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ELEIÇÕES 2020

Rodrigo Gurgel: "Quero que todo cabo-friense tenha orgulho de dizer que é daqui"

Terceira entrevista da série da Folha com prefeitáveis de Cabo Frio é com o candidato do PSL

17 outubro 2020 - 14h03Por Rodrigo Cabral e Rodrigo Branco

A série de entrevistas da Folha dos Lagos com os candidatos a prefeito de Cabo Frio prossegue com o empresário Rodrigo Gurgel Soares, que concorre pelo PSL. Rodrigo Gurgel tem 33 anos e participa de um pleito eleitoral pela primeira vez. O candidato a vice-prefeito na chapa é o vigilante Patrick Gaspar, de 34 anos.

Folha dos Lagos – Por que deseja ser prefeito? Qual legado quer deixar para a cidade?

Rodrigo Gurgel – Meu desejo de ser prefeito cresceu junto da minha revolta com a situação política da nossa cidade. Eu sei todo o potencial que a política tem nas mãos certas. Prova disso é a própria cidade de Colatina, que hoje é exemplo para o país inteiro. Mas os políticos já estão tão viciados com o poder, que não se trata mais de uma questão de colaborar com a população ou com o crescimento da cidade. Virou uma carreira. Sempre os mesmos, sempre políticos. Isso tem que acabar. Por isso quero que meu legado seja uma cidade transformada. Uma saúde funcional, uma educação modelo, um turismo de qualidade, ao invés desse modelo predatório, que só destrói a cidade. Quero que nossas crianças tenham lembranças da Cabo Frio de 2021-2024, como um verdadeiro canteiro de obras. Quero que todo cabo-friense tenha orgulho de dizer que é daqui.

Folha – Como retomar o desenvolvimento, gerando emprego e renda, após um cenário de  pandemia?

Gurgel – Emprego e renda já eram deficiências em Cabo Frio muito antes do início da pandemia e todo esse cenário caótico só potencializou esse problema. Dezenas de empresas fechando, milhares de pessoas desempregadas e nenhuma ação por parte do poder público para amenizar esse baque. Só há uma forma de solucionar isso e é com investimento. “Ah Rodrigo, mas a cidade está quebrada e você fala em investimento?”. Pois é. Como eu sempre digo, não sou político, sou empresário. Como gestor, estou acostumado a gerenciar momentos de crise e enxergar neles oportunidades. Precisamos sim, investir na cidade. Em infraestrutura para atrair empresas e indústrias que queiram investir aqui. Vou em busca dessas empresas e oferecer incentivos fiscais, redução de impostos e em contrapartida exigir que 70% do efetivo seja de moradores da cidade. Precisamos investir muito no Turismo também. Nesses pós-pandemia, muitos que haviam se programado pra viajar para o exterior, por exemplo, estão se reorganizando e buscando destinos aqui mesmo no Brasil. Esse é o momento de Cabo Frio entrar no mapa do turismo de qualidade de novo. Do turista que vem gastar, consumir, contribuir com a cidade.

Folha – Os municípios da região tiveram índice baixo no Ideb. Como mudar esse cenário e quais seus planos para a Educação?

Gurgel – Primeiro, precisamos entender que o índice de desenvolvimento da educação depende de muitos fatores extras sala de aula. Essa criança está bem alimentada? Tem acesso a uniforme, material escolar? Estuda perto de casa ou precisa pegar ônibus, se desgastando no deslocamento para outro distrito? Isso acontece muito em Cabo Frio. Os salários dos funcionários da Educação estão em dia? Estão satisfeitos? As escolas têm a infraestrutura necessária? Se a resposta para qualquer uma dessas perguntas for ‘não’, o índice de desenvolvimento dessa criança já estará comprometido. Ultimamente, no nosso município, a maioria das respostas tem sido ‘não’. Por isso, nosso plano é, inicialmente, uma reestruturação: salários em dia, infraestrutura escolar, reformas das unidades; o básico. Não podemos falar em construir, sem antes oferecer toda a estrutura necessária. Vamos promover também uma reorganização das vagas, para evitar que crianças estudem muito longe de suas casas, como acontece hoje em dia. Crianças que moram no Jardim Esperança, mas estudam em Tamoios, por exemplo. Iremos incluir no currículo escolar o ensino da ética e cidadania e economia doméstica, contribuindo para uma geração de cidadãos mais conscientes e responsáveis. Afinal, as crianças são o futuro da nossa cidade.

