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DIÁLOGO

Marcelo Freixo: "A gente precisa fazer política com quem votou no Bolsonaro, mas está arrependido"

Deputado federal e pré-candidato a governador do PSB falou sobre o cenário político nacional e estadual e da passagem pela Região dos Lagos

05 dezembro 2021 - 10h30Por Redação

Em visita a Cabo Frio na semana passada, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) somou às suas costumeiras críticas ao governador Cláudio Castro (PL) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL) um ingrediente pré-eleitoral. Apontado nas pesquisas como líder na corrida ao Palácio Guanabara, ele esmiuçou à Folha como andam as articulações para 2022.

Pelo menos oito siglas são procuradas para uma possível grande aliança progressista. Freixo esteve na cidade acompanhado de diretores do PT no Rio, o que sinaliza o caminho aberto para receber em seu palanque o ex-presidente Lula. Já com o pedetista Rodrigo Neves a aliança sai, diz Freixo, nem que seja no segundo turno.

Folha dos Lagos – A região é bastante conservadora e isso ficou claro com a eleição de Bolsonaro e Witzel em 2018 com grandes votações. Como pretende dialogar com esse eleitorado mais resistente a pautas progressistas?

Marcelo Freixo – Acho que a situação de 2018 não se repete para 2022, é um cenário diferente. Eu tenho dito que entendo bastante quem votou em Bolsonaro em 2018, o que é bem diferente de quem apóia Bolsonaro hoje. Bolsonaro não está em primeiro em nenhuma pesquisa, o que mostra que quem votou em Bolsonaro se arrependeu. É um governo incompetente e responsável pelas mortes em grande escala na pandemia porque não comprou vacina, porque gerou corrupção na compra de vacina. O próprio presidente não se vacinou, o que inimaginável em termos de representação de atraso. Nenhum líder mundial teve o comportamento que Bolsonaro teve na pandemia e todos nós enterramos alguém que a gente ama. Então a população que votou porque estava indignada com a política, e com razão, que estava sem perspectiva e entendeu que Bolsonaro poderia representar aquilo que nunca representou como deputado, isso não necessariamente vai se repetir em 2022. O Brasil tem de média de desemprego o dobro da média do mundo. E o Rio de Janeiro tem uma média de desemprego maior que a do Brasil. A do Brasil é 14% e o Rio é de 18%. Se o Rio de Janeiro fosse um país teria o maior desemprego do mundo. Então o governo Bolsonaro e o governo Cláudio Castro, no Rio de Janeiro, representam o governo da fome, da milícia e do fundo do poço. Então a gente precisa fazer uma outra política, agora isso tem que ser feito com quem votou no Bolsonaro, que teve essa indignação, cólera e que foi movida por uma ilusão de algoritmos com falta de perspectiva, mas que está arrependido. Mas a gente tem que dialogar com essas pessoas propondo algo. Por isso eu estou em Cabo Frio, estive ontem em Araruama e estou rodando o interior para ouvir das pessoas o que a gente tem que fazer. Eu tenho que vir à região, olhar no olho, estar perto das pessoas para entender quais são os problemas e o que cabe a um governador, e o Rio não tem um governador há muito tempo, fazer. É o que a gente está fazendo aqui: dialogando mesmo com quem votou no Bolsonaro, mas dentro de uma proposta muito real de outra política.

Folha – Você acredita que em 2022 a pauta nacional vai se espelha na disputa do Governo do Estado?

