O ex-prefeito de Cabo Frio Marquinho Mendes está cada vez mais longe de conseguir o registro de sua candidatura à Prefeitura da cidade na eleição municipal do ano que vem. É o que garantem especialistas ouvidos esta semana pela reportagem da Folha dos Lagos. Além de ter tido as contas de 2017 e 2018 rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE/RJ) e a de 2017 rejeitada também pela Câmara de Vereadores, no mês passado ele também teve uma sentença negativa por problemas com a prestação de contas do carnaval. Agora, é alvo de dois processos movidos pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por associação criminosa e peculato.
Segundo advogados, somente as contas de 2017 rejeitadas pelo TCE e pela Câmara já seriam suficientes para impedir a candidatura de Marquinho até 2026, principalmente agora que a votação da minirreforma eleitoral (que poderia salvá-lo) foi adiada no Congresso. Mas ele ainda teve a de 2018 rejeitada pelo TCE (e pendente de votação no legislativo municipal). Conforme a Folha informou em dezembro de 2019, o voto do relator Rodrigo de Melo Nascimento foi acompanhado pelos colegas devido a um comprometimento de 66% da receita corrente líquida com a folha de pagamento, muito acima dos 54% exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Caso a Câmara também confirme essa decisão, Marquinho estaria mais uma vez inelegível. Segundo recente entrevista do presidente da Câmara de Cabo Frio, Miguel Alencar, ao jornalista Moacir Cabral, na coluna Informe, ainda não há data para a votação acontecer.
– Entendemos a importância da votação das contas dos gestores públicos e estou empenhado em regularizar todas para o devido julgamento. Há contas pendentes dos ex-prefeitos Adriano Moreno, Aquiles Barreto, Marquinho Mendes e Alair Corrêa. O nosso compromisso com a sociedade é que todas as contas sejam julgadas até o fim da nossa presidência – garantiu, sem dar datas.
Na última sexta-feira o Ministério Público formalizou denúncia contra Marquinho Mendes. No novo esquema denunciado pelo MPRJ, Marquinho teria se beneficiado da nomeação de funcionários “fantasmas”.
Ele também é acusado de participar de um esquema conhecido como “rachadinha” (quando o gestor público fica com parte do salário dos servidores). Segundo o MPRJ, foram identificados 105 depósitos em dinheiro na conta do ex-prefeito, totalizando cerca de R$ 345 mil.
Nas redes sociais, o ex-prefeito postou um vídeo dizendo que foi surpreendido com a notícia de uma denúncia do MPRJ contra ele.
– Eu falo com muita tranquilidade, de quem tem 30 anos de vida pública. De quem já foi prefeito, vice-prefeito, deputado estadual, deputado federal, vereador e presidente da Câmara. Na minha vida eu só fiz mudar a vida dos cabo-frienses atendendo gratuitamente como médico, fazendo projetos que revolucionaram essa cidade como a passagem a R$ 1, o Café do Trabalhador, o Hospital da Criança, o Centro de Reabilitação, as escolas padrão e tantos outros. Meu compromisso e minha organização sempre foram com o povo cabofriense, e continuam sendo. Eu quero tranquilizar que, primeiro, denúncia não tem comprovação de fatos, e que nós já fizemos nossa primeira defesa, e eu estou tranquilo quanto à minha inocência. E quero mesmo que seja averiguado, porque quando você não deve, você não teme. Eu estou tranquilo, confiando na justiça dos homens, mas, mais do que isso, confio na justiça de Deus.
