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PACIÊNCIA NO FIM

Prefeitura de Cabo Frio pede mais uma semana à Câmara para responder sobre Hospital Unilagos

Demora na entrega de cestas básicas e proibição de participar de ações do Gabinete de Crise também irritam vereadores

29 abril 2020 - 17h37Por Rodrigo Branco

A Prefeitura de Cabo Frio pediu mais sete dias e agora tem até a próxima terça-feira (5) para responder a um requerimento da Câmara Municipal, que pede informações sobre o Hospital de Campanha Unilagos, unidade de referência para o tratamento do novo coronavírus. Conforme a Folha publicou na manhã desta quarta-feira (29), o hospital está com 11 leitos ocupados no momento. O documento pede detalhes sobre a estrutura da unidade, o contrato com a instituição e os custos mensais para o município.

O prazo também foi estendido para outros três requerimentos enviados pelos vereadores: um que pede as notas fiscais da compra de cestas básicas entregues pela Prefeitura para a população carente; outro que pede a relação das famílias selecionadas a receber as cestas e o último, que questiona a Secretaria de Educação sobre o motivo de não doar a merenda escolar estocada nas escolas para a população em situação de vulnerabilidade econômica.

E é exatamente a lentidão do governo para engrenar as ações sociais de emergência um dos motivos de críticas dos vereadores. O assunto dominou a sessão da Câmara desta terça-feira (27), quando a saída da titular da pasta da Assistência Social, Marta Maria Bastos, chegou a ser pedida, inclusive pelo vereador Vinícius Corrêa (PP), que já foi líder da bancada governista na Casa. Vinícius apontou que a fragilidade da política social do governo vem de longa data.

– A verdade é a seguinte: está inoperante; não tem competência; não consegue num momento desses de crise, operar seu sistema de assistência social. É a realidade de Cabo Frio. Então esse apelo que a gente vem fazendo aqui há um ano, é dessa Casa inteira, não é só da situação ou da oposição. A constatação é que quando não se tem competência ou quando não se quer exercer a função para que foi colocado, muda-se, troca-se. E a assistência social, como a saúde, são as linhas de frente nesse momento – subiu o tom.

O presidente da Câmara, Luis Geraldo (Republicanos) também cobra maior rapidez na entrega das cestas básicas para a população carente do município. O chefe do Legislativo lembrou que os R$ 200 mil devolvidos pela Casa com essa finalidade foram repassados para a Prefeitura há mais de duas semanas e, até o momento, foram entregues apenas 800 das 7.500 cestas previstas. Luis Geraldo observa que a burocracia para entrega compromete até mesmo o distanciamento social no município.

– Você acha que essas pessoas que estão na fila da Caixa Econômica vão atender a um pedido meu para que tenha consciência, que fique com o espaço que é protocolado? Ninguém fica. O cara está desesperado. O cara quer arrumar um jeito de levar comida para casa. E a gente fez essa devolução de R$ 200 mil para isso e quando a gente fez isso, eu disse aqui que isso é para ontem. Isso é para amanhã, essas cestas estarem sendo distribuídas. Todos sabem quais são as comunidades mais carentes. Todo mundo sabe onde está a fome e o sofrimento em Cabo Frio – cobrou, também pedindo a saída da secretária Marta do cargo.

Outro ponto quer mostra que Executivo e Legislativo não falam a mesma língua nas políticas de combate ao coronavírus é a falta de diálogo. Presidente da Comissão Especial de combate à doença, a vereadora Letícia Jotta (Pros) reclamou que o Gabinete de Crise não permitiu que dois parlamentares acompanhassem a reunião do grupo.

– Por que será [que o acesso foi negado]? Nós não poderíamos ouvir a pauta? Nós não estamos falando de um momento de crise, de pandemia mundial, quando todo mundo está lutando junto? Ou querem escolher alguém para participar? Acho muito lamentável ter que vir aqui para falar isso, mas eu não vou me calar – questionou.

Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e da Mulher informou que a distribuição da próxima etapa do auxílio para famílias de baixa renda será na próxima semana. Contudo, não foi informado se a ajuda contará com itens que estão nas despensas das escolas e serviriam como merenda escolar. 

Sobre a crítica feita pela vereadora Letícia Jotta de que vereadores da Comissão Especial foram impedidos de participar de reunião do Gabinete de Gestão de Crise, a Prefeitura afirmou que o fato não procede.