Folha – Quais suas principais propostas para a Saúde?

Gurgel – Saúde é uma área que necessita de muita atenção e todo investimento possível. Estamos falando da vida das pessoas. Infelizmente essa é uma das áreas mais abandonadas pelo atual prefeito, alvo de críticas de toda a população. Hospitais fechados, sem insumos, sem o básico. Vamos estruturar nossa saúde. Recuperar e equipar nossos hospitais. O resultado do caos da saúde atualmente são filas e filas de pessoas à espera de um simples exame. Para solucionar isso implantaremos o ‘Mutirão da Saúde’, que dará um fim às intermináveis filas. Nossa proposta é uma parceria com os hospitais e clínicas particulares do município. A Prefeitura irá contratar esses espaços no horário noturno, das 20h às 8h, aproveitando o baixo movimento desses espaços nesses turnos. Chega de esperar na fila, de madrugada, para marcar um exame para daqui a cinco, seis meses. É um projeto que já deu certo em outros lugares do país e que fará toda a diferença na vida de quem precisa de um exame ou diagnóstico. Outro problema que afeta diretamente quem depende da Saúde no nosso município, é a falta de medicamentos. Estão sempre em falta, e segundo relatos de pessoas que fazem uso contínuo, só conseguem pedindo a vereador A ou B. Isso é absurdo. Pensando nisso, iremos criar a Corregedoria da Saúde, que irá fiscalizar de perto essa pasta. Periodicamente, faremos entrevistas sigilosas com todos os funcionários, inclusive o secretário, para incentivar denúncias e inibir desvios.

Folha – Quais as principais políticas que serão adotadas para o Turismo?

Gurgel – Nossa cidade tem um potencial turístico enorme, que vem sendo desperdiçado há anos. Muitos podem estranhar o que estou falando e pensar que, volta e meia, a cidade fica cheia e é aquele caos que todos conhecemos. Mas esse é justamente o turismo predatório do qual sempre falo. Vem pra cá, sujam tudo, não consomem e nem deixam dinheiro na cidade e vão embora. Mas antes de adotar qualquer política para o Turismo, precisamos nos estruturar para atrair o turista de qualidade. Na praia, por exemplo, padronizar completamente a nossa orla e implementar o mesmo projeto que já funciona em boa parte do país, de oferecer as concessões do comércio ambulante e das barracas das praias a gestores de turismo e investidores desse ramo. Isso irá gerar uma receita enorme pra cidade, tanto pelo valor pago pelas concessões como pelo aumento do fluxo turístico. Temos também o ‘Natal Iluminado’, que será ali na Lagoa das Palmeiras, onde iremos inaugurar uma árvore flutuante de 40 metros, que atrairá turistas de todo o estado. Isso já existe no Rio de Janeiro, com a famosa árvore da Lagoa que é financiada por empresas privadas e movimenta absurdamente a economia local. Só no ano passado ela gerou um ganho de R$ 190 milhões. É possível tocar esse projeto em nossa cidade. Temos esses projetos e muitos outros em nosso plano de governo.

Folha – O que o candidato pensa em relação a políticas afirmativas para mulheres, negros e LGBTs?

Grugel – Primeiramente, não acredito em políticas afirmativas para classes. Acredito em políticas afirmativas para toda a sociedade. Acho, sim, que o respeito deve ser incentivado e precisa ser um pilar, pois vivemos em comunidade. Mas acredito que políticas afirmativas são aquelas que melhoram a vida de todas as pessoas. Mães que querem e precisam trabalhar, por exemplo, mas não tem com quem deixar seus filhos. Não tem creche, não tem nada. É aí que a política entra. É o jovem que precisa de um emprego, seja ele branco ou negro. É todo um conjunto de demandas comuns. Suprir essas demandas é o objetivo do nosso trabalho.

Folha – Quais suas principais propostas para o Esporte?

