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Coluna

Refém da liberdade

12 março 2021 - 21h08

Tenho palavras e elas me compõem a cada novo instante. Sou refém das suas intenções, condução e do que provocam em mim. As tenho por missão, por certeza de que há muito a ser dito. Torno-me canal. Tenho palavras e elas me libertam a cada novo dia. Sou refém das rimas, das expressões, sorrisos e lágrimas que transbordam de mim. Tenho palavras e as ouço no silêncio de cada segundo, cada expiração... No pulsar da minha própria vida, no atuar descortinado, projetado para coexistir. Voz que silencia; Grito que emudece; Lucidez que versa a história, que guarda memórias por tempo incalculado. Tenho palavras e as admiro por representarem quem sou, pela permissão generosa, escolha que me acolhe e resgata, preservando o que de melhor há, extra ótica pessoal, extra passos estagnados. Torno-me refém do  pulsar perseverante que reverbera meus sussurros e produzem vida

. Tenho palavras e elas ecoam minha voz. São a fusão contínua, generosa, da vida que em mim produz, desnudando o eu que já não há. Tenho palavras e as admiro por tamanha força ao desconstruir quem fui quando silenciei; Pela quebra da resistência que havia, por desconhecer o porvir. Derrubaram barreiras que um dia construí. Tenho palavras e elas me abraçam em diálogo feito cantiga de ninar. Em seu embalo, recomeço, reescrevo os diálogos que ouvimos. Só as palavras e eu. Indagações do coração, reflexões da mente. Torno-me refém do real, da vida em minha vida, do que há de concreto. Perspectivas da ótica extra olhar. Do ser dentro do meu ser, das palavras vivas em mim. Fusão do propósito que motiva minhas mãos bailarem uma vez mais. O ballet das entrelinhas, das rimas, das vírgulas e pensamentos. Dos gritos e clausuras, das certezas que ainda adormecem na contínua madrugada dos poetas.

Tenho palavras, e elas permeiam páginas despidas de essência. Tais palavras são a própria essência, anfitriã dos sentimentos meus. Recepcionam vida, anseio de contemplar sorrisos, cura, paz, muito amor. Reciprocidade. Torno-me refém do amanhã, onde o perfeito acontece, onde volta o sol,  onde o longe está ao alcance dos olhos, nenhum girassol morre por falta de energia... Onde há vida, por haver palavras. As tenho por permissão, por cumplicidade, por total fusão e bem querer mútuo. Tenho palavras e as compartilho, por entender que a fonte necessita de constante movimento; Anseia partilha, e resiste, atendendo o clamor da alma. Compreende que pra tal atuação, não precisa de argumento. Torno-me refém da expressão, tendo por condução, vital sobrevivência. Tenho palavras. Ecoo voz. Ao expressar tais sentimentos, torno-me refém da Liberdade.