Uma chuva de reclamações. Foi assim que a reportagem da Folha dos Lagos foi recebida na manhã de ontem por moradores de Monte Alegre e da Boca do Mato, em Cabo Frio. Segundo eles, o bairro vive o caos nas mais diversas áreas: saneamento básico, segurança pública, saúde, limpeza urbana, educação e opções de lazer. Nem a informação de que o governo do estado anunciou, no início do mês, investimentos de mais de R$ 78 milhões em obras de reurbanização anima. Além de Monte Alegre e Boca do Mato, a verba será utilizada para obras na Reserva do Peró, Cantinho do Céu e o Grande Jardim Esperança.
– Quero só ver se essa verba vai vir realmente para cá. Precisamos de tudo aqui, de serviços completamente básicos. O poder público nos esqueceu – disparou o paraibano Pedro Álvares da Silva, 47, que mora no bairro há 18 anos.
Pedro Álvares reclama que serviços essenciais de limpeza e saúde não têm regularidade. Diz, também, que faltam médicos no único posto do bairro, que fica na rua principal, a Avenida Dr. Cardoso da Fonseca. E denuncia: a coleta de lixo, por diversas ocasiões, fica de dois a três dias sem recolhimento. Na manhã de ontem, por exemplo, a reportagem flagrou diversos sacos de lixo que se amontoavam em frente a uma unidade de saúde.
– O bairro está largado, cheio de urubus – disparou Pedro.
Marinalva dos Anjos de Souza, 45, dona da Cauê Lanches e Quentinhas, aumenta o coro.
– A gente fica com um monte de moscas nas casas, que também invadem o comércio, porque a limpeza não é regular. Não tem saúde, uma praça ou pista de skate para nossos filhos – queixou-se bastante Marinalva.
Ela torce para que o investimento do estado realmente signifique melhorias para o bairro.
– Tomara que esse dinheiro chegue por aqui, porque a gente precisa, viu? – disse.
Com o convênio assinado pelo governo do estado com a prefeitura de Cabo Frio, serão mais de 35 quilômetros de asfalto e 70 quilômetros de calçadas com iluminação pública. A iluminação é outra questão que é alvo de muitas queixas dos moradores. No Monte Alegre, falta iluminação em frente à Creche Maria Emília.
– Sem iluminação, como é que fica a nossa segurança? – questionou Daniele Dias, 34, moradora da Boca do Mato.
Segundo os moradores, o saneamento é precário e a segurança, também. As ruas, cerca de 28, além de esburacadas, precisam de asfaltamento. Os bueiros estão entupidos e com grades quebradas.
Outra queixa recorrente é a falta de cadastramento das ruas para recebimento do serviço dos Correios e a falta de creches, para crianças, e aula noturna, de 1ª a 4ª série, para adultos.
– Já fizemos abaixo-assinados pedindo legalização dos bairros, mas até agora nada. Temos três escolas no bairro, porque não tem aula para os adultos? – pergunta Pedro Álvares.
– A creche Municipal América dos Anjos única creche do bairro é cedida pela igreja e o espaço é pequeno para tanta criança – completou Daniele Dias, 34, moradora da Boca do Mato.