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RETROCESSO?

Com atividades paradas, Cabo Frio segue sem política pública definida para o turismo histórico

Investimento no setor foi paralisado por necessidade de "adequação financeira", segundo Prefeitura

06 outubro 2021 - 13h30Por Redação

Cabo Frio é apontada por historiadores como a sétima cidade mais antiga do Brasil. Sua história, embora esteja impressa em vários pontos turísticos, como Forte São Matheus, Charitas e Museu de Arte Religiosa entre outros, é conhecida ainda por pequena parte da população e vem despertando interesse e curiosidade num número crescente de visitantes. No entanto, até hoje não existe nenhuma política pública de investimento definida para o setor de turismo histórico na cidade.

Um dos trabalhos que mais ganhou visibilidade neste setor aconteceu no mandato do ex-prefeito Adriano Moreno (DEM): começou na gestão do empresário Radamés Muniz à frente da Secretaria de Turismo e foi ampliado quando o professor Paulo Cotias deixou a Superintendência de Turismo Histórico e assumiu a Secretaria após Radamés deixar o governo. Com a pandemia, as ações precisaram ser reduzidas, mas foram completamente suspensas em janeiro deste ano, quando José Bonifácio (PDT) assumiu a Prefeitura.

– O patrimônio histórico e cultural possibilita a realização de múltiplos roteiros de modo integrado. A roteirização histórica pode ser feita usando o mesmo eixo de fundação e de desenvolvimento da cidade até os dias de hoje, ou seja, dos tempos da fundação, passando pela cidade-rural, a era do sal, a dos serviços/turismo e o boom do petróleo. Monumentos como o Forte São Matheus, o Largo e a Igreja de São Benedito, Charitas, a Igreja Matriz, o Convento e a Fonte do Itajuru formam o eixo principal de visitações (articuladas ou individuais). Elas podem ser feitas a pé, com veículos ou por mar. Há a possibilidade de criar roteiros temáticos associando a história com as artes, usando marcos como a Biblioteca, o Charitas, o Mart, a Casa Scliar e o Espaço Torres do Cabo. Há, também, a possibilidade de integrar a história com a religiosidade, com a cultura em geral e suas manifestações. É possível associar a história à dimensão cívica, com a integração das instâncias de poder. É muito importante que tudo isso se torne um produto de prateleira para o trade e dê vazão educacional de visitação, algo essencial – comentou Paulo Cotias, que usou sua formação em historiador para dar mais visibilidade à criação de vários roteiros de turismo histórico no governo anterior.

Um dos primeiros projetos implantados quando Cotias ainda era Superintendente de Turismo Histórico foi o “Caminhos da História”, que atendia os alunos de escolas da rede municipal e particular. Os passeios aconteciam uma vez por semana e passava por locais históricos da cidade como o Solar dos Massa, Câmara de Vereadores, Igreja de São Bento entre outros. Alguns passeios eram realizados a pé, mas a equipe da Secretaria de Turismo também contava com o apoio de um ônibus fornecido pela Secretaria de Cultura. Em todo o trajeto, os alunos eram acompanhados por historiadores, que contavam a história e curiosidades sobre os pontos visitados, e respondiam várias perguntas.

– Fizemos o atendimento histórico no Forte, na Fonte do Itajuru, no Charitas, no Morro da Guia e na Igreja de Nossa Senhora da Assunção. Fizemos o Pôr do Sol Histórico no Morro da Guia, na Praia das Palmeiras, na Praia do Peró, Campos Novos e na Praia de Tamoios. Criamos o atendimento virtual histórico. Enfim, foi bastante coisa. E o número de visitantes era sempre muito alto. Seria muito bacana se isso fosse retomado, reformulado, recriado, rebatizado, não sei. O importante seria ter – comentou Cotias.

O projeto “Pôr do Sol Histórico” foi um complemento do Caminhos da História, lançado no primeiro semestre de 2017. A ideia era reunir pessoas que quisessem desfrutar de um belo pôr do sol, e ainda conhecer um pouco da história local, com um toque de música e poesia. Os encontros eram sempre temáticos. Na primeira edição teve músicas de Tim Maia e poesias do poeta Victorino Carriço. Todos os projetos eram realizados por funcionários da própria Secretaria de Turismo.

Sobre a paralisação de todas essas atividades, a Prefeitura de Cabo Frio informou que a suspensão foi necessária para readequação financeira “em virtude dos gastos necessários com a contratação de pessoal”. Informou, também, que a Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Lazer já reformulou o roteiro de turismo histórico do município, que estará disponível no site da Prefeitura e no aplicativo lançado nesta segunda-feira (27), durante o Fórum Municipal do Turismo.

De acordo com o secretário de Turismo, Esporte e Lazer, Carlos Cunha, roteiros curtos que poderão ser feitos a pé ou de carro já foram desenvolvidos. Também está programada para os próximos meses uma revitalização do mirante no alto do Morro da Guia.

– Os projetos para desenvolver o turismo histórico na cidade serão realizados de forma consciente e sustentável. O objetivo, acima de tudo, é garantir a preservação do patrimônio histórico e gerar renda para a população com o aumento das visitações – afirmou Carlos Cunha.

Enquanto as atividades de turismo histórico não retornam, a Prefeitura anunciou um curso de capacitação em turismo histórico para os guias de turismo de Cabo Frio que são cadastrados no Ministério do Turismo (Cadastur). A capacitação será realizada em parceria com o professor e historiador Acioli Júnior, que recentemente publicou livro com o roteiro ambiental e histórico de Cabo Frio. Esse projeto, segundo Carlos Cunha, tem como objetivo a valorização e o fomento do turismo histórico e patrimonial, utilizando roteiros curtos, a pé, em grupos restritos para retomada gradativa do turismo.

Ao todo, o curso será dividido em cinco módulos. O primeiro encontro será on-line com duração de 1h30. Já os quatro módulos seguintes serão presenciais, com duração de 3h cada um, com os guias de turismo já fazendo o roteiro. Como material de apoio, será disponibilizada uma apostila virtual com o conteúdo de cada módulo. As inscrições já estão abertas desde o último dia 27, e estão disponibilizadas de forma online, no site da Prefeitura (www.cabofrio.rj.gov.br).