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VAI DAR LIGA?

Liga das Escolas de Samba de Cabo Frio mira possível volta dos desfiles em 2024

Em processo de reestruturação, entidade quer ocupar Morada do Samba e tenta reabilitar agremiações

08 maio 2022 - 11h25Por Redação

Desde que a Em Cima da Hora levantou a taça do Carnaval de 2015 em Cabo Frio, as escolas de samba da cidade vivem uma espécie de quarta-feira de cinzas sem fim, marcada por um surdo tocado em tom fúnebre. Com a derrocada financeira do município, a subvenção oficial deixou de ser repassada, paralisando a festa, que chegou a ser considerada a segunda maior do estado do Rio, perdendo apenas para a capital. Em 2022, as agremiações completaram sete anos sem pisar na Morada do Samba, mas com a reativação da Liga das Escolas de Samba do município, a folia cabo-friense começa a vislumbrar dias melhores.

Em novembro de 2020, ainda no período mais agudo da pandemia de Covid-19, cinco dirigentes, entre presidentes e ex-presidentes de escolas de samba, se reuniram para iniciar a reestruturação da entidade, que acumula um histórico de rupturas e problemas desde 2001, a reboque de questões políticas. O atual presidente, Carlos Ernesto Lopes, o Carlão do Samba, relata que o trabalho para reerguer a Liga partiu do zero, mas que ela já está novamente legalizada, e administrativamente preparada para voltar a funcionar. O próximo passo, segundo ele, é ocupar os galpões da Morada com a sede da Liga e atividades voltadas ao Carnaval.

– Falamos com o prefeito que a gente quer ocupar o primeiro galpão, onde funcionava a Liga e a Associação de Blocos e começar a administrar a praça, pra fazer os eventos e aí sim voltar a reconstruir os galpões da Morada do Samba, pois estão todos deteriorados, não sendo utilizados para seus fins principais que são as escolas de samba – alega Carlão.

Uma comissão do Carnaval para a ocupação da Morada foi criada e levou um relatório para o Conselho Municipal de Cultural. Segundo Carlão, a proposta foi aprovada pelo Conselho e só falta a assinatura do prefeito José Bonifácio.

Entretanto, segundo a Prefeitura, o relatório foi aprovado pelo Conselho, como ‘indicação’ da comissão, ou seja, com apontamento, instrumento de manifestação do Conselho, cabendo impugnação por parte dos conselheiros, no prazo de 15 dias, ainda vigente.

Desta forma, de acordo com o poder público municipal, ainda não está aprovada a efetiva ocupação da Morada do Samba pelos sambistas, mas sim ‘a indicação da legitimidade e necessidade de retomada do espaço para os fins originais aos quais foi criado, assim como consta na ata de uma reunião realizada pelo Conselho Municipal de Cultural no último dia 25 de abril’.

Enquanto o impasse não é resolvido, a Liga se movimenta em torno de ações e eventos para ganhar visibilidade, como o tributo ao antigo mestre de bateria da escola Antiga Abissínia Sidney de Oliveira, o Mestre Sid, falecido em 2016. O objetivo é se organizar para que as escolas voltem em 2024, mas sem depender da antiga subvenção e sim com recursos próprios, de patrocinadores e por meio de leis de incentivo cultural.

Outro desafio é reestruturar as próprias agremiações, muitas das quais com problemas administrativos internos. Atualmente, apenas a Unidos da Esperança, do bairro Jardim Esperança, está filiada à Liga. Dentre as escolas que permaneceram ligadas à entidade após a cisão de 2013, ocorrida por pressão política, segundo Carlão, a Sol a Sol enrolou a bandeira (encerrou as atividades) e a Acadêmicos de Tamoios não demonstrou interesse em participar da nova fase. Outras, como a Abissínia e a Flor da Passagem, avançam nas questões burocráticas. O caminho, contudo, ainda é longo, até que os holofotes da Morada voltem a iluminar o espetáculo.

Enquanto isso, a lembrança de um passado não tão distante motiva o desejo da volta. Embora admita fazer intercâmbio com outras praças carnavalescas, o presidente Carlão destacou a importância histórica do Carnaval cabo-friense, desenvolvido a partir da primeira metade do século passado.

–A gente gosta de lembrar é que o Carnaval de Cabo Frio é o que mais se aproxima do Carnaval do Rio. Na época dos salineiros, os navios saíam daqui e iam para o Porto do Rio de Janeiro, e quando chegavam lá, brincavam o Carnaval e traziam as alegorias, adereços e fantasias dentro dos porões dos navios e traziam pra Cabo Frio – conclui Carlão.