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MEMÓRIA CULTURAL

Grupo Creche na Coxia recebe acervo do Teatro Amador Cabo-friense

Material da companhia histórica dos anos 1960 estava sob a guarda da memorialista Meri Damaceno

26 fevereiro 2022 - 10h55Por Rodrigo Branco

Uma significativa fração da história do teatro de Cabo Frio acaba de mudar de mãos. No último dia 21, a memorialista Meri Damaceno entregou o acervo do antigo Teatro Amador Cabo-friense (TAC) para os integrantes da companhia Creche na Coxia, que completou 42 anos de existência no ano passado. A entrega, feita de surpresa, aconteceu durante um encontro de agentes culturais da região, realizado nesta semana, no Teatro Quintal, no Parque Burle. 

Diante de dezenas de artistas, produtores e gestores da área cultural, incluindo o secretário das Culturas de Niterói, Leonardo Giordano, a memorialista passou para as mãos da trupe todo o material fotográfico e documental que havia recebido há cerca de cinco anos do artista Jiddu Saldanha. Por sua vez, o ator e mímico tivera acesso ao ‘espólio’ do TAC por meio da família de Estélio El-Banny, um dos integrantes históricos da companhia, que marcou época nos palcos ao longo dos anos 1960, até o encerramento das atividades, em 1972.

Meri Damaceno disse que, mesmo sendo uma especialista em preservar memória, considera que o acervo do TAC deve ficar de posse do Creche, que tem um livro sobre sua trajetória publicado pela Sophia Editora, com base na Lei Aldir Blanc.

– A gente perde todo dia um pouco da memória da cidade, seja patrimonial, documental ou fotográfica. Além da gente perder as pessoas, o que é natural. Por isso, que eu tenho essa aflição de proteger, de deixá-los guardarem com quem é de direito, e com quem eu acredito que vai guardar com todo carinho, como eu guardaria. Como eu guardei esses cinco anos, tenho certeza de que o Creche na Coxia vai guardar por durante muitas décadas, quiçá, por toda vida – ressalta a memorialista.

Emocionada e surpresa, a diretora teatral e dramaturga Silvana Lima disse que se reunirá com os demais integrantes da companhia, depois do Carnaval, para ver os itens que constam no acervo. O material poderá servir de base para uma ampla pesquisa sobre a história do teatro na cidade, que remonta ao início do século passado. 

– Sou muito ligada à questão da identidade, da memória, em todos os aspectos, mas é claro que no teatro muito mais. Tanto que eu fui a guardadora da história do Creche. Tenho um baú com essas histórias e aí acho que a Meri se sentiu nesse dever de trazer para cá, para a gente meio que perpetuar isso de alguma forma. E eu me senti com essa responsabilidade na hora que ela entregou para o grupo. Eu me senti muito lisonjeada e honrada, e com uma responsabilidade muito grande – descreve Silvana.

O ator e dramaturgo José Facury Heluy fez questão de ressaltar a importância daqueles que deram os primeiros passos no teatro cabo-friense. O artista confirmou a ideia de realizar um trabalho mais amplo a partir do tesouro que acabaram de receber.

– Todos nós que somos das artes, gostamos de deixar claro que a história não começa com a gente, que vem lá de trás. A história do teatro de Cabo Frio vem com Nico Félix, lá na primeira metade do século 20, entre 1920 e 1930. E o TAC é uma continuidade disso. Eu, particularmente, descrevi em um dos anuários, se não me engano de 2021, a trajetória da história do teatro de Cabo Frio. Nós temos uma introdução e com esse acervo que a Meri passou para o grupo, logicamente vai ser o nosso projeto. Juntando Creche na Coxia, com TAC e a história inicial com Nico Félix, a gente tem um panorama de 100 anos do teatro de Cabo Frio. E continuamos lutando pela abertura do teatro, esse é o nosso desejo – finaliza.