Gurgel – Muito se fala sobre os benefícios que o esporte traz para a saúde nas mais diversas faixas etárias, principalmente através da perspectiva da redução dos riscos de doenças ao longo do tempo e na melhoria da qualidade de vida. Em Cabo Frio, é possível desenvolver todo um cenário propício a essa prática, apenas com planejamento e boa vontade política. Pensando nisso, nossas propostas são: programas de incentivo às práticas de esportes e realização de eventos esportivos, como passeios ciclísticos, maratonas, torneios e competições entre escolas; estímulo aos sistemas de ensino público estaduais, federais e municipais a dinamizarem as práticas esportivas no ambiente escolar; criação das Olimpíadas Municipais, envolvendo todas as unidades escolares da rede municipal e categorizando alunos por série e idade; investir na manutenção de espaços públicos adequados às práticas esportivas e ao lazer (academias ao ar livre); reformar os Ginásios Poliesportivos e praças dentro das comunidades; transformar o esporte e o lazer em pilares fundamentais das ações de combate às drogas e a violência dentro das comunidades; criar um calendário esportivo, realizando torneios, jogos e festivais como, por exemplo, basquete, vôlei, capoeira, artes marciais, tênis de mesa, xadrez e outras modalidades; criar o projeto ‘Cabo Frio Atleta’ para a prática de esportes como: canoa havaiana, surf, triátlon, vôlei de praia, dentre outros; promover um intenso programa de capacitação profissional entre os professores, monitores e demais profissionais da educação física; desenvolver política de captação de recursos e busca de parcerias junto à iniciativa privada e outras instâncias de governo.

Folha – Quais suas principais propostas para a Cultura?

Gurgel – Antes de mais nada, precisamos ter em mente que tudo a nossa volta é cultura. Nossa cidade tem uma cultura muito rica, que vem sendo negligenciada há muito tempo. Temos a cultura pesqueira, que é um elemento muito forte aqui, temos nossa culinária, muitas festas e comemorações que se perderam com o tempo. Isso sem contar na falta de incentivo aos nossos artistas locais. Precisamos recuperar tudo isso. Por isso, iremos resgatar a qualidade das festas tradicionais e culturais da cidade: Carnaval, Natal, Réveillon e outras. Vamos criar um centro de tradição cultural e um programa municipal de valorização dos artistas locais. Criaremos também o programa ‘Cidade On-line’, para instalação de wi-fi, nos principais pontos e praças da cidade, facilitando o acesso do cidadão à internet. Implementaremos ainda o projeto ‘Cultura na Porta’, que levará atividades culturais a todos os bairros de Cabo Frio. Serão disponibilizadas três lonas itinerantes que irão percorrer a cidade permitindo o acesso de todos à nossa cultura. Assim será possível promover a preservação e ampliação de nosso patrimônio artístico-cultural e o estabelecimento de uma política pública comprometida com nossa história, tradições e cultura local.

Folha – Quais os projetos do candidato para qualificar e ampliar a atuação da Guarda Municipal na Segurança Pública?
 
Gurgel –
A Guarda Municipal é nossa força auxiliar de segurança e deve ser reconhecida e valorizada como tal. Ela deve ter equipamento adequado, material de trabalho, viaturas, treinamento; tudo o que não temos hoje em dia. Mesmo sem mandato, em uma de minhas idas à Brasília, consegui emendas e verbas para melhor equipar nossos guardas. Sempre tive em mente que temos um potencial muito maior do que é utilizado atualmente. Um dos nossos projetos para a segurança é a criação de um centro de monitoramento, que será operado pela Guarda, que trabalhará em conjunto com a Polícia Militar. Nosso objetivo é transformar nossa guarda num modelo para toda a região.

Folha – Quais as prioridades em relação à infraestrutura da cidade?

Gurgel – É até difícil falar em prioridades na infraestrutura em um cenário como o nosso, onde falta tudo. Não temos asfalto de qualidade, não temos um sistema de escoamento eficiente. Em boa parte do município, não temos saneamento básico, e aparentemente nem direito à água, pois a sensação é de que a Prefeitura virou às costas para as reclamações dos moradores com relação às inúmeras negligencias da Prolagos. Por isso, iremos adotar medidas que visem a minimizar esses danos causados pelas más gestões. Dentre elas, a criação da primeira usina de massa asfáltica fria de Cabo Frio, a fim de produzir o material necessário para as obras de pavimentação. Vamos aumentar a taxa de cobertura da rede coletora de esgoto; promover a operação ‘tapa-buraco’, que é a manutenção do asfaltamento nas vias públicas do município; a remodelação da iluminação das vias públicas, praças, e principalmente nas áreas afastadas; a reforma e modernização do Boulevard Canal do Itajuru; a reforma da Orla da Praia, Praça das Águas e quiosques; a reforma do Píer Transatlântico, pois atualmente ele está completamente deteriorado, impossibilitando um turismo náutico de qualidade, inclusive em épocas de visitação de grandes navios; a urbanização do centro de Tamoios. Também vamos reavaliar o contrato do município com a concessionária Prolagos, visto que o serviço oferecido pela empresa não tem sido satisfatório e muito menos responsável para com a população. Caso não haja solução por parte da empresa, vamos requerer a saída do município do consócio Lagos São João.

