Obcecado por abater narcotraficantes, considerados terroristas pelo governo do Rio, Wilson Witzel dá carta branca para que a PM entre nas comunidades e atire para matar. Só que nesta política, podem morrer criminosos e também podem morrer moradores inocentes. Jovens, homens e mulheres estão morrendo no meio de uma guerra insana. Para o governo, é justificável colocar em risco a vida de milhares de moradores dessas comunidades. Levantamento feito pelo portal de notícias UOL, mostra que só nos 6 primeiros meses deste ano, a PM matou quase 900 pessoas no RJ. Pasmem, é isso mesmo.
O que causa espanto, é que governador considera como alvo, apenas as áreas dominadas pelo tráfico de drogas. Estranhamente, o chefe do executivo fluminense ignora as áreas dominadas pela milícia, que se tornam cada vez maiores, dominando várias partes do território fluminense. Há uma provável relação entre os fatos? Por quê poupar as áreas de milícias? Provavelmente porque a milícia tenha os seus “tentáculos” infiltrados na classe política e nos serviços do Estado. Os criminosos do tráfico, neste sentido, talvez hoje ameacem menos do que os criminosos milicianos, que na ausência do Estado, impõe suas regras a força. Priorizar o combate aos dois tipos de organizações criminosas deveria ser a principal diretriz da política de segurança pública.
Outro ponto a destacar é a forma como o combate aos terroristas do tráfico, como governador costuma se referir, se dá. É uma política acéfala que expõe a vida de inocentes e de policiais, nas favelas cariocas e em outras áreas do interior do estado. Nos governos dos ex-governadores Moreira Franco e Marcelo Alencar, a mesma política de confronto foi instaurada, sem que produzisse os efeitos necessários para diminuir a violência e as práticas criminosas. É como “enxugar gelo”, eliminando-se uma geração do crime, para logo em seguida, uma outra geração surgir. O recrutamento de novos criminosos não cessa. A raiz do problema não é tratada. A ação enérgica das forças de segurança é necessária sim, mas deve ser acompanhada de planejamento e inteligência. Dessa forma poupa-se a vida de trabalhadores e trabalhadoras, além de jovens. A política de segurança não se esgota neste ponto. Deve ser combinada com educação de base e profissional, saúde e geração de emprego e renda.
Ninguém deve aventar a possibilidade de que o problema seja de fácil solução. Se fosse fácil, não estaria sendo debatido hoje. A causa raiz da violência e a criminalidade é a brutal desigualdade social. Entende-la e trata-la também deveria ser a prioridade das prioridades das políticas de governo. Basta olharmos a nossa volta aqui em Cabo Frio, onde as comunidades do bairro Manoel Corrêa, Boca do Mato e Jacaré tem sido alvos constantes de tiroteio, tensão e medo. Sem perspectivas de emprego e renda, os jovens serão presas fáceis das quadrilhas e alvos da polícia. Se o poder público não se conscientizar e tratar adequadamente o problema, teremos um colapso social próximo e isso afetará a vida de todos. A política de segurança genocida do governo Witzel é equivocada e a sociedade civil deveria exigir outros meios de enfrenta-la que não seja a matança generalizada, para que no futuro não sejamos todos reféns da própria sorte.