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"Não pode mais o comércio faturar por três meses e sobreviver o resto do ano", diz Eduardo Mangia

Criada em 2020, durante a pandemia, nova associação comercial é empossada em Cabo Frio

03 novembro 2022 - 10h02Por Redação
"Não pode mais o comércio faturar por três meses e sobreviver o resto do ano", diz Eduardo Mangia

Cabo Frio ganhou, esta semana, uma nova entidade de classe voltada para os empresários. Batizada de Associação Comercial e Empresarial Luta pelo Comércio de Cabo Frio, afirma ter como objetivo promover a união dos empresários e criar estratégias de fomento do turismo na baixa temporada através da representatividade do comércio junto ao poder público, além do desenvolvimento de campanhas promocionais, entre outras estratégias. Presidida pelo empresário Eduardo Mangia, que tem como vice o também empresário Wagner Lucas Oliveros, a nova associação já nasce com cerca de 250 associados e meta de chegar a 500.

— Queremos unir e juntar o maior número de empresários e empreendedores para fortalecer nossa economia. De pronto já estamos em contato com a Prefeitura e com a Câmara para debater o verão 2023. Também já estamos em contato com Joir Reis, da Associação de Blocos, para discutir a atividade do carnaval. Na verdade, já estamos fazendo isso desde 2020, quando criamos a associação. Essa solenidade é apenas para posse oficial da nossa diretoria contou Mangia.  

O empresário ressaltou, ainda, que a entidade tem participado de reuniões do Conselho de Turismo, definindo o calendário 2023, inclusive para a baixa temporada. 

— Por característica, somos cidade veranista, mas não podemos mais ver o comércio faturando por três meses e sobrevivendo no resto do ano. Temos tamanho para viver do turismo nos 12 meses. Para isso temos que nos unir, criar estratégias, fomentar eventos, fazer parcerias com instituições de fora para trazer recursos, com um evento de médio e grande porte todo mês – acrescentou o presidente.

A solenidade de posse da nova diretoria aconteceu na última terça-feira (25), no salão de eventos do Hotel Paradiso Corporate, e contou com presença de empresários e autoridades locais, como o prefeito cabo-friense José Bonifácio, que também já foi empresário.

— É muito bom (a criação da nova associação) porque Cabo Frio tem comércio de vários tipos. Hoje ainda temos uma associação tradicional, que é a Acia, que representa um segmento do comércio. Esse novo movimento, que começou na pandemia, foi muito na minha porta fazer protestos, mas não fiquei chateado, recebi. Manifestei minha preocupação porque não podemos ver só um segmento, temos que pensar nas famílias. Vim aqui com objetivo de manifestar minha alegria por ver mais uma instituição lutando pela economia do município, algumas vezes até em pontos diferentes do governo, mas é assim mesmo, isso é uma democracia – disse o prefeito. 

O ex-prefeito de Cabo Frio Marquinho Mendes, o deputado estadual Dr Serginho, e o deputado federal Júlio Lopes também marcaram presença, além de alguns vereadores e entidades de classe, como o Cabo Frio Convention & Visitors Bureau, o Sebrae e a Associação de Hotéis. Hoteleiro e presidente desta última, Carlos Cunha disse que fomentar o comércio é sempre um desafio, mas destacou a importância de novas iniciativas. 

— Toda ação que venha somar à nossa luta de aquecer a economia e promover geração de emprego e renda é sempre muito bem-vinda – declarou.

Uma ausência, no entanto, foi notada: a do presidente da Associação Comercial, Industrial e Turística de Cabo Frio (Acia), Renato Marins. Em conversa com a Folha, Renato disse que não foi convidado para a solenidade.

— Fiquei sabendo através de algumas pessoas, mas não recebi convite. Lamento muito que cuidar da Acia, que é uma entidade tradicional da cidade, que tem 90 anos de história, ninguém quer. As pessoas criam várias associações esperando por um milagre que não existe. Para mudar a situação do comércio e do turismo de nossa cidade é preciso um trabalho conjunto de todos os segmentos e do poder público. De qualquer forma, desejo boa sorte para os membros dessa nova associação, mas vou continuar nossa caminhada na Acia, porque a luta é grande – revelou Renato, lembrando que a Acia foi uma das responsáveis pela vinda do Aeroporto e do Sebrae para Cabo Frio. – Quando o Sebrae veio pra cidade, eu era diretor da Acia, e eles funcionaram na nossa sede por um bom tempo.

Apesar da ausência de Renato Marins no evento, Eduardo Mangia disse que a nova entidade não vem para dividir nem competir com a Acia, mas para somar.

– A gente respeita muito a Acia, respeita a história da Acia, a representatividade da Acia. Queremos caminhar ao lado da Acia porque os objetivos são os mesmos. A diferença é que foi o próprio empresariado quem demandou a formação dessa nova associação por conta da nossa movimentação durante a pandemia, quando conseguimos reabrir a cidade para a economia, e continua esse trabalho mesmo após a pandemia. Então o empresariado viu na gente o perfil de uma liderança, então viemos por pedido dos empresários. Mas vamos caminhar junto com a Acia – revelou.

 

“OU MELHORA OU FECHO MINHA EMPRESA”

O presidente da Acia contou à Folha que na próxima semana vai apresentar, na reunião do Conselho Municipal de Turismo, um projeto para a baixa temporada com foco no público da melhor idade. A ideia, segundo Renato Marins, é colocar o projeto em prática já a partir de março.

– São 20 anos lutando por um projeto de turismo para a baixa temporada. E isso passa pela segurança, por mais eventos, por um planejamento das ações, pela melhoria da infraestrutura da cidade, pela cultura e até pela saúde. Acredito muito nesse projeto, mas se nada mudar, infelizmente vou fechar as portas da minha padaria, que já existe há 35 anos. Não dá mais pra gente depender só da alta temporada. Não estou nem falando de ganhar fortuna, não. Estou falando de não ter prejuízo. Sem um projeto de turismo para a baixa temporada, vou ter que fechar meu comércio – lamentou Renato.