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VANDALISMO

Prefeituras da região fazem silêncio sobre participação de servidores em atos em Brasília

Cabo Frio, Arraial do Cabo, Iguaba Grande e Araruama não quiseram comentar o assunto

11 janeiro 2023 - 10h47Por Redação
Prefeituras da região fazem silêncio sobre participação de servidores em atos em Brasília

Matéria atualizada em 11/01 às 14h25

Entre os bolsonaristas radicais identificados e acusados de praticar atos terroristas em Brasília, segundo a polícia, estão ex-prefeitos, ex-primeira-damas, vereadores e ex-vereadores, um parente da família do ex-presidente Jair Bolsonaro e também servidores públicos de várias cidades do país, além de policiais, entre outros. Uma dessas pessoas já teria sido identificada como o Alberto Habib, que nas redes sociais se identifica como ex-membro da Brigada de Infantaria Paraquedista, e mestre em Política e Gestão Pública na instituição de ensino Uniasselvi. Em 2020 ele também concorreu a vereador em São Pedro da Aldeia e já teria sido expulso do PSD por determinação do coordenador do partido na Região dos Lagos, Aquiles Barreto.
 
Além de Habib, investigações já teriam identificado, também, a participação de políticos, servidores públicos e empresários dos municípios da Região dos Lagos. À Folha, as Prefeituras de São Pedro da Aldeia e Búzios disseram que estão fazendo pente fino para identificar possíveis participantes dos atos terroristas, que destruíram vários prédios, móveis e obras de artes históricas.
 
Em São Pedro da Aldeia, o prefeito Fábio do Pastel disse à Folha que até o momento desconhece o envolvimento de servidores nos acontecimentos registrados em Brasília no último domingo. Mas reforçou que “o canal da Ouvidoria, disponível no Portal da Transparência do município, está à disposição para o recebimento e tratamento de denúncias sobre possível ato ilícito praticado por servidores da administração pública”.
 
As Prefeituras de Búzios e Saquarema também responderam que até o momento não há informações de servidores públicos envolvidos nos atos em Brasília. Só não explicaram quais medidas serão adotadas caso ainda sejam identificados.
 
Embora também existam denúncias da participação de servidores de Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e Araruama, essas prefeituras preferiram manter o silêncio e ignorar as solicitações da Folha a respeito da identificação e punição aos possíveis envolvidos nos atos de vandalismo
 
Segundo investigações, já foi constatada a existência de vários ônibus fretados com saída das cidades da região com destino à Brasília, e que esses bolsonaristas radicais tiveram transporte gratuito até a Capital Federal, financiados por empresários e políticos locais.
 
FIM DOS ACAMPAMENTOS E PREVENÇÃO A NOVOS ATAQUES
 
Na segunda-feira (9), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ordenou a “desocupação e dissolução total”, em até 24 horas, de acampamentos bolsonaristas montados em áreas militares de todo o país. Tanto a Marinha do Brasil como a Polícia Militar informaram à Folha que os bolonistas que estavam acampados em frente ao BPRV de São Pedro da Aldeia foram retirados imediatamente após a determinação do STF.
 
O Ministério Público Federal revelou que desde domingo (8) vem trabalhando para desmobilizar o acampamento instalado na frente das instalações do Palácio Duque de Caxias e para prevenir ataques golpistas em pontos estratégicos da região metropolitana do estado.
 
"O país assistiu a atos golpistas, com métodos terroristas, de depredação do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. Os criminosos atentaram contra o Estado Democrático de Direito e manifestaram total desprezo pelas instituições da República", alertou o procurador da República Julio José Araujo Junior.
 
O procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos emitiu nota pública em repúdio aos atos de vandalismo afirmando que atuará de forma intransigente, nos limites de suas atribuições, contra qualquer ataque violento à ordem constitucional, promovendo a exemplar responsabilização dos envolvidos.
 
Informou, ainda, que já se reuniu com o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, e as chefias dos poderes Legislativo e Judiciário do Estado, além de outras autoridades estaduais, para evitar que atos terroristas também aconteçam no Rio de Janeiro. Revelou, também, que já foi criado um grupo de trabalho para troca de informações de inteligência sobre manifestações ou movimentações de grupos com pautas antidemocráticas. 
 
"O MPRJ está mobilizado para acompanhar toda a movimentação dos manifestantes e dará todo o suporte para as Promotorias de Justiça poderem atuar na defesa do Estado Democrático de Direito e das instituições", pontuou Luciano Mattos.

EX-CANDIDATO A DEPUTADO POR CABO FRIO SE MANIFESTA A FAVOR DO TERRORISMO
 
Enquanto o Supremo Tribunal Federal, e os Ministérios Públicos Estadual e Federal anunciam combate a novos atos terroristas de bolsonaristas radicais, um empresário e ex-candidato a deputado por Cabo Frio resolveu usar as redes sociais para aplaudir o vandalismo. Froilan Moraes é fundador do Cabofolia (atualmente administrado por outra empresa), concorreu a deputado estadual em 2010 (Democratas) e a deputado federal em 2022 (PSDB), não tendo sido eleito em nenhuma das ocasiões. 
 
No Facebook, Froilan disse sentir “gratidão e esperança” ao ver os movimentos e as notícias sobre os acontecimentos do último domingo (8), em Brasília. “Quero frisar isso pois essas pessoas nos dão orgulho de sermos brasileiros (...) Não teve nada de errado nesses acontecimentos. Tudo foi positivo!”, avaliou durante uma postagem feita na tarde desta terça-feira (10). O empresário também negou que os manifestantes tivessem destruído prédios públicos, móveis e obras de arte tombados por patrimônios históricos, mesmo com as imagens do vandalismo sendo divulgadas pelos próprios manifestantes.
 
A postagem de Froilan dividiu opiniões. Houve quem apoiasse a declaração, mas a maioria dos comentários foi contrária à declaração.
 
- Não são patriotas, não são de direta e nem conservadores; são criminosos, pois premeditaram e executaram um ato terrorista, com aval do líder (covarde). Todos os que apoiam são coniventes direta ou indiretamente. Obras de arte, peças históricas e documentos pertencentes ao povo brasileiro, tudo destruído. Meu total repúdio ao ato terrorista e ao seu infeliz comentário - escreveu José Luiz Silva.
 
Quem também deixou um comentário crítico foi o ator e ex-secretário de Cultura de Cabo Frio, José Facury Heluy: “Como é que pode vocês viverem em uma realidade paralela totalmente dissociada do que é lícito, constitucional e penal” - questionou.
 
Também teve quem sugerisse que a postagem fosse denunciada aos canais [email protected], [email protected] e [email protected] por apologia ao golpe.