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Ataque nazista no mar de Arraial do Cabo vira filme

Exibição será entre os dias 16 e 21 de dezembro, no Espaço Cinema da Prefeitura cabista

26 novembro 2022 - 09h33Por Redação
Ataque nazista no mar de Arraial do Cabo vira filme

Quase 80 após o ataque do submarino nazista alemão U-199 à embarcação pesqueira Changri-lá, no mar de Arraial do Cabo, a história virou filme, e será exibido através do projeto Caravana Caiçara, entre os dias 16 e 21 de dezembro, às 19h, no Espaço Cinema da Prefeitura cabista. A pré-estreia será no próximo dia 6, na Secretaria de Turismo da cidade, junto com a Exposição Caravana Caiçara. Com nome de “O Changri-lá ainda navega”, o filme é um documentário semificcional com duração de 75 minutos, e roteirizado pelo cineasta mineiro Flávio Cândido, que utilizou como fonte pesquisas feitas pelo historiador cabo-fiense Elísio Gomes Filho e por Paulo Silva.

- É a história de um cineasta que chega a Arraial para retratar a história do Changri-lá e dos descendentes e amigos da tripulação morta pelo submarino alemão U199 em julho de 1943. O filme é baseado na história e nos fatos que aconteceram desde o afundamento do Changri-lá. Elísio é o pesquisador do caso, e que gerou a reabertura do processo no Tribunal Marítimo. Colhi os dados do trabalho dele até o julgamento no Tribunal Marítimo, e daí parti para buscar as pessoas reais que estavam envolvidas na história. Elísio e Paulo Silva foram as minhas maiores fontes - explicou Flávio.

O ataque ao pesqueiro Changri-lá ocorreu em 22 de julho de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. Por 56 anos, acreditou-se que o desaparecimento da embarcação, e de seus 10 tripulantes, teria acontecido por conta de um naufrágio. O processo sobre o incidente chegou a ser arquivado em 1945, mas, em 1999 foi reaberto a partir de provas recolhidas pelo historiador Elísio Gomes Filho. Somente em 2001 o Tribunal Marítimo reconheceu a responsabilidade do submarino nazista, sob o comando do capitão Hans Werner Krauss. O ataque deixou marcas profundas na história da região. Em 2004, os nomes dos pescadores vitimados foram incluídos no Panteão dos Heróis de Guerra, em cerimônia no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra, no Rio de Janeiro. 

Embora tenha 75 minutos de duração, o cineasta Flávio Cândido contou à Folha que foi preciso 21 anos para concluir o filme, que foi rodado em Arraial do Cabo. 

- A primeira vez que ouvi falar sobre o caso foi através de uma matéria no Jornal do Brasil. Me chamou a atenção o fato do Changri-lá não ser um navio, mas um pequeno barco pesqueiro de 9 metros somente. Daí o absurdo do crime de guerra. Não há uma só imagem do Changri-lá. Tudo desapareceu no mar, inclusive os corpos de seus 10 tripulantes. Mas o filme mescla o documentário com uma história romântica entre o cineasta e uma pesquisadora do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. Dezenas de pessoas, entre parentes e amigos das vítimas, foram entrevistadas. E agora a sensação é de dever cumprido. Me envolvi muito radicalmente com essa história e até me sinto um cabista - contou o cineasta.

Além da exibição do filme no projeto Caravana Caiçara, Flávio Cândido também vai homenagear Elísio Gomes Filho: no dia 6, durante a pré-estreia, o historiador cabo-friense vai receber o Troféu Apollo Historiador de Melhor Pesquisa, conquistado no 2º Festival de Cinema de História Militar, em 2018, no Rio de Janeiro.

À Folha, Elísio adiantou que a homenagem representa o alcance de um objetivo.

- Em 1991 pedi à Procuradoria Especial do Tribunal Marítimo a reabertura do processo, que estava arquivado. Descobrindo as provas de que o submarino nazista foi o autor do desaparecimento do barco, as apresentei. Daí pra frente o caso teve enorme repercussão e até veio dar origem ao filme, dado a paixão que o cineasta tem sobre a história do Changri-lá. O caso demorou 77 anos para chegar ao Supremo, porque o motivo real do naufrágio só foi esclarecido em 2001. Até então o Tribunal Marítimo havia concluído, em 1945, que o barco pesqueiro havia sofrido um naufrágio normal, devido a erro humano, de equipamento ou por condições meteorológicas. Mas após analisar a localização das embarcações e depoimentos dos tripulantes do submarino, o Tribunal Marítimo concluiu que o Changri-lá fori afundado a tiros de canhão pelo U-199 - contou Elísio.