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Coluna

Coisa Banal

As tantas voltas dadas no novelo das operações de apuração dos recentes casos de corrupção e a insistente e direcionada propaganda massiva, utilizada com o óbvio viés político, conseguiram levar o tema ao nível do banal. De uma hora para outra descobriram

12 abril 2016 - 11h47

As tantas voltas dadas no novelo das operações de apuração dos recentes casos de corrupção e a insistente e direcionada propaganda massiva, utilizada com o óbvio viés político, conseguiram levar o tema ao nível do banal. De uma hora para outra descobriram que a corrupção é construída em duas instâncias, a saber, por pessoas e nas relações institucionais. Não deveria ser surpresa. As mesmas práticas de corrupção feitas no plano federal são encontradas nos estados e prefeituras. Entretanto, a sociedade conservadora tende a reduzir a questão da maneira mais estúpida possível, como se ainda estivéssemos a mercê de um renascer da guerra fria. Dizer que o governo do PT é corrupto é plausível. Dizer que faz isso por que quer implantar o comunismo no Brasil é burrice da mais grosseira.

Fato é que o descrédito está generalizado e isso é muito ruim. Quando achamos algo normal e generalizado, nos adaptamos ao problema ao invés de resolvê-lo. Clamar por outra ditadura corrupta, violenta e arbitrária, como a que nós tivemos, é mais do que uma falsa solução, é um crime lesa-humanidade. Do mesmo modo achar que instâncias investigativas e magistrados ligados a grupos políticos até o pescoço são a tábua de salvação republicana é por demais infantil.

As instituições democráticas precisam sim ser aperfeiçoadas. E nós só vamos conseguir essa proeza de fato se atentarmos que possuímos nas mãos o único instrumento capaz de modificar isso tudo. O voto. Os corruptores não estão lá por que tomaram a força esse espaço. Ao contrário, foram eleitos por nós. Foram eleitos com os votos comprados ao eleitor, o voto trocado por favores, por migalhas pessoais. O povo não pode se chocar com o que vem depois. O que começou corrupto nas urnas não poderia nunca acabar bem. Não seria de outro modo...

Do mesmo modo não vale a pena votar em qualquer um. O novo pelo novo é igualmente nocivo. Precisamos ver a capacidade administrativa e analisar se os postulantes ao cargo podem de fato ocupá-lo. Achar que credencial política é o mesmo que manter um “trabalho social” é preocupante. O grande teste será feito esse ano. Vamos ver se o povo tomou mesmo gosto por honestidade. Se vai de fato ouvir propostas e analisar as condições e a história de cada candidato. Se isso ocorrer pode ser que tenhamos uma melhora que, além de bem vinda, é extremamente necessária nos dias de hoje.