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Histórico

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está eleito Presidente da República

Com 98,86% das seções totalizadas, Lula obteve 50,83 % dos votos

30 outubro 2022 - 19h59Por Com informações da Agência Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está eleito Presidente da República

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está eleito presidente da República .Com 98,86% das seções totalizadas. Lula obteve 50,83 % dos votos,  vencendo Jair Bolsonaro (PL), que teve 49,17%.  A vitória de Lula vem após umas das mais acirradas eleições presidenciais da história do Brasil, na qual o petista conseguiu aglutinar, além dos antigos correligionários, o apoio de adversários de outrora, como o próprio vice, Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a senadora Simone Tebet, o senador José Serra, o governador do Pará, Helder Barbalho, e os economistas Armínio Fraga, Pérsio Arida, Pedro Malan e Edmar Bacha. 

Na manhã deste domingo de eleição, após votar na Escola Estadual Firmino Correia de Araújo, em São Bernardo do Campo (SP), Lula afirmou que o eleitor levaria em conta um projeto que possa "resgatar as pessoas que estão com fome no país". 

“Estou convencido que o povo brasileiro vai votar no projeto em que a democracia seja vencedora. Em um projeto que a participação popular na definição das políticas públicas seja vencedor. Em um projeto que a gente possa resgatar as pessoas que estão com fome nesse país, que estão na rua, que estão pedindo esmola. A gente precisa resgatar e inseri-los em uma sociedade civilizada em que as pessoas possam tomar café, jantar, trabalhar, ter um salário, acesso à cultura, ao lazer. Ou seja, as pessoas viverem com cidadania, com toda a decência”, acrescentou.

Lula disse ainda que pretende fortalecer as relações multilaterais com os países da América do Sul. “A gente vai reconstruir o Mercosul [Mercado Comum do Sul], a Unasul [União de Nações Sul-Americanas], porque é muito importante essa instituição multilateral entre os países para troca de ideia do campo do comércio, da política, da cultura, do social. É muito importante que a gente aprenda uma lição: juntos nós somos muito fortes”, enfatizou.

Lula disse que fará, nos próximos dois meses, viagens não só aos países sul-americanos, mas também à China, à União Europeia e aos Estados Unidos. “Eu quero fazer uma viagem aos Estados Unidos para que a gente mostre que por mais divergências que a gente tenha, temos que entender a importância política dos Estados Unidos no mundo, sobretudo econômica”, destacou.

A valorização dos servidores públicos é outro ponto que o ex-presidente prometeu dar atenção. “Como você pode querer que os profissionais trabalhem dedicados, com muita amor, se estão há sete anos sem receber reajuste de salário”, questionou. Para ele, é preciso fazer uma recuperação gradual dos rendimentos das carreiras do Estado. “Uma remuneração justa de acordo com a excelência do trabalho que eles fazem”, defendeu.

A trajetória de Lula - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem uma longa trajetória na política brasileira, que começou ainda no início da década de 1970. Na época, o país vivia ainda sob ditadura militar e Lula era diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, um dos principais centros industriais do país.

Em 1975, Lula é eleito presidente do sindicato, que representava 100 mil trabalhadores. Três anos depois, em 1978, após ser reeleito presidente da entidade, Lula lidera as primeiras greves operárias em mais de uma década. Naquele momento, o país vivia um processo de abertura política lenta e gradual. Em março de 1979, mais de 170 mil metalúrgicos pararam as fábricas no ABC Paulista. No ano seguinte, cerca de 200 mil metalúrgicos cruzaram os braços. A repressão policial ao movimento grevista, que chegou a levar Lula à prisão, fez emergir a liderança popular de Lula, que criaria o Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980. Alguns anos depois, ele fundaria também a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Em 1984, Lula foi uma das principais lideranças da campanha das Diretas Já para a Presidência da República. Em 1986, foi eleito o deputado federal mais votado do país, para a Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição Federal de 1988.

