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Coluna

Pensando com o bolso

Não há como pensar numa efetiva melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores se não considerarmos como urgente e necessário o incremento salarial. 

05 junho 2015 - 15h30

Não há como pensar numa efetiva melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores se não considerarmos como urgente e necessário o incremento salarial. Infelizmente, aferimos o grau de desenvolvimento por meio da mão-de-obra ocupada, via de regra, com carteira assinada, desconsiderando muitas vezes que ampliar o número de empregados que trabalham muito e ganham pouco, não resolve o problema das pessoas.

A grande verdade é que as pessoas precisam ganhar mais. Ao contrário do que pensa o senso comum, o brasileiro, em média, trabalha muito e ganha pouco. Isso sem considerarmos que também trabalha em más condições e sem muitos dos seus direitos plenamente respeitados. É comum os patrões confundirem o fato de empregarem pessoas como se estivessem prestando um favor ao fazê-lo.

Se estudarmos um pouquinho o que vem sendo pensado na contracorrente do capitalismo, desde o século XIX, veremos que isso é uma grande mentira. Não pode ser considerado favor um ato que tem como objetivo a geração do lucro que, por sua vez, jamais pode ser obtido se as relações de produção não forem assimétricas e baseadas na exploração, já que o fator tempo não é plenamente remunerado nessas relações, o que faz com que tudo que seja produzido no tempo que não é remunerado (já que o pagamento pela jornada é fixado pelo patrão) fique a disposição do patrão.

Como se não bastasse a própria natureza contraditória desse sistema, a classe trabalhadora, em especial, a classe média, ainda sofre com o achaque governamental por meio do imposto de renda. Claro que pela tradição das ciências econômicas e sociais, renda pode ser considerada também como a remuneração dos fatores de produção e isso inclui o que ganhamos em nosso trabalho. Acontece que essa mesma relação de trabalho a qual somos diariamente submetidos, é por si só exploratória e não nos permite nos apropriarmos de uma fração da riqueza que seja equilibrada e que garanta não apenas a sobrevivência, mas a possibilidade de transcendê-la e incrementar nossa vida através do consumo de bens ou dar a ela maior conforto e previsibilidade por meio de investimentos.

 Não é assim que a banda toca. Não ganhamos pelo que trabalhamos. Trabalhamos em condições adversas. Somos explorados e não recebemos dos caríssimos governos nada além de uma precária estrutura social e um monte de escândalos de corrupção. Tudo isso regiamente remunerado por nós através dos impostos relacionados ao consumo e ao que o governo teimosa e oportunamente chama de renda.

Assim tem ficado difícil acreditar no trabalho, nos patrões e nos governos.