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MEIO AMBIENTE

Conselho do PECS aguarda documentação de mega parque aquático em Cabo Frio

Moradores e empresários do Peró afirmam que empreendimento pode trazer benefícios

08 junho 2024 - 13h12Por Cristiane Zotich
Conselho do PECS aguarda documentação de mega parque aquático em Cabo Frio

Membros do Conselho do Parque Estadual da Costa do Sol (PECS) continuam aguardando a liberação de documentos sobre a construção de um mega empreendimento Nova Cabo Frio Water Park, que será erguido em área ambiental entre a Ilha do Japonês, Praia Brava e Praia das Conchas, em Cabo Frio. Após uma série de reportagens da Folha sobre o assunto, os conselheiros se manifestaram afirmando que os documentos referentes ao licenciamento do projeto não foram apresentado nem debatidos com eles, como determina o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e os artigos 20, VIII, 26 e 29 do Decreto Federal nº 4.340/2002.

Em recente entrevista à Folha, a ambientalista e membro do Conselho do PECS, Anna Roberta Medhi (do Centro de Estudos e Conservação da Natureza - ONG CECNA), revelou que os colegas conselheiros “sequer sabem do que se trata (o empreendimento) porque não vimos o projeto”.

– O licenciamento não passou nem pelo Conselho do PECS, nem pelo da Área de Proteção Ambiental do Pau-Brasil (APABR). Tenho cadeira nesses conselhos, sou integrante do Movimento SOS Dunas do Peró e da ONG CECNA, e soube dele após ter sido noticiado nas redes sociais que a Câmara de Cabo Frio realizará audiência pública sobre a construção de um mega parque aquático. Por isso solicitei à gestão do PECS e ao Inea uma reunião de esclarecimento com essa pauta para os conselheiros porque esse parque não pode ser construído naquele local  - afirmou Anna.

Embora a construção do Nova Cabo Frio Water Park não tenha sido debatida ainda nos conselhos do PECS e APABR, os membros sinalizaram à Folha uma série de outros fatores que merecem ser discutidos com mais atenção como as intervenções que serão feitas na área próxima à Ilha do Japonês, com supressão de vegetação (inclusive de mangue),  as medidas compensatórias e mitigatórias estabelecidas dentro da licença ambiental em empreendimentos erguidos em zona de amortecimento, a existência do Formigueiro-do-litoral (espécie ameaçada de extinção) e de sambaquis no entorno da Boca da Barra e Praia das Conchas, além de outros possíveis riscos ambientais causados pelo despejo de milhões de litros de água doce clorada numa área sensível entre manguezais e fauna marinha rara. O empresário Fernando Gomes Fonseca, sócio do empreendimento, garantiu à Folha que todos os projetos relativos à construção do Nova Cabo Frio Water Park levam em conta a preservação ambiental e respeitam as leis ambientais.

 

MORADORES DO PERÓ APROVAM O PROJETO

Enquanto ambientalistas demonstram preocupações com a futura construção do Nova Cabo Frio Water Park, moradores e empresários do Peró ouvidos pela Folha se manifestaram favoráveis ao empreendimento. Embora afirmem que não foram convidados a participar de nenhum debate sobre o assunto, eles conseguem enxergar vários pontos positivos no Nova Cabo Frio Water Park.

– Sou muito a favor porque acredito que um empreendimento desse tamanho só trará benefícios para a cidade e, principalmente, para os moradores do Cajueiro, Ogiva e Peró. No mundo atual, informatizado e globalizado, as empresas já estão preparadas quanto às precauções com meio ambiente e sustentabilidade. A empresa, com certeza, deve ter contrapartidas que favoreçam os bairros envolvidos. Mas, se não tem, sugiro acessibilidade (construção de uma estrada que melhore a circulação), saneamento (de alguma forma eles devem ter pensado nisso), empregabilidade, sustentabilidade… - contou André Sampaio. Ele ainda afirmou que “quem não é do bairro, e não conhece o projeto, não deve se meter em algo que de fato possa melhorar um pouco Cabo Frio, que está parada no tempo”.

José Machado da Silva, é “ambientalista por vocação e convicção”, e faz parte do grupo “Amigos do Peró”, que no Facebook tem mais de 10 mil membros. Ele disse à Folha que soube do projeto através de reportagens e redes sociais, e que é “favorável (ao Nova Cabo Frio Water Park) com ressalvas”.

– Sou favorável desde que o projeto respeite as regras de sustentabilidades, o meio ambiente, e traga contrapartidas e benefícios para o seu entorno como a construção de vias de acessos (mobilidade), e viabilize a pavimentação da Estrada Nelore, cuja extensão é pequena, cerca de 2,5 Km. Mas também acredito que é um empreendimento que, além de gerar empregos e renda, também vai alavancar o turismo de Cabo Frio - revelou.

As ressalvas ele diz que são com relação a questões que precisam ser analisadas e esclarecidas, uma delas o tratamento do esgoto sanitário.

– Precisamos também da aprovação dos Conselhos do PECS e APABR, e maiores informações sobre a localização porque parte do terreno é uma área de amortecimento. Por isso queremos também participar da audiência pública que será promovida pela Câmara Municipal. Além disso, o grupo Amigos do Peró vai convidar o Fernando, sócio da São José Desenvolvimento Imobiliário (SP), para uma reunião onde possamos discutir o assunto - contou Machado.

Apesar da preocupação com relação ao esgoto que será gerado (“temos um problema sério com tratamento do esgoto aqui na cidade”), quem também tem uma visão favorável ao mega parque aquático é a empresária Marta Rocha. Ela é proprietária de uma pousada no Pontal do Peró.

– Precisamos gerar empregos e trazer  turistas para o município o ano todo, e não só na alta temporada. Por isso sou favorável, desde que seja um projeto sustentável. Acredito que poderá nos trazer benefícios como um melhor ordenamento e melhor infraestrutura. Existe uma via alternativa,  chamada Estrada do Nelore, que poderia ser pavimentada, por exemplo. Além disso, creio que ele vá trazer mais segurança para todo o entorno, incluindo o final da praia (conhecido como Pontal do Peró), que é lindo mas muito abandonado - revelou.