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Cultura

Livro retrata luta quilombola e conflitos fundiários na Fazenda Campos Novos

"Revolta do Cachimbo - a luta pela terra no Quilombo da Caveira", de Gessiane Nazario, terá data de lançamento divulgada em breve

11 novembro 2022 - 08h13Por Redação
Livro retrata luta quilombola e conflitos fundiários na Fazenda Campos Novos

Um evento aparentemente prosaico – a proibição do ato de fumar cachimbo aos trabalhadores rurais da região da Fazenda Campos Novos, na década de 1950, pelo então proprietário, o italiano Antonio Paterno Castelo, o Marquês – desencadeou um dos maiores atos de resistência da história da Região dos Lagos. O episódio batiza o livro “Revolta do Cachimbo — a luta pela terra no Quilombo da Caveira”, da professora e escritora Gessiane Nazario. Os primeiros exemplares já começaram a chegar às mãos dos leitores que adquiriram a obra na pré-venda realizada pela Sophia. O livro pode ser adquirido no site da editora. A data oficial de lançamento será divulgada em breve.

BASEADO EM TESE DE DOUTORADO

Isoladamente, os acontecimentos que resultaram na rebelião dos quilombolas da Caveira denotaram a opressão pela qual sofriam, apenas pelo direito de existir por meio das suas tradições e cultura, mas, de modo geral, acenam para uma questão maior, que permeia toda obra: os conflitos fundiários. 

Baseada na tese de doutorado de Gessiane, a obra faz uma ampla contextualização histórica da questão agrária e joga luz a passagens pouco contadas pela historiografia oficial.

A autora traça um cenário completo, do ponto de vista econômico e social de um período de mais de 60 anos, desde a compra de Campos Novos pelo industrial Eugênio Honold até as consequências da Constituição Federal de 1988, já dentro do contexto de ressignificação da luta quilombola, em termos de busca por direitos da população negra descendente de escravizados. 

MOVIMENTOS SOCIAIS

O processo de articulação sindical e dos movimentos sociais, à medida que os latifundiários avançavam na posse da terra, apoiados pela máquina estatal de repressão durante a ditadura, também é descrito pela autora de forma minuciosa, também graças aos inúmeros depoimentos de moradores de Botafogo-Caveira que vivenciaram intensamente o momento retratado na obra. 

Nessa questão em particular, reside o que talvez seja o maior mérito da obra, talhada por depoimentos profundos de quem sofreu na pele a perseguição empreendida pela indústria da grilagem de terras, agressão intensificada pela deliberada tentativa de silenciamento da história dos movimentos de resistência; amarras as quais a autora contribui para romper nas páginas de seu livro.