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Coluna

Personagens da vida real

06 novembro 2020 - 09h24

Era manhã, e o sol despontava à montanha, enquanto a cidade adormecida, sonhava. Era um bom dia afirmando o anseio do instante, que se perpetuasse às horas vindouras. 

Tininha sorria com toda a face, olhar expressivo de quem aguardava o café. A noite havia sido tranquila, e o anseio de compartilhar as histórias de outrora, era gigantesco. Exercício de se perceber, mantendo a mente cansada, ativa, no clamor matinal por vida. Essa mania que a alma tem de se apegar a estruturas reconstruídas; Ausência das filhas, perdas, brincadeiras cotidianas... Ora preocupação, ora sigamos todos. Tinha que ser a Tininha. Em ano de pandemia voltou a sonhar, sentiu-se amada. 

Até aceitou abraço! Olhos azulados, pele clara, cabelos branquinhos. Carinhosamente acolhida em corações sinceros, por ovelhinha. Não há nada que a defina melhor. Ovelhinha que silencia a dor sentida, essencialmente ser que clama o desconforto, mas como tantos, simplesmente segue. 

Do amanhecer ao entardecer faz sorrir os que estão ao seu redor. Reclama do vento como ninguém, mas aprecia um cafezinho. Varre as folhas secas caídas ao chão, reclamando as pitangas da época. Até adotou um neto, e aprendeu a sorrir com a boa ideia. Neto do coração. Ensina, mas se permite aprender. Fala, e como fala, mas sabe ouvir como ninguém. 

Ser precioso dos dias cabofrienses, com registro carioca, lembranças da Serra e memória impecável. Como alguém que alimenta sorrisos a cada manhã, pode guardar por 76 anos a ausência de uma festa de aniversário? Quem a ama não pensou duas vezes ao escutar, e carinhosamente cantou a singela canção memorável, repetida, parodiada, parabéns para você. O esperado 7.7 foi assim. Com sorrisos, balões, salgados, bolo, parabéns, e histórias para contar. 

Olhando seus cabelos brancos, seu sorriso, suas emoções externadas, nos resta silenciar à virtude do tempo, da imersão, da troca, da paz de amanhecer cada dia exalando o privilégio de seguir vivendo.