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Coluna

O Papa e o Palanque

O recente pronunciamento do Papa Francisco, quando da entrega do Pálio a 24 novos arcebispos metropolitanos durante missa na Basílica de São Pedro merece a atenção de todo o cidadão, independente da fé que professa. 

30 junho 2014 - 23h07

O recente pronunciamento do Papa Francisco, quando da entrega do Pálio a 24 novos arcebispos metropolitanos durante missa na Basílica de São Pedro merece a atenção de todo o cidadão, independente da fé que professa. O recado foi direcionado a ação política do clero e, aqui entre nós, cai como uma luva para as eleições de 2014 no Brasil. A recomendação foi a de que o Clero não busque apoio entre os poderosos, entre aqueles que detém o poder, fugindo de intrigas inúteis e, é claro, do que ele denomina de “escravidão e tentações mundanas”, ou seja, fala daquilo que corrompe o ser humano.

Fala consistente. Ao falar para o clero, o Papa o investe da missão de transmitir essa recomendação à comunidade religiosa como um todo, a cada paróquia, cada comunidade. E por que isso é necessário? Porque a mistura entre a fé e política é uma das maiores distorções da democracia contemporânea. Corrói a religião, a própria política e ao ser humano. Muitos costumam atirar pedras nas evidentes relações entre o chamado “meio evangélico” e a política eleitoral. Talvez por ser mais midiático, evidente e capilarizado. Entretanto, não podemos esquecer dos candidatos que utilizam a fé católica como trampolim eleitoral, que tentam dominar politicamente as paróquias e movimentos a elas ligados, que não perdem a oportunidade de, pessoalmente ou por meio de pessoas de seu grupo, se fazer mais onipresente, onisciente e onipotente, do que o próprio Criador.

O papa já havia dado um sinal direto e consistente quando em entrevista dada a edição de domingo (29/6) do jornal Il Messagero afirma categoricamente que é difícil manter-se honesto na política. Aponta a corrupção como um flagelo disseminado a atrair as pessoas em variados níveis. Claro que nessas horas a carapuça desses políticos, candidatos e apoiadores não serão vestidas. Preferem usar o manto dos santos e fingir que o recado do Sumo Pontífice não é com eles... Afinal o problema é sempre do outro.

Mas a fala de Francisco não se dirige aos corruptos. Esses não tem ouvidos para ouvir, ainda que saibam muito bem do que se trata o assunto. É para cada paroquiano, para cada católico, para cada cidadão. A Igreja que o Papa deseja é a essencial, aquela que se preocupa com o necessário ao ser humano, que sirva de abrigo e refúgio ao mundo decadente.

Certamente os fieis começarão a prestar mais atenção nas missas e no que rola nos movimentos paroquiais. É sempre bom orar e vigiar.