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Infestação de escorpião amarelo chega a Iguaba Grande

Araruama também já registra surgimento do animal peçonhento

20 março 2024 - 09h05Por Redação

O surgimento de escorpiões amarelos está deixando moradores das cidades da Região dos Lagos em alerta. É que, depois de Búzios, o animal também começou a ser visto e capturado em outras duas cidades. Em Araruama o surgimento do escorpião amarelo não é novidade: nas redes sociais existem alertas de moradores do bairro Bananeiras desde 2019. Mas nos últimos meses os relatos aumentaram. Um dos mais recentes foi em uma residência no Mutirão, onde um morador teria encontrado um escorpião amarelo morto dentro da piscina.

Em Iguaba Grande a maioria dos registros é no loteamento Campo e Mar, no bairro Capivara. Somente nos últimos 20 dias, um dos moradores (Sérgio Lopes) contou ter capturado mais de 40 animais, entre adultos e filhotes, tanto no quintal como dentro de casa: oito deles só na quarta-feira( 13). No mesmo loteamento, o escorpião amarelo foi capturado em outras quatro residências. Os adultos mediam cerca de cinco centímetros, enquanto os filhotes pequenos tinham pouco menos de um centímetro.

A equipe de vigilância ambiental foi acionada e, em visita, constatou se tratar do escorpião amarelo. Em conversa com a Folha, um dos agentes revelou que o trabalho de prevenção feito pelo setor consiste apenas em fazer visitas noturnas nos locais onde há registro de surgimento do animal. Informou ainda que, na ação, os agentes utilizam uma lanterna de luz negra que torna a carcaça do escorpião fluorescente, permitindo que ele seja visto de uma distância de até cinco metros. A esposa de Sérgio, no entanto, não quer mais ficar na casa.

– Construímos nossa casa e nos mudamos há pouco tempo, mas depois que encontramos escorpiões, inclusive na parede do nosso quarto, a mulher não quer mais ficar aqui. Tive que colocar a casa para venda - contou Sérgio Lopes, que acredita que o ninho está em um terreno baldio que fica ao lado da casa dele. Segundo ele, após uma primeira visita a equipe de vigilância de Iguaba Grande ficou de retornar à noite para procurar ninhos, “mas não apareceu ninguém por aqui”.

No dia da primeira visita ao loteamento, o agente da Prefeitura de Iguaba informou que não é recomendado usar nenhum tipo de veneno para matar ou espantar o escorpião porque o cheiro vai fazer com que o animal se esconda.

– O escorpião pode sobreviver escondido e sem comida por um período de seis meses a um ano. Mas quando deixa a toca, sai mais agressivo, e é aí que começam os registros de muitos ataques. Também não é recomendado matar o animal porque precisamos dele vivo para que possa ser enviado ao Instituto Vital Brazil, onde o soro contra a picada é feito. O ideal é capturá-lo com a ajuda de uma pinça, colocá-lo dentro de um pote de vidro com tampa, e acionar a equipe da vigilância. Outra coisa importante é usar uma luva grossa, que cubra boa parte do braço antes de fazer essa captura, para evitar acidentes - informou o servidor.

Tanto a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) quanto o Instituto Vital Brazil (IVB) confirmam que “a presença de escorpiões tem aumentado consideravelmente nos últimos anos em áreas do Estado do Rio de Janeiro onde antes eram menos frequentes”. As razões para isso, no entanto, ainda estão sendo estudadas. Mas uma das possibilidades, segundo eles, está nas mudanças climáticas.

Segundo a SES-RJ, houve notificação da presença de escorpiões em pelo menos 38 municípios do estado do Rio, mas o que tiveram mais registros foram Petrópolis, Areal, São Francisco de Itabapoana, Paraíba do Sul, Iguaba Grande, Três Rios, Volta Redonda, Mendes, Araruama e Búzios, que chegou a fechar escolas e suspender as aulas para promover uma dedetização. Somente na cidade foram recolhidos mais de 200 animais em apenas um mês.

Ainda de acordo com com o Estado, somente nesses primeiros meses de 2024 houve mais de 100 casos de pessoas picadas por escorpiões em todo o estado. Desse total, 69 dos acidentes foram leves, 17 moderados, 14 ignorados, e apenas 1 caso foi grave. Em todo o ano de 2023 foram 818 casos de picadas de escorpião.

À Folha, o Instituto Vital Brazil disse já ter colaborado no controle destes animais em municípios como Petrópolis, Rio das Flores, São Francisco do Itabapoana, São Gonçalo, Três Rios, Pinheiral, Piraí e Sapucaia. Entre as estratégias desenhadas para lidar com a situação estão o apoio teórico e prático às prefeituras para a identificação, prevenção e controle da proliferação de escorpiões, o que inclui a capacitação dos técnicos municipais de vigilância e agentes de saúde.

O Tityus serrulatus, conhecido popularmente como escorpião-amarelo, é típico do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. De acordo com o Vital Brazil, a grande maioria dos acidentes registrados têm sido com sintomas leves como dor, edema e vermelhidão. No entanto, alertam que alguns casos podem ser mais graves, causando sintomas generalizados como sudorese, náuseas, vômitos, dor abdominal e queda da pressão.

Segundo o órgão, crianças e idosos são os mais vulneráveis, “mas todo acidente com escorpião deve ser avaliado por um médico”. Por isso, a recomendação é buscar imediatamente o hospital de referência mais próximo, onde a equipe médica avaliará o tratamento mais adequado, que pode incluir o uso do soro antiescorpiônico. No caso da Região dos Lagos, a única unidade de referência para tratamento de picada de escorpião é o Hospital Municipal Prefeito Armando da Silva de Carvalho, em São Vicente, distrito de Araruama, onde existe o soro antiescorpiônico.

Para que os acidentes com escorpiões e outros animais peçonhentos não ocorram, o IVB alerta que é preciso a adoção de algumas medidas, entre elas manter jardins e quintais limpos; evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e material de construção nas proximidades das casas; evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbustos, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas; manter a grama aparada; limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas; sacudir roupas e sapatos antes de usá-los (os animais podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo); combater a proliferação de insetos, que servem de alimento para os escorpiões; verificar a presença destes animais em hortifrutigranjeiros; e vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes para impedir o trânsito de aranhas e escorpiões pela residência.