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Jornalista Moacir Cabral recebe a comenda Teixeira e Sousa

22 março 2024 - 10h12Por Redação
Jornalista Moacir Cabral recebe a comenda Teixeira e Sousa

O jornalista Moacir Cabral recebeu a comenda Teixeira e Sousa em cerimônia realizada no Charitas, em Cabo Frio, nesta quinta-feira (21). A lei que institui a homenagem prevê que os indicados devem ter trajetória profissional relacionada ao patrimônio histórico, artístico e cultural da cidade. São dois agraciados, um indicado pelo poder Executivo e outro pelo Legislativo. Além de Moacir Cabral, este ano João Rezende também recebeu a comenda.

Moacir Cabral, fundador da Folha dos Lagos, nasceu a 30 de outubro de 1954, em São Fidélis, mas cresceu em Campos dos Goytacazes, onde, aos 19 anos, ingressou na Folha do Comércio, jornal diário que era editado pela Associação Comercial e Industrial do município. Depois, passou pelo Monitor Campista (jornal do grupo Diários Associados), A Cidade e A Notícia, pelas rádios Jornal Fluminense, Cultura de Campos e pela então TV Norte Fluminense (atualmente Record). Atuou também na Folha da Manhã, em O Fluminense e foi freelancer do Estado de S. Paulo.  Entre 1983 e 1984, deixou a correspondência de O Fluminense, em Campos, para passar a repórter especial do mesmo jornal, época em que dividiu a jornada de trabalho com mais uma atividade: a redação de O Globo. Mas foi por pouco tempo. Em 1986, aceitou a proposta do jornal para trabalhar na sucursal de Cabo Frio. Permaneceu no cargo até 1989. Neste mesmo ano, Cabral adquiriu do jornalista Ralph Bravo o título do jornal Folha de Cabo Frio, colocando-o nas ruas em novembro, janeiro e fevereiro daquele ano. Em março não houve edição e, em abril, no dia 30, a Folha de Cabo Frio virou Folha dos Lagos

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No dia 30 de abril de 1990, chegava às bancas a primeira edição do jornal Folha dos Lagos. Na capa, um comunicado transmitia aos leitores os objetivos do veículo então recém-nascido: “informar com isenção, perpetuando para sempre o lema de ‘qualidade e credibilidade’ para um jornal que faz da verdade a sua única matéria-prima”. Assim foi escrita a história do jornal impresso mais longevo da história de Cabo Frio, que, em 2024, ultrapassa a marca de 6 mil exemplares. 

Para viabilizar as primeiras edições, Cabral fez da postura incansável diante das adversidades uma característica que marcaria o jornal para sempre. Isso porque, a princípio, a Folha não tinha equipamentos, mesa, cadeiras, sede – não tinha nada. Parecia mesmo a célebre canção de Vinicius de Moraes. A princípio quinzenal, a Folha teve as primeiras edições confeccionadas na redação do jornalista Levi de Moura, na época correspondente de O Fluminense. Era no segundo andar da Lanchonete Kelly, que depois virou Boca Maldita, na Praça Porto Rocha, onde hoje funciona uma loja da Vivo. 

Pouco a pouco, a Folha foi disputando espaço nas bancas. Os leitores dessa época devem se lembrar de um antigo jingle que tocava nas rádios: “Você chega na banca, pede O Globo, pede O Dia, pede A Noite e o Estadão. E a Folha, o que é que tem?”, cantava Eduardo Canto, sob produção de Fred Carlos. Além de ter disputado espaço com grandes jornais nos pontos de venda, a Folha chegou a ser um dos poucos impressos do interior do Rio a oferecer setor de assinaturas, com entregas diárias.

Se as tristezas por vezes são parte do noticiário, a Folha vive e transmite alegria. São muitos os eventos que fazem parte do calendário do jornal. O mais aguardado é o tradicional “Xô Ano Velho – a festa da paz”, uma confraternização que colocou a sociedade cabo-friense para celebrar a vida, sempre com shows de artistas do quilate da banda “Cry Babies” e “Zeca do Trombone” (in memorian). Diversos outros eventos foram realizados pela Folha em sua trajetória: “Feijoada da Folha”, “Arraiá da Folha”, “Boteco & Chorinho”, “Show da Folha”, “Boteco de Verão”, “Jazz da Folha” e “Sunset Boulevard”, este atualmente realizado uma vez por mês no Boulevard Canal, sempre com programação musical aberta ao público.  

Já o projeto “Solidariedade Não Tira Férias” data da fundação da própria Folha. Trata-se de um conjunto de campanhas, com o objetivo de arrecadar, em diferentes épocas do ano, artigos para doação a quem mais precisa. Além disso, o jornal também desenvolveu o “Troféu Aplausos”, para o reconhecimento do trabalho de personalidades da cidade, e o fórum de debates “Cidade Viva”, de onde propostas chegaram a ser transformadas em projetos de lei apresentados na Câmara Municipal. Ou seja, a Folha se tornou mais do que um noticiário. Pautou, agiu, criou. Institucionalizou-se como patrimônio de Cabo Frio e de toda a Região dos Lagos.

O historiador Paulo Cotias, que organizou livro sobre a história da Folha intitulado “Quando a notícia vira história”, dissertou sobre o legado deixado pela Folha. Ele escreveu na obra: “Há dificuldade de se entender que um jornal é um veículo de comunicação e que essa qualidade não deveria ser dependente do poder econômico e do poder político. E essa dificuldade se traduz num certo desprezo e desrespeito com relação ao papel da imprensa, que só é considerada quando se presta ao papel de serviçal do poder. Ou seja, uma relação de respeito, uma relação de cumplicidade a favor da história, ainda é um processo que a Folha não apenas preza como também tenta construir. Mais do que isso, procura deixar como legado.”