Liderança nacional consolidada, Lula foi lançado pelo PT para disputar a Presidência da República em 1989, após 29 anos sem eleição direta para o cargo. Perdeu a disputa, no segundo turno, para Fernando Collor de Mello, por pequena diferença de votos. Dois anos depois, no entanto, Lula liderou uma mobilização nacional contra a corrupção que culminou no impeachment de Collor. Em 1994 e 1998, Lula voltou a ser candidato a presidente, sendo derrotado por Fernando Henrique Cardoso nas duas ocasiões.

Em 2002, por meio de uma inédita aliança política até então, o PT aprovou uma coligação política que incluía PL, PCdoB, PCB e PMN, lançando Lula novamente a presidente, tendo como vice-presidente na chapa o senador José Alencar (PL), de Minas Gerais, um dos maiores empresários do país.

Em 27 de outubro de 2002, em segundo turno, aos 57 anos de idade, Lula obtém quase 53 milhões de votos e se elege pela primeira vez presidente da República. Seu mandato foi marcado pela ampliação de programas sociais e expansão nas áreas de educação e saúde, além de uma política de valorização do salário mínimo. Uma das principais marcas do seu governo foi a redução da miséria no país. Em 2006, Lula e José Alencar são reeleitos e terminam o mandato, em 2010, com a maior aprovação de um governo da história do país, superior a 80%.

Essa popularidade impulsionou a eleição de Dilma Rousseff (PT), que era a principal ministra de Lula, e foi eleita a primeira mulher presidente da história do país.

Lava Jato e prisão - Em 2014, após a deflagração da Operação Lava Jato, que apurava corrupção na Petrobras, a crise política escalou para um patamar inédito na democracia brasileira. Reeleita no mesmo ano, a presidente Dilma e seu governo acabaram consumidos pelo desgaste das denúncias, perdeu apoio no Congresso e acabou sofrendo um impeachment, em 2016. O afastamento de Dilma é controverso, já que não teria ficado demonstrada a prática de crime de responsabilidade, como exige a Constituição Federal.

Lula passou a ser alvo de processos por suposta corrupção e foi condenado pelo então juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde tramitavam os processos da operação. Após ser condenado no processo do triplex do Guarujá, o ex-presidente foi preso no dia 7 de abril de 2018, dois dias depois da expedição da ordem de prisão contra ele. A sentença do magistrado havia sido confirmada, e a pena fora aumentada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre. Na época, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia alterado o entendimento de que condenados em segunda instância poderiam iniciar o cumprimento da pena.

Lula ficou 580 dias preso e foi proibido pela Justiça de disputar as eleições presidenciais de 2018, vencidas por Jair Bolsonaro. O ex-presidente foi solto em novembro de 2019, após o STF rever a tese de cumprimento a partir de condenação em segunda instância, passando a considerar a possibilidade apenas com o trânsito em julgado do processo.

Em 2021, julgamentos do STF consideraram que o então juiz Sergio Moro foi parcial no julgamento de Lula, e foi declarada a suspeição do magistrado, no caso do triplex, que foi anulado. Além disso, os casos do sítio de Atibaia e de duas ações penais envolvendo o Instituto Lula também foram anuladas porque deveriam ter sido julgadas pela Justiça Federal em Brasília e não em Curitiba, onde Moro atuava como juiz. Na Justiça Federal do Distrito Federal, os casos foram considerados prescritos, que é quando o estado perde o prazo para buscar uma condenação.

Terceiro mandato - Sem pendências com a Justiça, Lula voltou com força à cena política na corrida pelo terceiro mandato de presidente. Durante a campanha, ele buscou ressaltar o legado das suas gestões anteriores e prometeu retomar algumas de suas políticas consideradas bem-sucedidas, como aumento real do salário mínimo acima da inflação.

Lula também afirmou que vai garantir o pagamento do Auxilio Brasil (ex-Bolsa Família) no valor de R$ 600 por família, com pagamento extra de R$ 150 por criança até 6 anos de idade.

Ele também promete ampliar o programa Minha Casa Minha Vida, de habitação popular, que foi substituído pelo programa Casa Verde Amarela no atual governo.

Outras propostas incluem a recriação do Ministério da Cultura e a criação do Ministério dos Povos Originários, para cuidar das questões indígenas e das populações tradicionais.