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Coluna

Por que as empresas quebram?

21 maio 2021 - 12h28

Atribui-se a um dos sócios da empresa britânica White Star Line, proprietária do navio Titanic, a frase: “Nem mesmo Deus afunda esse navio”. A história conta e todos nós sabemos o que aconteceu, naufragou. Aliás, o nome Titanic foi dado em louvor a “Titã”, deus na mitologia grega, tido como um gigante imbatível, assim como também o navio era considerado insubmergível. Este introito nos conduz a outra questão, que resumo numa frase: “não existe empresa pequena que não possa crescer, nem empresa grande que não possa quebrar”. Efetivamente, algumas empresas se apresentam tão sólidas, tão poderosas, que fica difícil imaginar vê-las quebrarem. Esse assunto é fascinante e instiga-nos a buscar explicação para as causas que têm levado muitas empresas ao desaparecimento, algumas com mais de um século de existência. Nos estudos mercadológicos aprendemos que as empresas estão sujeitas a ação de determinadas variáveis incontroláveis (eventos que interferem em seu desempenho e que não dependem da vontade dos seus gestores). Assim, por exemplo, o clima, a política, a conjuntura econômica, uma pandemia, etc., podem gerar problemas estruturais para as quais a empresa nada pode fazer.  Um exemplo, num passado recente, foi o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, quando muitas empresas que funcionavam no World Trade Center, literalmente desapareceram. Foi um evento político, que não possibilitou qualquer estratégia de defesa. Situação como catástrofes ambientais, como o rompimento da barragem de Mariana –MG., inundações, terremotos, entre outros, têm levado muitas empresas a quebrarem.

Mas, o que dizer das empresas realmente grandes. Aquelas que pertencem a grupos com ramificações em todo o mundo, que podem suportar eventos cíclicos ou políticos? Neste caso, podemos apontar como causa, falhas de gestão, falcatruas, como no caso das italianas Parmalat e Círio. Estas duas empresas foram afetadas por atos desonestos de seus dirigentes que desviaram bilhões de euros. Outra causa de desmantelamento de empresas é a manipulação de balanços para disfarçar resultados, como aconteceu com a Enron, gigante americana do ramo de eletricidade, o que as tornam frágeis. Um caso interessante foi o que aconteceu com a Kodak, que durante décadas dominou o mercado de filmes fotográficos em todo o mundo. Em 1975 seus engenheiros de projetos tinham desenvolvido uma máquina fotográfica digital, que não utilizava filmes. Sua direção superior optou por não levar o projeto à frente pois iria prejudicar a venda do seu principal produto, películas fotográficas. O que aconteceu, a concorrente Canon entrou neste nicho de mercado e a Kodak acabou quebrando no segmento que mais a projetava.

Na atualidade temos a pandemia do Corona Virus criando situações que têm levado muitas empresas a fecharem suas portas, principalmente pequenas e médias.

Entretanto, o que mais nos choca e o desaparecimento de empresas por falta de sucessão. A empresa começa pequena, cresce, progride, se expande, torna-se uma potência no mercado e quando seus fundadores ou sucessores imediatos morrem, interrompendo a cadeia sucessória, a empresa simplesmente desaparece. Foi assim com o poderoso grupo paulista Matarazzo, atuando por muitas décadas em diversos segmentos, por falta de direção, acabou desaparecendo.
Na contramão dessa tendência é digna de ser citado o exemplo que vem da empresa alemã “Robert Bosch”, a segunda maior fabricante de autopeças do mundo. Antes de morrer, na década de 40, seu fundador determinou em testamento que sua empresa não seria herdada por nenhum parente. E mais, a companhia passaria a ser controlada por uma fundação, que destinaria anualmente uma parte dos dividendos para áreas sociais. Desde 1964 a Fundação Robert Bosch detém 92% do capital e seus familiares herdeiros minoritariamente os 8% restantes.  

Termino com uma citação atribuída a Larry Page, um dos fundadores do Google: “Muitas empresas não têm sucesso após um tempo. O que elas fundamentalmente fazem de errado? Negligenciam o futuro!”.