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‘O momento de romper é agora’

Campeão de votos, Vanderlei Bento projeta voo político solo da família em breve

01 agosto 2015 - 10h44

O vereador Vanderlei Bento (PSDB) tem pouca idade, 28 anos, mas muitos votos. Mais precisamente 3.691. A marca faz dele o segundo vereador mais votado da história da cidade, atrás apenas do seu pai, o vice-prefeito Silas Bento, nas eleições de 2008. Tamanho poderio eleitoral faz da família uma das mais cobiçadas no processo político na cidade. E é essa condição aliada à insatisfação com o papel de coadjuvante no Governo que faz o clã sonhar com voos mais altos, talvez já no ano que vem. É o que conta Vanderlei na terceira entrevista da série ‘Na Tribuna’, com os parlamentares de Cabo Frio.
Folha dos Lagos – No episódio em que seus colegas faltaram, na semana passada, por causa de compromissos diversos, entre eles, a entrega de cestas básicas: os vereadores têm dificuldade para saber suas verdadeiras funções?
Vanderlei Bento – O que aconteceu é que o Executivo fez um evento de cunho social muito importante, que foi a entrega das cestas básicas, no mesmo horário da sessão. Acho que o vereador entende o seu papel, só que, sendo muito honesto, se o vereador só fizer o seu papel burocraticamente, formalmente falando, ele não ganha nem para síndico de prédio. E o povo ajuda nessa cultura porque ele não sabe para que serve o vereador. O povo não vem à Câmara para fazer uma lei e sim pra resolver problema particular. Só que a gente tem que ter carinho com o povo, porque quem o viciou assim foram os próprios políticos. Então o povo virou refém de uma cultura para que quanto menos pensasse no voto, melhor e, nesse contexto, o vereador tem que se enquadrar ao que o povo quer, porque quem elege é o povo.
Folha – Mas você, como político jovem, não poderia ajudar a mudar essa cultura?
Vanderlei – Cabo Frio precisa de uma terceira via urgentemente. Na verdade, a gente vive numa política de dois grupos que, se misturados, entendidos e estudados, são um só. A população quer algo novo, e o Silas e o Vanderlei Bento podem ter uma participação nessa mudança. Agora, a população tem que entender a mudança, porque não adianta ela querer e na hora de acreditar nessa proposta, achar que só tem dois grupos. Esses grupos são tradicionais, fizeram coisas positivas para a cidade, mas o povo quer mais, uma política de desenvolvimento. Hoje vivemos uma política para a política. Não para o futuro, e sim para o mandato, imediatista.
Folha – Do que fala exatamente?
Vanderlei – Ninguém quer fazer uma política para plantar e colher daqui a 20 anos. Todo mundo quer plantar uma árvore já enraizada e bonita para o povo ver. A cidade precisa de mais do que isso porque, um dia, os royalties vão acabar. E o que a cidade tem hoje? Temos que pensar nos nossos filhos, netos, parentes e na nossa própria vida. Porque a gente gosta de viver na nossa cidade. Eu sou apaixonado por Cabo Frio, agora, se continuar esse mesmo estilo de política, a cidade vai se esgotar.

Folha – Você e o seu pai sempre tiveram votações expressivas. Com esse patrimônio eleitoral, vocês não pensam num projeto político próprio já para o ano que vem?
Vanderlei – A população espera uma resposta da família Bento. Considero meu pai o fiel da balança em qualquer grupo. Tanto pelo segmento evangélico, como pela política visceral que ele faz. Ele está na rua todos os dias, de manhã até a noite. E isso o povo admira. Só que existe uma questão que quando a gente entra para um grupo e consegue ser o fiel da balança, perde o valor depois disso. A gente só tem valor na hora da conquista e da articulação, depois fica no baixo clero. Meu pai não tem uma secretaria, não foi aproveitado de maneira alguma e ele é uma pessoa muito competente. Dentro do quadro que estamos vivendo, acho que ele teria espaço na máquina gestora do Governo. A gente é cobiçado; a família Bento é trabalhadora e está de frente para o povo. Então acho que o momento é de romper é agora. A cidade não tem dono. A política passa e ela continua a ser Cabo Frio. Acho que chegou a hora a família Bento deixar de ser o fiel da balança e ser a balança.
Folha – Na prática isso significaria uma candidatura já no ano que vem?
Vanderlei – Nada confirmado. Quem está falando aqui não é o Silas Bento, é o Vanderlei. Quero deixar isso claro. Não é o anúncio a candidatura do meu pai. A gente vai conversar com nosso grupo e ver o que a população deseja para tomar uma decisão. A gente vai para o diálogo, para saber o que o povo quer. E uma política inovadora.
Folha – Mas a sua leitura é a de que seu pai e o seu grupo não têm o espaço merecido?
Vanderlei – Não é espaço de um modo quantitativo, e sim na hora de tomar decisões e ser ouvido. Na hora de serem formados quadros administrativos.
Folha – O prefeito centraliza demais as decisões em um grupo muito restrito?
Vanderlei – Todo governo é assim, mas o Alair ficou essa marca de centralizador, mas todo governo existe essa centralização. Essa é uma das mudanças que a gente oferece à população. Os secretários com poder de decisão e não apenas estarem lá por alianças políticas. As alianças vão continuar, não sejamos hipócritas, mas que isso não comprometa o futuro da cidade.

*Leia a entrevista completa na edição impressa da Folha dos Lagos deste final de semana.