Nada como uma crise econômica aguda como a que vive o estado do Rio para fazer os gestores públicos cortarem na própria carne. Depois de atitudes semelhantes tomadas por alguns prefeitos como Alair Corrêa (PP), em Cabo Frio, e Aluizio Santos Junior (PV), em Macaé, é a vez do governador do estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB) decidir pelo corte no próprio salário.
A medida foi tomada depois de uma reunião na manhã de ontem no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio. Além do governador, o corte de 10% nos vencimentos atingirá também o vice, Francisco Dornelles (PP) e todos os secretários estaduais. Com a iniciativa, o salário de Pezão que era de R$ 21.868,14 passa a ser R$ 19.682. Já os de Dornelles e dos secretários serão reduzidos de R$ 18.421,99 para R$ 16.579, enquanto o dos subsecretários passarão de R$ 16.579,79 para R$ 14.922.
Mas o pacote de contenção de despesas não se resume à redução salarial no primeiro escalão do governo.
Em dívida com fornecedores e concessionárias de serviços públicos e com dificuldades para pagar os salários – o do mês de novembro dos funcionários que ganham mais R$ 2 mil, por exemplo, foi pago em duas vezes – o governador resolveu cortar carros oficiais e celulares funcionais do Poder Executivo. As medidas devem ser publicadas no Diário Oficial do Estado na próxima segunda (14) ou terça-feira (15).
Além do pacote anunciado, o governo do estado estuda promover uma ampla reforma administrativa, com extinção de mais de 300 cargos e incorporação de autarquias e empresas públicas a secretarias. Um novo local para abrigar o maior número possível de pastas e repartições estaduais também está sendo procurado, a fim de reduzir as contas de energia elétrica e os gastos com segurança. Com os cortes, Pezão espera fazer uma economia entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões.
– Todo o esforço que estamos fazendo para fazer essa travessia entre 2015 e 2016. As receitas estão caindo muito, o recolhimento de impostos. A inadimplência de empresas cresce muito. Vamos reduzir mais ainda nossos custeios – comentou Pezão, em entrevista ao RJTV.
No caso da Saúde, as dificuldades financeiras ganham contornos de queda de braço. No caso da UPA, por exemplo, o estado já anunciou que não pretende retomar as unidades de Cabo Frio, contrariando a intenção da prefeitura.