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Professor da UFF afirma que evento polêmico em Rio das Ostras foi “performance para chocar”

Ele declarou "apoio total aos organizadores" do "Xereca Satânik"

02 junho 2014 - 17h49
Professor da UFF afirma que evento polêmico em Rio das Ostras foi “performance para chocar”

Após muita polêmica em torno de um evento intitulado “Xereca Satânik”, realizado na última quarta-feira no campus da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Rio das Ostras, o professor responsável pelo Departamento de Artes e Estudos Culturais, Daniel Caetano, se pronunciou pelo Facebook. No comunicado, ele disse que o evento foi uma “performance para chocar” e garantiu “apoio total aos organizadores”. Nesta segunda-feira (2) estudantes anunciaram na rede social que uma nova edição do evento será feita na próxima quarta (4).

“Gente, preciso falar sério sobre um assunto que anda correndo as redes sociais - o tal evento "Xereca Satânica" ocorrido no Puro, em Rio das Ostras, promovido por alunos do curso de Produção Cultural dentro da programação de uma disciplina cujo tema era ‘Corpo e resistência’. (...) Após um dia de apresentação de seminários e muitas discussões (testemunhei isso, vi a sala lotada), os alunos promoveram uma performance, realizada por um coletivo que se dispôs a vir de MG apenas para isso. É um coletivo que está habituado a fazer performances como a que aconteceu, feitas para chocar a sensibilidade das pessoas e fazê-las pensar sobre seus próprios limites (infelizmente não pude estar presente)”, iniciava o texto, continuando:

“Infelizmente, há pessoas que acreditam que o mundo deve ser moldado à sua imagem e semelhança, sem permitir qualquer espécie de desvio do padrão ou mesmo qualquer espécie de afronta à sua sensibilidade confortável, conformista e preguiçosa. A costura de partes do corpo, inclusive da região genital, não é novidade para qualquer pessoa que tenha lido mais de um parágrafo sobre arte contemporânea posterior aos anos 1970. Sugiro a quem quiser saber mais sobre o assunto que pesquise os trabalhos de pessoas como Marina Abramovic e Lydia Lunch. A performance tinha como um dos objetivos denunciar a constante violência contra mulheres na cidade de Rio das Ostras, onde as ocorrências de estupros estão entre as maiores do país. O caso é que foram feitas e divulgadas fotos do evento - o que deu a ele uma dimensão política e social que vai muito além dos muros do Pólo, tornando-se tema de blogs sensacionalistas e da imprensa marrom. Estando atualmente na função de chefe do departamento em que esse evento foi promovido, afirmo para quem for necessário que damos apoio total aos promotores do evento, realizado dentro de uma perspectiva acadêmica, a partir de discussões ocorridas nas aulas de uma disciplina. É coisa séria e deve ser respeitada”, afirmou o professor.

Nesta segunda-feira a Polícia Federal anunciou que faria uma diligência no campus com a presença de peritos. A PF disse ainda que deve intimar funcionários do campus a prestarem depoimento. A festa gerou muita polêmica porque o convite no Facebook falava na realização de “orgia, drogas e ritual satânico”. Durante a festa, a genitália de uma mulher teria sido costurada. Um crânio humano também foi usado.

“E, finalmente, embora não tenham sido feitos "rituais satânicos" e o título do evento fosse essencialmente provocativo (ao contrário do que o jornalismo marrom afirmou), precisamos dizer que não haverá de nossa parte qualquer censura a atos do gênero. A universidade pública é LAICA, como todo o estado brasileiro. Todos os representantes públicos devem defender o laicismo - caso contrário, cometem o crime de prevaricação. A laicidade assegura a qualquer manifestação religiosa o mesmo grau de respeitabilidade: sejam missas católicas, evangélicas, judaicas, budistas ou satânicas”, disse ainda o texto do professor Daniel Caetano.