A trajetória de pioneirismo e conquistas do primeiro bar voltado para o público LGBTQIA+ de Cabo Frio se transformou em um documentário que agora começa a ganhar as telas de festivais pelo Brasil. O filme ‘Sou Point 44, Amor – Um Arco-Íris Multicor’, do cineasta Márcio Paixão, foi uma produções selecionadas para participar da Seleção Mostra Contemporânea Brasileira, que vai fazer parte da 26ª edição do Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, o Fórum Doc BH, evento que será realizado de 10 a 20 de novembro, no Cine Humberto Mauro e no Cine Santa Tereza.
O Festival recebeu 450 produções, das quais foram selecionadas 34, incluindo o filme cabo-friense, que serão exibidas em 15 sessões. O trabalho de Márcio Paixão, responsável pelo roteiro, direção e montagem do documentário, será mostrado junto com o de profissionais reconhecidos como Alan Ribeiro, Divino Tserewahú e Jorge Bodanzky. Para o cineasta, a seleção de ‘Point 44’ em um dos principais festivais de cinema do país é muito importante para o município.
– Ficamos muito felizes, pois essa seleção legitima a importância da luta das pessoas LGBTQIA+, sobretudo da nossa cidade de Cabo Frio. Estaremos ao lado de grandes cineastas, com produções realizadas com muito mais dinheiro do que o nosso, ou seja, a nossa criatividade, talento e luta nos levaram para este festival tão importante que é o Fórum Doc BH – comemora.
Por meio de depoimentos e imagens de arquivo, o documentário trata da história do estabelecimento que funcionou no Guarani, entre 1995 e 2009, e de seu fundador David Araújo, que o tornou um espaço de acolhimento, afeto e luta. Enquanto esteve em funcionamento, o Point 44 se transformou em boate; em bloco de Carnaval e em escola de samba, esta considerada a primeira do país para o segmento. O bloco desfilou pela primeira vez em 1996, um ano antes da edição inicial da Parada do Orgulho Gay de São Paulo.
Para a realização do filme, foram entrevistadas personalidades do Carnaval da cidade, como João Félix e Nilma de Oliveira, além de Peteca e Raquel Glamurosa, amigas de David Araújo. No fim de maio, houve uma série de três exibições públicas do trabalho, no IFF de Cabo Frio; no Charitas e na Praça de São Cristóvão.
– As exibições realizadas em Cabo Frio foram muito importantes não só para a nossa comunidade LGBTQIA+ mas para todos e todas, pois é um filme alicerçado na cidadania e Direitos Humanos. Tivemos uma devolutiva maravilhosa, os espectadores tiveram acesso a uma parte importantíssima do início das lutas por direitos LGBTQIA+ que estava completamente esquecida e apagada – concluiu o cineasta.
