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Coluna

Vacina e educação

20 janeiro 2022 - 17h17

Para a retomada segura e eficaz do ano letivo a vacinação de toda a população escolar é algo fundamental. Difícil crer que tenhamos que defender a obviedade de que as vacinas salvam vidas. Desde que foram desenvolvidas e distribuídas, elas salvaram milhões de vidas e isso vale tanto para a atual pandemia quanto para outras doenças transmissíveis.  A curva de mortalidade dos vacinados despencou. Mas o negacionismo e a desinformação, não. O problema é que, especificamente com relação à covid, tanto a doença quanto a vacina foram utilizadas como instrumento torpe de uma política irresponsável e desumana. Em um país onde o nível de educação é problemático o cenário fica ainda mais dramático.
Impressiona o fato de que algumas pessoas em redes de relacionamento tenham se tornado especialistas perversos. Colocar à prova vacinas testadas em três fases e desenvolvidas pelas maiores autoridades científicas deveria ser um exercício de pessoas, ao menos, com qualidades intelectuais compatíveis. Na falta disso, entram as rasteiras e mal-intencionadas teorias da conspiração acompanhadas de toda a sorte de covardias, sobretudo a de questionar a eficácia por conta da permanência de contaminados entre os vacinados.

É preciso esclarecer três coisas. A primeira é que a vacina é a nossa melhor aliada. Faz com que o organismo desenvolva defesas de modo seguro e controlado. Querer alcançar imunidade pelo contágio deliberado (a imunidade de “rebanho”) é uma aposta de altíssimo risco para todos. Segundo, nenhuma das vacinas prometeu (como no caso as aplicadas em prevenção a diversas outras patologias) que as pessoas não se contaminariam. Mas ao se contaminarem, teriam possibilidades consideravelmente melhores de não morrer, não sobrecarregar os sistemas de saúde e de não sofrer sequelas debilitantes. Em suma, as pessoas contaminariam menos, sofreriam menos e poderiam retornar à vida normal mais rápido. Em terceiro, não só as vacinas como os medicamentos convencionais podem possibilitar, em grupos específicos de pessoas, alguma reação (não as normais da aplicação) fora da curva e gerando algum risco. Aqui a avaliação é coletiva, ou seja, os benefícios suplantam em muito os riscos e o fato de que um quantitativo maior de pessoas imunizadas protege as que não podem absolutamente usar as vacinas, debelando a circulação e virulência.

O argumento de que a pandemia e as vacinas foram criadas para fazer as farmacêuticas lucrarem é ridículo. Seria como condenar o setor por lucrar com medicamentos importantes, como os da hipertensão e diabetes. O lucro faz parte do mundo capitalista. Se ele vem de modo justo nas relações de produção é outro assunto (algo que negacionistas silenciam de modo incoerente).

O que as escolas fizeram para receber novamente a comunidade educativa não foi o suficiente e muito menos eficaz. O vírus circula em ambientes fechados e abertos e proteger pelo afastamento vai muito além de meio metro, um, dois ou três. Educação é uma atividade de proximidade, de contato e isso dificulta a operação, sobretudo em salas de aula e escolas com salas e espaços pequenos. Medir a temperatura na entrada é algo igualmente relativo. A febre não é mais um sintoma absoluto e um período transmissível sem sintomas torna o portador um disseminador silencioso. A educação pública sofrerá ainda mais se a retomada for novamente com o arremedo de estratégias que até então foram realizadas. 
Portanto, o melhor remédio para tudo isso é a vacinação das crianças, jovens e dos profissionais da educação. Combinada com uma política de testagem periódica nas escolas, uso de máscaras adequadas e dos demais comportamentos de segurança, poderemos iniciar um processo de recuperação. Vacina no braço, livros nas mãos.