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Volta do Ministério da Cultura é vista com cautela por classe artística

Agentes culturais querem conhecer planos do presidente interino para o setor

24 maio 2016 - 10h34Por Rodrigo Branco
Volta do Ministério da Cultura é vista com cautela por classe artística

Após grande pressão, o presidente interino da República Michel Temer recuou, no sábado, da ideia de extinguir o Ministério da Cultura para transformá-lo em uma secretaria vinculada ao Ministério da Educação (MEC).

Mesmo bem vista pela comunidade artística de modo geral, que tinha criticado a decisão anterior em matéria da Folha publicada no último fim de semana, a volta do MinC na gestão Temer ainda é encarada com reservas. Para o músico e cantor Junior Carriço, o presidente interino não esperava a repercussão negativa da sua decisão. Ele espera por renovação e ajustes na pasta.

– Essa geringonça chamada Brasil precisa de um Ministério da Cultura. Talvez precise passar por renovações. Seria necessário avaliar por exemplo a vigência e eficácia dos pontos de cultura. Muitos se transformaram em fonte de renda paras seus idealizadores e perderam o objetivo inicial ao se preocuparem apenas em receber dinheiro federal. A lei Rouanet também foi muito criticada pelo próprio ex-ministro (da gestão Dilma) Juca Ferreira. O Ministério de Cultura é imprescindível, é preciso que ele esteja vivo, tão vivo quanto o país – comenta o artista.

O grau da desconfiança com os rumos das políticas culturais do governo Temer está na ocupação da sede do ministério no Rio, que persiste. Na opinião da produtora cultural Virgínia Carvalho, que esteve no Palácio Capanema, a volta do ministério é apenas o primeiro passo para uma série de avanços que são esperados pelo setor.

– A volta do MinC é uma vitória de uma das batalhas. Mas existem outras a serem vencidas. É preciso também esperar para ver qual a linha de trabalho e política do novo ministro (Marcelo Calero) e do governo. Estive conversando com artistas e pessoas envolvidas na ocupação e o movimento não se trata só da volta do MinC, mas se trata também de uma luta pedindo novas eleições diretas para presidente. Essa nova gestão causa desconfiança na área, pois, uma das suas primeiras medidas foi a extinção do Ministério. Como diz o ditado: “gato escaldado tem medo de água fria” – diz.

Por sua vez, o músico Léo Barreto questiona os critérios para aplicação das leis de incentivo, em especial a lei Rouanet.

– Minha crítica não é à extinção ou não do Ministério da Cultura. Eu questiono é a liberação dos recursos, muitas vezes para quem não precisa. Projetos de artistas consagrados são liberados, enquanto os que precisam não têm acesso. Tenho um amigo, que apresentou um projeto de R$ 29 mil, valor muito menor que muitos outros por aí, e que não foi aprovado – reclama.