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Paulo Cotias volta ao Gabinete de Crise de Cabo Frio e critica secretário por "intromissão desastrada"

Secretário de Turismo sobe o tom a respeito de articulação para tentativa de reabertura parcial do comércio na cidade

01 abril 2020 - 15h54Por Rodrigo Cabral
Paulo Cotias volta ao Gabinete de Crise de Cabo Frio e critica secretário por "intromissão desastrada"

O secretário de Turismo de Cabo Frio, Paulo Cotias, voltou a participar do Gabinete de Crise montado pela Prefeitura de Cabo Frio para o combate ao coronavírus. Conforme revelou reportagem da Folha dos Lagos, a saída teve como motivo uma reunião do prefeito Adriano Moreno com empresários da cidade, no dia 26, cuja pauta foi uma possível abertura do comércio. Esse encontro foi articulado pelo secretário de Desenvolvimento da Cidade, o arquiteto Felipe Araújo, sem o conhecimento dos integrantes do Gabinete de Crise.

O "drible" causou mal-estar entre o grupo, que é formado pelo procurador-geral Bruno Araguti e secretários Everaldo Loback (Mobilidade), Jorge Marge (Segurança Pública), Leandro dos Santos (Ordem Pública), Matheus Araguti (Desenvolvimento Econômico) e Iranildo Campos (Saúde).  A volta de Cotias ao Gabinete foi selada durante reunião nesta quarta-feira (1) com o prefeito Adriano Moreno. À Folha, o secretário, que antes preferia medir as palavras para falar sobre o assunto, subiu o tom e afirmou que a intervenção de Felipe no assunto foi uma "intromissão desastrada".

–  O prefeito me convocou hoje ao gabinete para tratarmos de assuntos relacionados ao turismo,  onde tive também a oportunidade de manifestar sobre a minha discordância com relação à intromissão desastrada de outro secretário no andamento dos trabalhos do Gabinete de Crise e que me fez optar pelo afastamento. Conversamos sobre a retomada de rumos e ações e da importância da participação da pasta nesse momento difícil.

De outro lado, Felipe Araújo confirmou que fez a ponte entre o prefeito e os empresários, mas afirmou que não houve atritos.

– Só fizemos uma ponte, apenas uma ponte, para ligar os anseios da sociedade com o Poder Executivo. Não tem mal-estar, não tem passar por cima de ninguém. A situação é grave. É um lençol curto para cobrir um gigante. O pé é a crise na Saúde e a cabeça é a crise econômica. A gente sabe que são duas bombas atômicas que estão para explodir. Precisamos de habilidade muito grande para conseguir que não explodam ao mesmo tempo. 

Durante a reunião, Felipe fez um discurso emocionado e chegou a chorar.

–  Meu discurso foi baseado na minha história. Sou filho de trabalhador proletário. Meu pai era industrial, trabalhava na Álcalis. Minha mãe, funcionária bancária. Com muito custo, estive com trabalhadores da construção civil, no dia a dia, numa relação quase que familiar. Agora, estou vendo que as pessoas estão sem comida, sem possibilidade de perspectiva futura. Isso gera um problema social e econômico ao mesmo tempo. Não tem como não se comover. São seres humanos. Quando você entra na prefeitura com propósito de criar alternativas positivas para impulsionar e organizar o ramo da construção civil e se vê num dia tendo que fechar o ramo que está ali para defender num crescimento sustentável, acaba tendo uma guerra interior. Não consegui lidar com as emoções naquele momento. Até peço desculpas. É muita gente que me ajudou a chegar aonde cheguei, e estou vendo essas pessoas em sofrimento.