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Coluna

O que não falar

Na coluna de hoje vamos conversar a respeito das tendências que se mostram em declínio para o próximo pleito. Vamos analisar três delas de maneira didática, as quais eu acredito que são as mais perniciosas e que merecem nosso cuidado e reflexão. A primeir

01 novembro 2015 - 17h47

Na coluna de hoje vamos conversar a respeito das tendências que se mostram em declínio para o próximo pleito. Vamos analisar três delas de maneira didática, as quais eu acredito que são as mais perniciosas e que merecem nosso cuidado e reflexão.

A primeira tendência que sofreu um severo desgaste é o da unção divina. Os discursos dos candidatos ou eleitos que se posicionam como “ungidos”, “inspirados” ou mesmo “tocados” pelo poder divino para governarem um rebanho de devotos deixou de ser um trunfo para se tornar uma das falas mais demagógicas e hipócritas. Talvez ainda encontre eco em uma ou outra organização religiosa que tenha vínculos fisiológicos e econômicos com esse tipo de político. Entretanto, num mundo onde o capitalismo e a teologia da prosperidade voltam a dar as mãos é dificílimo que os fieis aceitem os “divinos” sem as devidas manifestações dos sinais... Pequenos milagres como promessas de empregos, dinheiro, materiais de construção, etc... Ou seja, além de ser um discurso batido, custa muito caro ao bolso do contribuinte.

A segunda tendência que podemos considerar sem eco nem força para as eleições do próximo ano é a do anti-político. Chega a ser engraçado quando vemos as figuras com seus respectivos mandatos posando de anti-políticos ou mesmo os que pleiteiam um mandato se caracterizando como alheio ou combatente desse meio. A política é uma arena de combates, embates, contradições e é sempre fundamental a tomada de posição. Certas ou erradas, são as posições que definem o perfil político. Obviamente elas podem mudar, assim como as pessoas e as circunstâncias mudam. Entretanto, o discurso que caiu no gosto dos políticos-anti-políticos é o de que não são nem situação e nem oposição, mas posição. Posição de quê? Quem se posiciona precisa mostrar aderência a ou discordância de. Planar sobre uma realidade paralela dá a sensação ao eleitor de que o verdadeiro homem público é aquele abnegado, desinteressado e que vê a política como um acaso em sua vida, uma contingência, algo que ele largaria a qualquer momento, que gera reclamações em casa... Como dizia Max Weber, o neutro é aquele que já se decidiu pelo mais forte.

A terceira tendência em queda vertiginosa é a o exército de um homem só. A política contemporânea pede menos reis e mais realidade. Sendo assim, devemos valorizar as lideranças que se apresentarem mais como construtoras do que portadoras de soluções. E isso vai demandar uma grande habilidade em constituir grupos capazes de estabelecer com a sociedade uma relação onde o poder se descentralize na medida certa e que permita uma efetiva interatividade entre os segmentos e as ações governamentais. E, claro, isso vem de braços dados com a transparência... Em tempos de crise aguda é tentador o discurso do salvador da pátria que, assim como o abnegado, vende que tudo não passa de osso, mas com os olhos famintos na raspagem do resto da carne. E é um senhor resto! Assim ensina o velho Maquiavel, para o qual o primeiro e grande método para estimar a inteligência de um governante, é olhar para os homens que tem a sua volta...