Acabou o milho, acabou a pipoca. O velho ditado popular enquadra-se perfeitamente para descrever a atual situação financeira de Cabo Frio. Depois de três meses de aumento nas receitas, impulsionado pelo pagamento do IPTU, a realidade agora é outra. Sem o ‘extra’, que deve bater na casa dos R$ 35 milhões – estimativa ainda sem o fechamento do mês de março – o governo terá que contar moedas e apertar os cintos, ou seja, cortar despesas com pessoal, custeio e investimentos. O secretário de Fazenda, Clésio Guimarães, afirma ser necessário enxugar 20% em toda a máquina municipal, mas deixa claro que a palavra final será do prefeito Marquinho Mendes (PMDB) em conjunto com o secretário de Administração, Deodoro Azevedo.
– A queda de arrecadação em abril já estava prevista. Está dentro do planejamento. Sei administrar, mas não sei fazer milagre. Para administrar é preciso reduzir pessoal e despesas. Precisamos botar as coisas nos trilhos para que não tenhamos dificuldades – afirma.
Mas se o receituário amargo inevitavelmente prevê demissões e outros cortes, o secretário garante que a população não pagará a conta da crise. Para engordar os cofres, Clésio conta com o dinheiro proveniente da cobrança judicial da Dívida Ativa, hoje em torno de R$ 400 milhões. Ele acredita que pelo menos a metade desse valor possa ser recuperado por meio das execuções.
– A realidade do município e do país não permite o aumento de impostos. Eu, pessoalmente, sou terminantemente contra o aumento de imposto. O caminho é cobrar a Dívida Ativa e enxugar a máquina – comenta Clésio.
Aliás, os secretários já estão sendo obrigados a fazer o dever de casa. A Prefeitura divulgou ontem que está fazendo um censo em toda sua estrutura para saber o número total de servidores e onde estão lotados. As informações servirão de base para a reforma administrativa a ser implantada. Segundo a Administração, quem não fizer o recadastramento até o dia 15 terá o pagamento bloqueado.
Enquanto o trabalho não é concluído, não se sabe quantos servidores serão dispensados. Uma reunião entre o prefeito e os secretários para discutir esse e outros assuntos estava agendada para o fim da tarde de ontem, mas não tinha terminado até o fechamento desta edição.