Folha – Quais as principais políticas que serão adotadas no Meio Ambiente? Especificamente sobre a Lagoa de Araruama, quais as ações viáveis do município para revitalização?

Gurgel – Nossa cidade sempre é lembrada por suas lindas praias de águas cristalinas, por muitos anos foi considerada a capital da Região dos Lagos, o que atrai muitos turistas. Por isso, precisamos analisar que quando não há planejamento, organização e estrutura, os bens naturais são mal aproveitados, rendem menos que sua capacidade e podem ser perdidos. Sendo assim, nosso plano é reordenar nossas praias e áreas públicas naturais e recuperar as áreas de restinga; o ordenamento imobiliário e saneamento básico adequado para os bairros dentro do perímetro do Parque Natural Municipal do Mico-leão-dourado e suas zonas de amortecimento; o plano de gestão das lagoas de Cava – Tamoios; a revitalização das lagoas e para uso sustentável de abastecimento, turismo, esporte, lazer, agricultura, piscicultura e outras atividades pertinentes; a integração as lagoas de cava como área de amortecimento do Parque Municipal Natural do Mico-leão-dourado. Também vamos fazer auditoria e análise dos contratos e aditivos firmados com a concessionária Prolagos, responsável pelo abastecimento de água e saneamento básico. Quanto à nossa Laguna de Araruama, iremos promover uma revisão técnica do sistema tempo seco de tratamento de esgoto; o estudo técnico de redirecionamento do resíduo tratado pela Prolagos; a revitalização de pontos do entorno da laguna na cidade, regiões de restinga, mangue e campos gramados e de areia, permitindo o uso dessas áreas de forma sustentável e uma reestruturação da guarda-marítima para melhor controle em períodos de defeso, pontos de esgotamento sanitário clandestino e qualquer tipo de degradação relacionado às praias, laguna e seu entorno.

Folha – De que maneira o município pode ser mais independente dos repasses dos royalties? Como enxerga um cenário caso o regime de partilha dos royalties seja alterado no STF?

Gurgel – Nossa cidade não pode depender de royalties. Nunca pôde. Se hoje estamos nessa situação, é por conta da irresponsabilidade das últimas gestões que não souberam administrar os recursos que tinham em mãos. Como empresário e gestor, tenho plena noção de todos os erros que foram cometidos. Mas quem aponta problema, precisa vir com solução, por isso tudo o que foi dito anteriormente em relação à geração de emprego e renda, turismo de qualidade, se enquadra no nosso plano de soluções. Precisamos movimentar nossa economia e fomentar nosso turismo para não depender mais dos royalties. Cabo Frio tem um potencial enorme. É possível e dá pra fazer.

Folha – Como resolver o problema dos atrasos de servidores e aposentados?

Gurgel – Todo o nosso problema com atraso de pagamento, tem a mesma culpada: a corrupção. Se o dinheiro não vai pra onde tem que ir, existe um responsável. Se o servidor e o aposentado não recebem em dia é porque esse dinheiro foi desviado do seu destino. A maneira de solucionar esse problema é fechar a torneira de corrupção e dar fim a essa cultura nojenta que se instalou na política de nossa cidade.

Folha – Quais os principais projetos e políticas públicas direcionadas para a população de Tamoios?

Gurgel – Como morador de Tamoios, sinto na pele o peso das nossas demandas. O Segundo Distrito precisa do básico. Não adianta encher o povo de promessas, enquanto não temos nem hospital, saneamento básico, asfaltamento, emprego. Nosso plano pra Tamoios compreende tudo isso. Vamos estruturar o Segundo Distrito e, diferentemente do que temos visto nas gestões anteriores, não haverá distinção entre eles. Tamoios precisa de atenção da Prefeitura, e de alguém que olhe para os problemas e queira resolvê-los. Eu sou esse cara. Um dos nossos projetos para Tamoios é um Polo Industrial na Agrisa, que irá gerar emprego, renda e estrutura pro nosso Distrito. O local é perfeito, fica a poucos quilômetros de uma entrada da BR-106 e trará muitos benefícios para toda a cidade. É possível e dá pra fazer.

(*) O entrevistado desta segunda-feira (19) será o atual prefeito e candidato à reeleição Adriano Moreno, do DEM.