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Profissionais de enfermagem denunciam cooperativas por descumprimento de leis trabalhistas

Folha recebeu relatos de profissionais de várias cidades da Região dos Lagos

19 março 2024 - 09h31Por Redação
Profissionais de enfermagem denunciam cooperativas por descumprimento de leis trabalhistas

Profissionais de saúde da Região dos Lagos que trabalham com serviço de home care denunciaram à Folha dos Lagos que as cooperativas de saúde para quem trabalham estão descumprindo várias regras das leis trabalhistas. Uma das denúncias veio de uma profissional moradora de Iguaba Grande. 

– São vários os casos de colegas que trabalham em home care e recebem muito abaixo do piso da enfermagem, de empresas que atrasam o pagamento, empresas que simplesmente não pagam depois que o paciente vem a óbito, empresas que descontam INSS mas nunca pagaram, entre outras atrocidades que a enfermagem enfrenta - contou a profissional que pediu para não ser identificada.

Segundo ela, a situação envolve várias cooperativas da região. Como são muitos os casos, um grupo de mensagens acabou sendo criado. Nele, os profissionais de saúde relatam suas experiências. A Folha teve acesso a algumas dessas conversas. Numa delas uma enfermeira revela que algumas empresas estão exigindo que a profissional trabalhe por 60 dias antes de começar a receber o pagamento, “e ainda assim atrasam”.

– Eles alegam que isso é como se fosse um seguro, porque quando você sair da cooperativa, recebe mais um mês. Mas eu nunca recebi. Por isso não pego mais plantão com 60 dias para pagar - escreveu a profissional. Outra enfermeira revelou que essa prática é comum na maioria das cooperativas de saúde, e completou: “infelizmente, quem não quer essa vida, tem que estudar e passar em concurso”.

Uma outra enfermeira contou que recentemente foi contratada por uma cooperativa, e que o primeiro pagamento foi feito após 60 dias. Na mensagem ela também revela que o paciente ficou 20 dias no CTI, e que nesse período a empresa mandou mensagem dizendo que só iria pagar os dias trabalhados, mesmo ela tendo que ficar de sobreaviso para o caso do paciente retornar para casa.

Outra contou que trabalhou para uma cooperativa e até recebia o pagamento antes dos 60 dias. Mas a situação mudou quando o paciente faleceu.

–  Aí começaram com uma história de que as contas foram bloqueadas, de que outra pessoa recebeu no meu lugar. Eu só consegui receber depois porque estava fazendo outro plantão para uma paciente dessa mesma empresa, mas quando essa paciente também faleceu, fiquei sem pagamento. Já reclamei várias vezes e ninguém responde. É triste porque você começa a desanimar. O valor já não é legal, a empresa não paga. Sinceramente, estou pensando em não pegar mais plantão nenhum. Acredito que trabalhar em qualquer empresa fora da área de saúde vai ser muito melhor. É um curso caro, a gente entra com a expectativa de fazer o nosso melhor, e no final das contas não é isso que acontece porque a gente trabalha mas não recebe - contou.

Uma enfermeira que trabalhou por 10 meses para uma das empresas denunciadas contou que sempre teve o INSS descontado do salário, mas quando ficou grávida foi dispensada e não teve direito a nenhum benefício. “Fiz muitos plantões seguidos, quanto mais plantões mais alto é o valor do INSS. Teve mês que me descontaram R$ 300, e quando fiquei grávida e precisei do benefício, descobri que estavam descontando, mas nunca pagaram”.

Outra situação relatada no grupo é que devido aos vários problemas na Justiça, muitas das empresas acabam mudando de nome e de endereço. Durante semanas a Folha tentou contato com elas, mas nunca houve retorno.