Rodrigo Branco
Nos últimos dias, ganhou impulso nas redes sociais uma campanha virtual que propõe a adoção de um ‘salário simbólico’ para os vereadores de Cabo Frio a partir do início do próximo mandato, em 2017, como forma de tirar a cidade da crise. No entanto, no que depender da intenção dos principais interessados, os próprios parlamentares, a ideia, de autoria desconhecida, mas que tem contado com bastante adesão, não deve sair do papel. O salário atual de um vereador é de R$ 9.970.
A campanha cabofriense vem na esteira de movimentos semelhantes promovidos em cidades do Sul do país e mesmo em municípios vizinhos como Araruama e Iguaba Grande. Com diferentes argumentos, mas unidos pela ideia de que um eventual corte nos vencimentos não ajudaria a melhorar a produção parlamentar, os vereadores ouvidos pela Folha não se animaram com a proposta. O vice-presidente da Casa, Vanderlei Bento (PSDB), por exemplo, a tachou de ‘hipócrita’.
– Você tem que lutar para que o político não roube, não deixe roubar e tenha um patrimônio compatível com o salário e, não, estimular a corrupção. Se o vereador recebe um salário mínimo, como ele vai fazer a campanha dele e gerenciar a sua vida? – indaga Vanderlei.
Defensor da ideia que políticos usem o sistema público de Saúde, Celso Campista (PSB) tem opinião diferente quanto a um eventual corte no salário.
– O que a população teria que fazer, com inteligência, é entender que o vereador ou qualquer pessoa que ganhe um bom salário, mas o gaste no município é bom para o próprio município. O que ele tem que se preocupar é com a corrupção – opina.
Em raro momento de concordância com os colegas em temas polêmicos, o líder da oposição Aquiles Barreto (SD) defende que a questão prioritária seria rever o duodécimo, quantia prevista no orçamento da Prefeitura – de 4 a 7% – para o funcionamento do Poder Legislativo.
– Só reduzir o salário do vereador não vai impactar nada nas despesas municipais. O que tem que ser discutido são os repasses para as Câmaras Municipais em todo Brasil. Eu também abri mão de muita coisa para ser vereador e é claro que a gente tem que ter um salário para isso, senão não consigo manter minha família – argumenta Aquiles.
Único a admitir que o trabalho poderia não ser remunerado, Adriano Moreno (PP), que é médico, prefere enfatizar a responsabilidade do cargo.
– Isso (salário) é insignificante num universo de problemas graves. A gente precisa é fazer que as nossas leis sejam cumpridas e a fiscalização seja intensa.
Valendo-se da Constituição, que atrela salários dos vereadores aos de deputados, Luís Geraldo (PPS) critica a iniciativa.
– O que me incomoda é esse direcionamento de que somos nós que sempre estamos atrapalhando. Se querem mudar, tem que vir de cima para baixo – diz.