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Coluna

Uma triste eleição 

As eleições nos mostram um cenário preocupante. Muito além das rivalidades ou de quem presumivelmente deveria ou não estar na dianteira, existe um problema de fundo ainda pouco discutido. A indigência de projetos ou mesmo de discursos coerentes é uma marc

04 setembro 2014 - 15h37

As eleições nos mostram um cenário preocupante. Muito além das rivalidades ou de quem presumivelmente deveria ou não estar na dianteira, existe um problema de fundo ainda pouco discutido. A indigência de projetos ou mesmo de discursos coerentes é uma marca generalizada. Na disputa presidencial, por exemplo, a falta de uma identidade partidária, ideológica ou mesmo programática é visível. Prova disso é o discurso uníssono e reverente ao todo-poderoso mercado, que sela o compromisso pela manutenção das bases econômicas vigentes. Ora, lembrando o velho Marx, se as coisas no plano material, ou seja, o modo pelo qual uma sociedade organiza suas relações de produção, consumo, capital e trabalho não se modifica, então como promover mudanças substanciais em tudo que está no entorno e que derivam direta ou indiretamente dessas escolhas?

O que nos tem sido oferecido são projetos de poder. Nem mais, nem menos. Nesse ponto os três principais candidatos a presidência já mostram alguma variedade. Aécio Neves não conseguiu emplacar como alternativa e empacou no discurso anti-Dilma e anti-PT.  Não passa a mínima confiança, credibilidade e assina embaixo de uma guinada definitiva do PSDB no colo da direita brasileira. Já Dilma luta contra seus próprios fantasmas. O primeiro é o próprio PT, que em parte do imaginário político assanhou-se ao fisiologismo à moda PMDB e enrolou-se nas próprias pernas em escândalos variados. E esse mesmo pedaço do PT que força a porta da presidente, que mostra um jogo mais duro do que os malabarismos de Lula. O outro fantasma de Dilma é derivado do primeiro e é o discurso da imbecilidade promovido pelos setores conservadores de que ela é o arauto do comunismo brasileiro do século XXI. Fez um governo austero, com avanços consistentes e com maior tendência ao desenvolvimentismo do que seu antecessor.

Já Marina é um caso a parte. Um triste caso, aliás. Seu crescimento é o sinal mais claro da completa despolitização do eleitor. Marina é um camaleão eleitoral. Tenta adequar seu discurso conforme a ocasião, mas quem a conhece logo percebe que não é o que pensa nem o que pretende. Foi guindada a uma posição de voto de protesto ou alternativo ao PT e a Dilma. E só. Sua presença no PSB é transitória e irreal.  Não traz novidades além de uma fala rocambolesca e a promessa de manter exatamente tudo aquilo que o PT já vem fazendo, prova que o que importa é a caneta, nada mais. Virou ícone pop dos ambientalistas de ocasião, dos fundamentalistas religiosos ávidos pela fusão definitiva entre o poder e um credo religioso, e da classe média elitizada economicamente, mas paupérrima em conhecimento histórico e político. Isso sem contar seu staff, com nomes de meter medo em mentes e bolsos...

Enfim, qualquer que seja o voto, ele será de continuidade. Resta saber se será melhor uma continuidade conhecida, uma retocada ou uma continuidade com requintes de crueldade à liberdade, aos avanços sociais e a soberania do nosso povo.