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Política

Vereadora questiona discriminação por parte do governo municipal em São Pedro da Aldeia

​Por sua vez, prefeito Chumbinho aciona Claudinha na Justiça sobre insinuações de racismo

29 março 2019 - 10h56
Vereadora questiona discriminação por parte do governo municipal em São Pedro da Aldeia

Azedou a relação entre a vereadora de São Pedro da Aldeia Claudinha Gregório (PTB) e o prefeito Cláudio Chumbinho (MDB). Claudinha, que preside duas CPIs na Câmara – uma que investiga a merenda escolar e outra os contratos de toda a gestão municipal –, falou ontem com a reportagem que vê atitude discriminatória contra ela e o colega de plenário Ediel Teles (PDT), relator da CPI da merenda e negro assim como Claudinha.

Embora evite usar o termo ‘racismo’, a vereadora diz que a diferença de tratamento do poder público com relação a ela e ao colega “é nítida”. Claudinha se queixa de que seus requerimentos e indicações não contam com a boa vontade do prefeito Chumbinho. 

– Eu já tinha falado outras vezes, inclusive na sessão, porque muitas vezes o prefeito não atende ao meu pedido e ao pedido do vereador Ediel com relação a alguns requerimentos e indicações.  Fazemos pedidos em prol da população. A gente vê essa má vontade de responder. Por que logo comigo e com o vereador Ediel, que somos negros. Então a gente não entende o porquê dessa diferença. A gente questiona, não está afirmando (que seja racismo) – disse, alegando que há distinção no tratamento.

A parlamentar relata ainda que após a instalação das CPIs, o prefeito pediu comprovação de gastos com gabinete, segundo a vereadora, apenas para ela, que acredita em retaliação. Chumbinho, por sua vez, rechaçou as insinuações. Ontem, inclusive, o prefeito fez uma interpelação judicial a Claudinha, dando-lhe 24 horas para explicar as afirmações que fez, sob pena de processo por calúnia. Ele alega que diversos cargos na administração municipal são ocupados por pessoas negras.

“Caso Vossa Senhoria não tenha conhecimento, a querida e competente Secretária de Saúde do Município de São Pedro da Aldeia é negra, o competente Presidente do Instituto de Previdência é negro, a Subsecretária de Educação é negra, o Chefe de Gabinete é negro, dentre outros tantos servidores que dignamente dedicam seu tempo exercendo suas funções com carinho e dedicação”, diz o documento. 

Em meio às rusgas entre o prefeito e a vereadora, o trabalho das duas CPIs segue. No caso da comissão que investiga os contratos da prefeitura, ontem foram enviados os ofícios para solicitar informações das secretarias. No da merenda escolar, um obstáculo: o secretário de Educação, Alessandro Teixeira, e o procurador-geral do município, Cristiano Oliveira, negaram-se a passar as informações. 

Em documento enviado para a reportagem pela assessoria de comunicação da prefeitura e também pela própria vereadora, Alessandro e Cristiano alegam que houve ‘desrespeito aos ditames legais e constitucionais’, já que ‘não foi dada ciência do que trava o requerimento, nem o critério para a composição da CPI’, portanto, reservando-se ao ‘direito de não produzir provas contra si’.

Claudinha havia pedido não apenas os contratos da merenda, como os nomes dos membros do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) e as atas da eleição desses conselheiros. A vereadora afirma que resolveu pedir a abertura da CPI por causa de denúncias de vários pais de que os alunos tinham apenas biscoito e suco para comer na merenda. No caso da CPI dos contratos, ela cobra a realização de processo seletivo em vez da assinatura de contratos imediatos.

– Vou continuar com todo o trabalho sendo feito normalmente. Não podemos deixar que falte merenda na escola e nós queremos saber porque faltou. A gente quer saber de onde vem esses contratos imediatos. Por que não houve democracia, por que não fez o processo certo. É esse o nosso objetivo. Não posso perder o foco nesse momento. Muitas vezes eu o questiono em relação a certas situações porque há essa discriminação mas eu não posso perder o foco, que são as CPIs – finaliza a vereadora.

As CPIs têm prazo de 60 dias para conclusão, podendo ser prorrogadas pelo mesmo período, hipóteses que já é considerada provável, pela demora na obtenção dos documentos.