Marquinho: "Não adianta aumentar a arrecadação e não reduzir o custo fixo"
Dividindo o tempo entre a atividade parlamentar como deputado, em Brasília, e as reuniões para a definição da futura equipe de governo, o prefeito eleito de Cabo Frio, Marquinho Mendes (PMDB) deu na segunda-feira o pontapé inicial para a transição, ao formalizar na Prefeitura um pedido de acesso aos dados da gestão municipal.
Ele espera por dificuldades na transição por conta da animosidade com o atual prefeito, Alair Corrêa (PP), mas, mesmo assim, Marquinho se reúne para fazer projeções com a futura equipe econômica, a ser encabeçada pelo já anunciado secretário de Fazenda, Clésio Guimarães. Sobre os demais membros do primeiro escalão, ele desconversa e diz que os nomes ventilados na cidade não passam de especulação.
– Mais do que de nomes, estamos falando de ações – afirma.
Folha dos Lagos – Você tem comentado sobre novidades para os próximos dias. O que tem feito?
Marquinho Mendes – Ontem (anteontem), oficializamos a solicitação de transição junto ao atual prefeito. Protocolamos o pedido para que deem liberdade para nossa equipe começar a examinar os dados. Esperamos resposta. Também já comecei a trabalhar com a futura secretária de Educação, Laura Barreto, para constituir a nossa equipe. Na semana que vem, vamos sentar com o Sepe e os conselhos de Educação para avaliar o que será feito do ano letivo de 2016. Também vou visitar as escolas, para avaliar as condições delas, uma vez que deixei todas com excelente estrutura e agora estão todas deterioradas. Na Saúde, estou me reunindo com um grupo de médicos para começar a traçar o planejamento, assim como na Ordem Pública. Falo de Postura, da limpeza, dos serviços essenciais e também da alta temporada.
Folha – Você falou que fará a transição com os ‘dados possíveis’. O que quer dizer?
Marquinho – Particularmente, não creio que (Alair) vá possibilitar a transição. Dentro do possível é tentar descobrir a situação através de amigos, de dados que possam nortear o nosso trabalho, uma vez que o Portal da Transparência está escuro.
Folha – E com relação aos secretários? Os nomes que estão sendo ventilados têm algum fundamento?
Marquinho – É tudo especulação. Vou anunciar isso nos próximos dias. Não defini nenhum nome, apenas os que já anunciei: Clésio Guimarães Faria, na Fazenda; Laura Barreto, na Educação e Deodoro Azevedo, na Administração. E Carlos Magno de Carvalho, que vai para a Procuradoria-Geral do município. Mais do que de nomes, no momento, estamos falando de ações.
Folha – A UPA vai ser mesmo reaberta? Quando?
Marquinho – Ontem (anteontem) mesmo conversei com o secretário estadual de Saúde (Luiz Antônio Teixeira Junior). Semana que vem, ele estará em Cabo Frio para visitar a UPA fechada e levantar os dados necessários para que a gente possa dar uma data precisa. Quero reabrir a UPA, mas ainda não posso dar à população uma data com certeza para não gerar expectativa.
Folha – O formato adotado em São Pedro, onde a UPA tornou-se apenas pediátrica, é um modelo que pode ser copiado?
Marquinho – Não creio, porque o Estado está falido. A UPA de São Pedro é 100% paga pelo governo do Estado. Não vai ser o caso de Cabo Frio. Quero parceria para reabri-la.
Folha – Dependendo da situação financeira que encontrar, descarta pedir um empréstimo para resolver a situação?
Marquinho – Infelizmente, só será possível saber o tamanho do buraco quando assumirmos. Vou fazer um ofício para que o Ministério Público participe da auditoria que vamos fazer. Com relação ao empréstimo, tudo o que disser é apenas especulação. Não posso falar sobre o que está obscuro. Prefiro avaliar para então tomar uma decisão.
Folha – Com relação ao réveillon, vai fazer algo?
Marquinho – O atual prefeito não vai fazer. Tentaremos entrar em contato com empresas que possam arcar com os custos e receber o retorno de mídia. Talvez possamos fazer com uma estrutura mínima, mas só se for apenas com dinheiro privado. Prefeitura não entra com um centavo.
Folha – No que pensa para aumentar a arrecadação?
Marquinho – Trabalhamos em relação a algumas medidas não apenas para aumentar a arrecadação mas para reduzir o custo fixo. Não adianta aumentar a arrecadação se não reduzir o custo fixo. Precisamos dar credibilidade ao governo para incentivar que a população pague os seus impostos. Também vamos fazer uma campanha para que as pessoas passem a emplacar os carros na cidade. Não vamos aumentar impostos, mas incentivar as pessoas a pagá-los. E vamos fiscalizar, o que hoje não existe.
Folha – Pretende enxugar a máquina administrativa?
Marquinho – A gente vai reduzir, quero trabalhar de forma enxuta, reduzir secretarias e cargos comissionados. Já que eu fui o número 15 (na eleição), gostaria de trabalhar com 15 secretarias, mas pode ser menos. Nesse número já vão estar incluídas a Procuradoria, a Controladoria e a chefia de gabinete.
Folha – Na Câmara dos Deputados, você vai votar a favor da aprovação da PEC 241? O congelamento dos investimentos na Saúde e na Educação não prejudicará os municípios?
Marquinho – Meu partido já se colocou favorável. Sou a favor do posicionamento do partido. Sou deputado do PMDB e sigo a orientação partidária. Não acho que há congelamento e sim uma flexibilização nos investimentos. O país tem que tomar medidas para torná-lo viável. A questão do teto nos gastos públicos é importante para moralizar o país e fazê-lo voltar a crescer. (Nota da Redação: Apesar do posicionamento favorável à aprovação da PEC, Marquinho não participou da votação na noite desta terça-feira (25). A proposta foi aprovada em segundo turno na Câmara com 359 votos a favor, 116 contra e duas abstenções).