Um show de música instrumental em uma praça ao ar livre de Armação de Búzios terminou em confusão na noite de domingo (28). Integrantes da Banda Mos acusam guardas municipais e policiais militares de usarem de truculência para interromper a apresentação do grupo. Um vídeo feito por telefone celular e que mostra um dos músicos sendo arrastado por um guarda municipal foi postado ontem nas redes sociais. O caso foi parar na delegacia. Uma comissão interna da Guarda Municipal vai investigar o ocorrido.
Os músicos da Banda Mos resolveram fazer uma apresentação gratuita na Praça Santos Dumont, no centro de Búzios. Eles não tinham autorização prévia da Prefeitura. Segundo o baixista Bruno D`Andrea Telles de Menezes, de 22 anos, o show começou por volta das 22h. Uma hor depois, fiscais do setor de postura e determinaram que o grupo parasse com o show porque não tinha autorização do governo municipal.
– Tentamos explicar aos fiscais que vivemos da música e que nosso som não estava incomodando a ninguém. Ao contrário, as pessoas que nos assistiam estavam gostando da nossa apresentação. Mas eles não atenderam ao nosso apelo e determinaram que parássemos o show. Eles disseram que, se não obedecêssemos à ordem, que iriam apreender nossos instrumentos – contou Bruno.
Mas os músicos se recusaram a cumprir a determinação. Isso foi o bastante para que os fiscais acionassem a Guarda Municipal. Quando os agentes chegaram ao local, os ânimos estavam exaltados e ninguém se entendia. Pessoas que assistiam ao show saíram em defesa dos componentes da Banda Mos. O bate-boca foi ficando mais intenso. Bruno contou que os guardas queriam apreender os instrumentos, mas o grupo e espectadores não queriam permitir a ação. Uma patrulha da Polícia Militar foi acionada e se juntou aos guardas. Bruno diz que foi nessa hora que os seus colegas foram agredidos fisicamente. De acordo com o músico, os agentes também ameaçaram a banda de retaliações, caso divulgasse o vídeo. Ainda segundo o jovem, o caso foi registrado na 127ª DP (Búzios).
– Em um determinado momento, os guardas agrediram o Daniel (Duarte, baterista da banda) com socos no rosto e empurrões. Eles continuaram batendo nele no carro e depois na delegacia – relatou.
Os policiais militares também foram acusados pela banda de agredir Arthur Amaral, que fazia um vídeo da apresentação dos músicos. Segundo Bruno, os PMs interromperam a gravação que o jovem fazia e o empurraram no chão depois que ele se recusou a entregar-lhes a câmera.
Até o fechamento desta edição, o comandante do 25º BPM (Cabo Frio), tenente-coronel Ruy França, não havia se pronunciado sobre o ocorrido.
Além das duas pessoas citadas pelo baixista, Bruno disse ainda que outras pessoas foram agredidas pelos guardas.
– O Patrick (faz a apresentação da banda) e o flautista Guilherme também apanharam. Ainda há outros dois agredidos, mas não sei quem são – disse Bruno.
"Se ficar comprovado que algum agente errou ou se excedeu, ele será devidamente responsabilizado", diz comandante da Guarda
O comandante da Guarda Municipal de Búzios, Israel D`Santanna, lamentou o ocorrido e definiu o caso como uma fatalidade administrativa. Ele disse que os seus subordinados intervieram no caso a pedido dos fiscais do setor de postura e da Secretaria Municipal de Cultura, que alegaram que os músicos não estavam querendo cumprir a determinação de parar o show.
D`Santanna alegou que ainda não recebeu o relatório dos agentes que participaram da ação de repressão e que por isso não poderia antecipar nenhuma opinião oficial a respeito do ocorrido. Mas, segundo ele, após conversar informalmente com alguns agentes, soube que os guardas precisaram utilizar a força porque os músicos se recusavam a obedecer à ordem. O comandante da Guarda desconhece que um dos seus guardas tenha agredido e ameaçado os músicos.
– Não estou sabendo de agressão alguma. Mas, depois de receber e analisar o relatório e ficar constatada alguma atitude irregular por parte de algum guarda, uma comissão interna irá investigar o ocorrido e, se ficar comprovado que algum agente errou ou se excedeu, ele será devidamente responsabilizado – explicou o comandante da Guarda.