As eleições municipais do ano que vem terão o protagonismo de nomes considerados novos no cenário político regional, mas isso não significa dizer que os figurões possam ser considerados carta fora do baralho. Mesmo inelegíveis, alguns ex-prefeitos de Arraial do Cabo e Cabo Frio buscam manter-se no jogo sucessório para participar, ou pelo menos, influenciar no pleito.
No município cabista, a disputa pela cadeira de Renatinho Vianna (PRB) passa obrigatoriamente pelos movimentos feitos pelos ex-prefeitos Henrique Melman (PDT) e Wanderson Cardoso, o Andinho (MDB). O veterano político pedetista, de 88 anos, precisa primeiro se resolver com a Justiça, uma vez que ele foi condenado pela Vara Única de Arraial do Cabo em março deste ano por danos ao erário e enriquecimento ilícito. Por ser decisão de primeira instância, cabe recurso.
Além da multa de quase R$ 75 mil, Melman está inelegível até março de 2023. Por meio de sua assessoria, o ex-prefeito, que governou a cidade entre 2001 e 2008, garantiu que é pré-candidato pelo PDT e disse que vai entrar com recurso nesta semana. Ele criticou os políticos que mantêm aproximação com o partido para tentar se candidatar no seu lugar.
– Só posso pensar que, como meus adversários políticos, eles não têm nada para falar de mim. Também não têm projetos para a cidade, a não ser a própria eleição, então ficam tentando desacreditar minha candidatura, ignorando o fato de que o processo cabe recurso. Assim sendo, tentaram, primeiramente dizer que estou velho demais para ser candidato e agora, que estarei inelegível no ano da eleição. Quero esclarecer que sou velho sim, mas também sou experiente e honesto e aos 88 anos não seria pré-candidato se não soubesse das minhas possibilidades.
Nas redes sociais, ele se manifesta diariamente, com opiniões sobre assuntos do município e fotos de reuniões políticas e visitas a comunidades, como uma feita recentemente ao distrito de Monte Alto.
Por sua vez, Andinho mantém o silêncio e a discrição, agindo nos bastidores. O ex-prefeito cabista entre 2009 e 2016 entrou com recurso para questionar a reprovação de suas contas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) no último ano de mandato; decisão que foi referendada pela Câmara Municipal, deixando-o inelegível por oito anos.
Andinho não foi localizado para comentar os planos, mas em entrevista publicada pela Folha recentemente, demonstrou confiança de que terá condições de disputar e descartou alternativas ao seu nome. Ainda assim, Dudu de Nardinho; Walter Lúcio Tê e até a mulher do ex-prefeito, Rosana Brito, são nomes considerados nos bastidores como possíveis candidatos pelo seu grupo.
– Não tem plano A, B, C ou D. Sou candidato e tenho certeza que, em breve, poderemos acalmar os ânimos da oposição – disse à reportagem, no fim de março.