sexta, 11 de julho de 2025
sexta, 11 de julho de 2025
Cabo Frio
18°C
Coluna

As mesmas sensações

19 agosto 2021 - 16h35

Há uma ladeira íngreme nas Minas Gerais. Uma somente não, mas várias. Afirmo que há peculiar ladeira íngreme em solo mineiro, dessas que avivam as lembranças. Tal arquitetura natural faz a extremidade parecer gangorra. Talvez, por isso, me arranque sorrisos. Há flores por lá. Costumava caminhar por horas apreciando as montanhas, ouvindo o trem ao longe e sentindo as fragrâncias diversificadas das roseiras que avistava pelo caminho. 

Ruas calçadas, prédios tombados pelo patrimônio. À primeira vista pareceu antigo, mas o amor fez gerar intensa admiração. Portas abertas, logo se avistava as ruas. Alguns jardins, uma catedral à direita e ao centro, o coreto.

Aos sábados a banda tocava. Algumas orquestras nos visitavam. Corais de crianças e adultos também. Muitas vozes, diálogos que minh’alma reconhece em meio ao silêncio dos dias atuais. Transitoriedade do tempo e suas infindas ramificações. 
Território de um céu azul, mas que fazia trovejar, contradizendo a serenidade dos instantes. Aquela saudade boa e repentina, que fazia tal porto seguro parecer tão distante.

Muito verde por lá. Montanhas e uma gruta. O acesso era de chão avermelhado. Chegar lá era verdadeira aventura. Havia uma estrada , ainda há. Acesso a um território vizinho. Recordo as jabuticabeiras e ficava ali. Uma delas prometeu guardar meus segredos. O fez com excelência. Não ecoaram fora das paredes do meu coração. Incontáveis e saborosos frutos.

Costumava degustá-los à beira de um riacho que ficava depois do campo aberto. Era um refúgio especial. De camarote, à beira do riacho, avistava o outro lado. Muitos cavalos corriam nas montanhas e tal cena se repete todas as noites em meus instantes comigo mesma. É bom saber que podemos estar onde nos leva a imaginação. Quando esta nos conduz a vivências de outrora, fica perfeito. 

Há vida dentro da nossa vida. Reviver é escolha. Ter as mesmas sensações, é privilégio. 

E você, querido leitor, quais são suas boas lembranças? Qual é o seu lugar de refúgio? Tomara que você possa voltar lá algum dia. Desfrutar da sua boa companhia e celebrar este sopro que a humanidade insiste em chamar de vida.

Bom dia, Região dos Lagos. 

Afetuoso abraço!