnes mais baratas. Apesar de preferir carne de boi, estou dando preferência para a carne de frango – afirmou a professora Nilza Soares, 32.
Nilza ainda afirma que, mesmo sem entender os principais fatores que levaram à sua preocupação, as crianças também deixam de curtir a ida ao mercado. Os antigos “quitutes” dão espaço para o essencial.
– Eu tento explicar para o meu filho que não posso mais comprar os doces que eu tinha o hábito de comprar, mas é difícil você fazer uma criança entender que esse dinheiro pode fazer falta no final do mês – conclui.
Mesmo sem prática de mercado, Carlos Alberto Novaes, 56, diz que as reclamações da esposa em relação aos preços são constantes e ter de improvisar acaba sendo a principal solução.
– Ela havia pedido pra eu comprar cebola roxa, mas custa R$9/kg. Acabei achando melhor comprar a cebola comum, que está R$7/kg. No final do mês essa diferença de R$2 acaba fazendo diferença – pondera.