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Política

Oposição ganha fôlego e acena com CPI na Saúde

Por sua vez, secretário de Governo afirma que base governista é sólida

18 outubro 2019 - 19h40
Oposição ganha fôlego e acena com CPI na Saúde

A um ano das eleições municipais, aumenta a pressão sobre o governo na Câmara de Cabo Frio. O bloco de oposição ao prefeito Adriano Moreno (DEM) ganha corpo e conta com dois novos membros: a antes governista Letícia Jotta (PSC) e Vaguinho Simão (PPS), embora o último prefira definir-se como ‘independente’. As adesões mexem com a correlação de forças e podem causar problemas, sobretudo para explorar a crise na Saúde municipal. 


Aliás, Letícia já busca assinaturas para emplacar uma CPI a fim de investigar as possíveis irregularidades no setor. Até o momento, a parlamentar afirma ter conseguido metade das seis assinaturas necessárias para protocolar o pedido. Na sessão de anteontem, Letícia fez duras críticas a Adriano, a quem chamou de ‘frouxo’ e, sobretudo, ao líder do governo, Vinícius Corrêa (PP), a quem acusou de tramar a sua saída da base de apoio por causa do pedido de CPI. À Folha, ela também não economizou farpas aos desafetos. 


– Foi uma articulação feita pelo líder do governo Vinícius Corrêa para me tirar da base por causa da CPI. A gente vê logo que algo tem para não querer abrir uma CPI. O prefeito mandou o secretário de governo me dispensar. Não teve coragem de falar comigo. Eles que aprendam a trabalhar porque sei que incomodo por que trabalho muito. Eles que se preparem pois eu sempre cobrei, agora vou contar muito mais. E ao vereador que tem medo do meu trabalho comece a trabalhar porque vai ficar ruim pra ele – declarou.
Embora declare-se independente, Vaguinho é visto como oposição pelos governistas. Procurado, repetiu a teoria, mas lançou farpas ao prefeito, chamando a gestão de ‘desgoverno’. 


– Continuo meu trabalho independente, fiscalizando as atitudes do governo e parabenizando os acertos. O que aconteceu na última sessão foi o líder do governo me identificar como oposição e eu, em tom de brincadeira, falei que a partir daquele momento estava oposição.  Deixo claro que minha atuação continuará sendo independente, me opondo ao desmantelamento da cidade. Claro que hoje, com o desgoverno que comanda a cidade, se necessário fosse definir oposição ou situação, naturalmente seria oposição, até pelo meu posicionamento há tempos na tribuna.  Ser oposição ou base do governo é indiferente quando o que está em jogo é o interesse da população – disse.


O ataque não foi bem recebido por Vinicius, que reagiu a Letícia, na tribuna. Ele ironizou a declaração da vereadora que disse ter tido ‘um livramento’ ao sair da base governista, dizendo que sentiu a mesma coisa. Ele negou que tenha tramado a saída de Letícia do bloco de apoio a Adriano. 


– Eu já fui oposição e até para ser oposição é preciso direcionamento. Tem que ter postura nessas ocasiões. Quem tem autoridade pare escolher base e oposição é o prefeito. Não é líder de governo, não é secretário de governo, ninguém. E quem faz o caminho para ser base ou oposição é o próprio vereador. Isso é muito importante. Nós fizemos nosso caminho. Já fui muito feliz na oposição, mas sem atacar ninguém – alfinetou.


Articulador do governo junto à Câmara, Miguel Alencar adotou um discurso conciliatório, mas disse que a vereadora, de fato, não fazia parte dos planos políticos com relação à atuação do governo na Câmara. Sobre Vaguinho, o secretário não demonstrou surpresa. Ela garante que a base do governo é sólida e conta com 11 vereadores.


– O Vaguinho já não é base há um tempo. Quanto à Letícia, gosto muito dela, nos ajudou muito, ela tem a forma dela de trabalhar. Cada um tem a sua. Ela fazia parte de uma composição existente que, agora, vimos que não seria a melhor para gente. Isso foi decidido essa semana, conversei com ela. Mas o foco acaba direcionado para a liderança do governo. Isso faz parte do jogo político, é normal – afirma.


Líder da oposição, Rafael Peçanha (PDT) viu as movimentações com naturalidade e disse que receberá os colegas ‘de braços abertos’. 
– Essa questão da oposição é um processo natural. A população continua muito insatisfeita e decepcionada com o governo, o que é pior do que o péssimo. E isso se reflete nos vereadores que estão constantemente nas ruas e atentos aos clamores da população. E que bom que reflete, a Câmara tem que ser cada vez mais a Casa e a voz do povo – comentou.