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Coluna

Turno Novo, Vida Nova?

O segundo turno das eleições tem apresentado um cenário tão claro quanto preocupante e, de quebra algumas curiosidades. De um lado um projeto de centro esquerda, representado pela candidatura da atual presidente Dilma e, do outro, um projeto de centro-dir

15 outubro 2014 - 18h37

O segundo turno das eleições tem apresentado um cenário tão claro quanto preocupante e, de quebra algumas curiosidades. De um lado um projeto de centro esquerda, representado pela candidatura da atual presidente Dilma e, do outro, um projeto de centro-direita materializado por Aécio. O que se torna preocupante nesse cenário é a mediocridade com que o destino do povo desse país vem sendo tratado pelos eleitores. O primeiro argumento estapafúrdio é o da mudança pela mudança. Ou seja, simplesmente sustenta que o poder deve mudar de mãos em virtude do fator tempo, não importando quem entre no lugar e muito menos o que será feito. Em segundo, o argumento imbecil de que vivemos um processo de sovietização. Ter parcerias econômicas e alinhamento com bandeiras de governos que experienciam diferentes matizes socialistas é algo tão trivial hoje quanto pedir um Big Mac. É preciso um surto esquizofrênico para ver um comunista barbudo em cada esquina a aliciar nossa tão cara Tradição, Família e Propriedade...

Em terceiro, a crença inocente, pueril ou deliberadamente hipócrita de que retirar o PT do poder vai acabar com a corrupção no país. A corrupção é um fato social que transcende as legendas. No governo militar ela era livremente praticada, já que o fuzil se encarregava de proteger os mal-feitos e malfeitores contra qualquer investigação independente. Nos governos de centro-direta que já vivemos, logo após a redemocratização, a grande marca foi a impunidade. Hoje instituições mais fortes e independentes se encarregam de levar adiante e a público o problema. Entretanto, é preciso um cuidado com o velho hábito do “denuncismo de aluguel”, comprado a bom preço num ato irônico de corrupção que tanto influencia informações quanto as compra dos organismos de investigação, e que recheiam a máfia das mídias.

Já a curiosidade que mais salta aos olhos, pela morbidez obviamente, é o fato do PT hoje ser um legítimo representante da Social-Democracia, com políticas típicas do Estado de Bem-Estar Social e o PSDB, o partido que leva o nome dessa tendência, é hoje o mais escancarado defensor da política neoliberal, meritocrática e fiel aos mais ricos em detrimento dos mais pobres. Paradoxal, não? Seria apenas cômico se não tivéssemos a tragédia da candidatura do PSDB servir de caixa de ressonância da extrema-direita, dos reacionários, homofóbicos, e, porque não inovar na língua, dos “pobrefóbicos”.

No Rio de Janeiro, parte desse cenário eleitoral é de mais simples compreensão. A candidatura de Pezão é a continuidade do PMDB de Cabral e de todos os demais caciques do partido. Mas também do baronato do transportes, do lixo, das empreiteiras, dos “fechamentos”, dos acordos, e tudo mais. Mais do mesmo alias. Entretanto teve a façanha de fazer o povo esquecer da farra dos guardanapos, do spray de pimenta na cara dos professores e das intensas manifestações de rua contra, justamente, o governo que vai para o segundo turno. Crivella, por sua vez é a incógnita que virou o voto útil, de quem não sabe o que virá ao certo, mas sabe o que não quer ver de novo. Vai fazer do Guanabara uma filial da Universal? É um argumento que só serve para propaganda eleitoral barata... É difícil de crer. O que talvez seja mais urgente é saber como vai desfazer tudo que hoje sustenta todas as instituições do estado do Rio nas margens e entrelinhas do poder... E da lei.