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Coluna

Bienal do Voto, uma festa histórica

Em 1532 o donatário Martin Afonso de Souza convoca eleições para o Conselho Administrativo da Vila de São Vicente. Num cenário dominado pelas relações coloniais, uma pequena parcela da população tinha o direito de votar e uma menor ainda o direito de gove

31 julho 2014 - 14h11

Em 1532 o donatário Martin Afonso de Souza convoca eleições para o Conselho Administrativo da Vila de São Vicente. Num cenário dominado pelas relações coloniais, uma pequena parcela da população tinha o direito de votar e uma menor ainda o direito de governar. Com a independência, D. Pedro I dá moldes próximos aos poderes contemporâneos, dividindo o legislativo do executivo, já que em tempos de outrora esses poderes se confundiam não apenas com relação ao uso do mesmo espaço físico, mas principalmente pelas atribuições que acumulava. Nasciam o Senado e a Câmara dos Deputados. Ainda assim o percurso do voto era tortuoso. Censitário, indireto, restrito a uma camada ínfima da população. A situação só se modificará de forma mais consistente no século XX. Mas nem sempre de forma linear, já que fora um século atropelado por ditaduras e por revisões e mais revisões sobre o como votar e quem poderia ter acesso a esse direito. É interessante ressaltar que até 1945 não era necessário estar filiado a um partido político para se candidatar. A partir daí, alegando uma pulverização excessiva de votos e, obviamente, de candidatos, torna-se obrigatória a filiação em alguma agremiação partidária para concorrer às eleições.

Já a história da corrupção eleitoral também é antiga. Quando falamos em “currais eleitorais”, mal sabemos que um dia eles existiram literalmente. Nos currais dos grandes proprietários de terras, os eleitores eram acumulados, alimentados e levados para votar, não raro, com a cédula já preenchida. Do mesmo modo, a compra de votos era um artifício descaradamente utilizado, com a “doação” de um par de sapatos de cada vez, metade de cédulas de dinheiro, comida, objetos diversos, enfim, algo que assombrava os observadores estrangeiros por tamanho descaramento. Promessa de cargos públicos? Um monte. Mas também havia a intimidação pela violência. E essa era feita não apenas pela ameaça velada. Não era fato incomum capatazes usarem porretes ou armas de fogo para  “conscientizar” os eleitores sobre o melhor candidato. Por fim, nesse rol, a criatividade ganha contornos caricatos com os eleitores que conseguiam votar mais de uma vez, se fazendo passar por aqueles que já morreram ou que até mesmo se encontravam vivos, gerando disputas inacreditáveis sobre quem era de verdade a pessoa. Fora isso, as fraudes de sempre. Fraudes nas cédulas, fraude nos resultados... e por aí vai.

Diferente dos dias atuais? Pouca coisa. Talvez mais mídia, mais dinheiro, mas com uma constante: Uma grande quantidade de políticos corruptores e uma quantidade ainda maior de populares, prontos e ávidos para serem graciosamente corrompidos.