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Músicos são agredidos por guardas municipais em Búzios

Vídeo mostra momento em que baterista é arrastado e engravatado na Praça Santos Dumont

29 dezembro 2014 - 19h51Por Sérgio Meirelles

Um show de música instrumental em uma praça ao ar livre de Armação de Búzios terminou em confusão na noite de domingo (28). Integrantes da Banda Mos acusam guardas municipais e policiais militares de usarem de truculência para interromper a apresentação do grupo. Um vídeo feito por telefone celular e que mostra um dos músicos sendo arrastado por um guarda municipal foi postado ontem nas redes sociais. O caso foi parar na delegacia. Uma comissão interna da Guarda Municipal vai investigar o ocorrido. 

Os músicos da Banda Mos resolveram fazer uma apresentação gratuita na Praça Santos Dumont, no centro de Búzios. Eles não tinham autorização prévia da Prefeitura. Segundo o baixista Bruno D`Andrea Telles de Menezes, de 22 anos, o show começou por volta das 22h. Uma hor depois, fiscais do setor de postura e determinaram que o grupo parasse com o show porque não tinha autorização do governo municipal.

– Tentamos explicar aos fiscais que vivemos da música e que nosso som não estava incomodando a ninguém. Ao contrário, as pessoas que nos assistiam estavam gostando da nossa apresentação. Mas eles não atenderam ao nosso apelo e determinaram que parássemos o show. Eles disseram que, se não obedecêssemos à ordem, que iriam apreender nossos instrumentos – contou Bruno.

Mas os músicos se recusaram a cumprir a determinação. Isso foi o bastante para que os fiscais acionassem a Guarda Municipal. Quando os agentes chegaram ao local, os ânimos estavam exaltados e ninguém se entendia. Pessoas que assistiam ao show saíram em defesa dos componentes da Banda Mos. O bate-boca foi ficando mais intenso. Bruno contou que os guardas queriam apreender os instrumentos, mas o grupo e espectadores não queriam permitir a ação. Uma patrulha da Polícia Militar foi acionada e se juntou aos guardas. Bruno diz que foi nessa hora que os seus colegas foram agredidos fisicamente. De acordo com o músico, os agentes também ameaçaram a banda de retaliações, caso divulgasse o vídeo. Ainda segundo o jovem, o caso foi registrado na 127ª DP (Búzios).

– Em um determinado momento, os guardas agrediram o Daniel (Duarte, baterista da banda) com socos no rosto e empurrões. Eles continuaram batendo nele no carro e depois na delegacia – relatou.

Os policiais militares também foram acusados pela banda de agredir Arthur Amaral, que fazia um vídeo da apresentação dos músicos. Segundo Bruno, os PMs interromperam a gravação que o jovem fazia e o empurraram no chão depois que ele se recusou a entregar-lhes a câmera.

Até o fechamento desta edição, o comandante do 25º BPM (Cabo Frio), tenente-coronel Ruy França, não havia se pronunciado sobre o ocorrido.

Além das duas pessoas citadas pelo baixista, Bruno disse ainda que outras pessoas foram agredidas pelos guardas. 

– O Patrick  (faz a apresentação da banda) e o flautista Guilherme também apanharam. Ainda há outros dois agredidos, mas não sei quem são – disse Bruno.

"Se ficar comprovado que algum agente errou ou se excedeu, ele será devidamente responsabilizado", diz comandante da Guarda

O comandante da Guarda Municipal de Búzios, Israel D`Santanna, lamentou o ocorrido e definiu o caso como uma fatalidade administrativa. Ele disse que os seus subordinados intervieram no caso a pedido dos fiscais do setor de postura e da Secretaria Municipal de Cultura, que alegaram que os músicos não estavam querendo cumprir a determinação de parar o show.

D`Santanna alegou que ainda não recebeu o relatório dos agentes que participaram da ação de repressão e que por isso não poderia antecipar nenhuma opinião oficial a respeito do ocorrido. Mas, segundo ele, após conversar informalmente com alguns agentes, soube que os guardas precisaram utilizar a força porque os músicos se recusavam a obedecer à ordem. O comandante da Guarda desconhece que um dos seus guardas tenha agredido e ameaçado os músicos.

– Não estou sabendo de agressão alguma. Mas, depois de receber e analisar o relatório e ficar constatada alguma atitude irregular por parte de algum guarda, uma comissão interna irá investigar o ocorrido e, se ficar comprovado que algum agente errou ou se excedeu, ele será devidamente responsabilizado – explicou o comandante da Guarda.