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Coluna

Sem clima na educação

12 outubro 2023 - 12h59

Recente reportagem de um jornal de circulação nacional mostrou o problema da climatização nas escolas públicas. Para o senso comum, proporcionar nesse ambiente escolar os aparelhos necessários para o controle da temperatura é uma questão menor, chegando alguns ao baixo nível das colocações quando afirmam ser uma questão de privilégio ou uma exigência sem cabimento, não necessariamente com essas palavras, é claro...

Quem conhece educação pública, sabe que nem todos os prédios são construídos de modo a atender às necessidades específicas de um ambiente escolar. Parece paradoxal e é mesmo. São vários os prédios sem a menor acessibilidade, com salas de aula que não atendem às dimensões adequadas, com falta de salas ou de instalações próprias para atividades de leitura, audiovisual ou tecnológico. Isso sem falar na questão das quadras, espaços de lazer e até mesmo refeitórios com problemas.

E, é claro, salas sem climatização. Qual o problema disso? Como vimos, os prédios construídos nem sempre são pensados sob a ótica dos educadores. Agrava-se a situação quando os projetistas desconsideram igualmente questões fundamentais como a iluminação e as condições que favoreçam um ambiente arejado. Para piorar ainda mais, vivemos um drama contemporâneo relacionado ao aquecimento global, alterando drasticamente o clima e trazendo para o planeta a alternância de tempo severo, seja pelo frio intenso ou pelo calor sufocante.
Recentemente, recebemos o alerta das organizações de monitoramento de que enfrentaríamos, em pleno início da primavera, uma onda de calor preocupante. As recomendações falavam em risco de vida, inclusive. Para muitas escolas públicas, no entanto, essa situação foi um retorno ao que foi vivido no verão passado e uma prévia do que virá no próximo. Dito em outras palavras, um problema crônico e bem conhecido: As “saunas” de aula.

Durante as estações mais críticas, as reclamações dos profissionais da educação e dos alunos se tornam mais agudas. Até porque passam mal com essa situação. Além dos efeitos à saúde física, a perda pedagógica com um ambiente cujas temperaturas são intoleráveis é algo óbvio. Ninguém consegue se concentrar, aprender ou render adequadamente nessas condições. O problema é que as secretarias de educação, municipais e estaduais, que deveriam tratar adequadamente dessa questão pouco ou nada fazem (com honrosas exceções). Em alguns casos, remenda-se a situação com a instalação precária de ventiladores aqui e ali. O efeito é pífio. Em outros, dizem para os profissionais se resolverem com seus diretores (como se as escolas tivessem verbas suficientes para climatizar e cuidar da manutenção dos aparelhos). No geral, mandam todos às favas e se limitam a esperar que a estação do ano mude e, com isso, “problema resolvido”.
As consequências são drásticas. Em cenários nos quais os indicadores de desempenho da educação pública se mostram extremamente problemáticos, a questão da climatização apenas piora o que já está complicadíssimo.