Freixo – É inevitável. Acho que a eleição nacional, de alguma maneira, vai aparecer em todas as eleições estaduais. Vai ser uma eleição muito intensa. E uma eleição que a gente tem que tomar muito cuidado para não ser uma eleição violenta. O Brasil não precisa de mais violência do que já tem. Mas o governo Bolsonaro dividiu esse país como nunca antes. É uma sociedade miliciana: das armas, da violência e da intolerância. Então a gente vai ter em 2022 uma eleição que vai ser quase um plebiscito sobre a Constituição de 1988. Se ela vai continuar valendo ou não. É a eleição mais importante da nossa história. Agora, eu tenho plena confiança que nesse pós-pandemia, quando a gente tornar a vida mais próxima dos nossos desejos, a gente vai querer mudança. Então é uma eleição de extrema importância, que não tem como não ser nacionalizada em cada estado. Ainda mais no Rio de Janeiro, no sentido de ser o lugar de onde o Bolsonaro saiu. Então aqui eu acho que vão ter que dar uma resposta a esse bolsonarismo, a essa maneira de fazer política com ódio e com raiva. E derrotar Bolsonaro no Rio ou o seu candidato no Rio, que foi o candidato que levou o Rio a ser governado por uma máfia. Tem uma máfia que governa o Rio de Janeiro, que está chegando nas instituições, uma máfia que chega nos territórios. Imagina 58% do território da cidade do Rio dominado pela milícia e 15% pelo tráfico. Você vai em alguns bairros de Cabo Frio e o tráfico já tomou com armamento pesado, que era inimaginável há dez anos atrás em Cabo Frio. Então o estado do Rio não tem governador. A gente precisa oferecer um governo para o Rio de Janeiro.

Folha – O que você acha dessa busca por uma terceira via, em nome de uma pretensa polarização entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula?

Freixo – Eu estava conversando há pouco tempo com o ministro [do STF] Alexandre de Moraes, a quem eu tenho muito respeito, e a gente falava que é preciso tomar cuidado com essa ideia de polarização. Você pode não concordar com Lula, mas o Lula nunca propôs o fechamento do Congresso, nunca foi uma ameaça ao Supremo e nunca dividiu esse país da maneira que o Bolsonaro dividiu. Então não tem Lula e Bolsonaro representando a mesma coisa. Bolsonaro representa uma ruptura da democracia, um país marcado pelo ódio, pela raiva e pela ameaça. Isso é uma coisa que não está polarizada com nada. Polarização é o que tivemos entre Lula e Fernando Henrique Cardoso; entre PT e PSDB. Isso foi uma polarização de idéias, de projetos e de um bom debate político, que cabe na democracia. Bolsonaro não representa isso. Uma sociedade armada, uma sociedade violenta. Atos para fechar Congresso, para fechar Supremo, fake news. O Brasil não precisa mais de divisões, de raiva e de ódio que já tem hoje. Então, nesse sentido, precisamos deixar as coisas claras de quem representa o quê. As pesquisas indicam que Bolsonaro, mesmo com todas as atrocidades que cometeu, ainda é um candidato competitivo. Seja porque tem a máquina, seja porque tem uma horda de seguidores. E o Lula está na frente do Bolsonaro porque, afinal de contas, está numa disputa e muita gente entende que o viveu no governo Lula é muito melhor do que vive hoje. As outras candidaturas são todas legítimas, eu só acho difícil que outra candidatura seja possível substituir uma dessas duas, a não ser uma que uma dessas candidaturas retire a de Bolsonaro, mas aí não seria  terceira via, seria a segunda. Mas o debate democrático, a gente está a dez meses da eleição, já está muito antecipado. Vai se intensificar muito a partir do início do ano que vem. Mas o mais importante é a gente garantir que a Constituição de 88 continue valendo, que a gente fortaleça a democracia, que a gente fortaleça o bom e respeitoso debate da política, sem violência. 

Folha – Em relação ao ex-presidente Lula, como tem sido o seu diálogo com ele? Há alguma conversa no sentido de formar um palanque único para ele no Rio?

Freixo – As conversas são as melhores possíveis, tanto com ele quanto com a bancada do PT, e com a direção do PT no Rio de Janeiro, que está me acompanhando aqui em Cabo Frio. Eu não tenho dúvida da importância de criarmos uma grande aliança não só para ganharmos a eleição, mas para governar o país. O Brasil precisa de governança e que não pode ser uma governança baseada em orçamento secreto, como Bolsonaro hoje governa. Não pode ser baseada em corrupção. A gente precisa de uma governança ampla. Por isso que é muito importante setores do centro estarem dialogando e a gente fazer um palanque amplo para garantir uma vitória de Lula, mas também uma forma de governar. Que Lula possa governar o Brasil a partir de um amplo diálogo e que a gente possa repactuar as forças políticas e democráticas do Brasil e tirar esse extremismo. O Brasil não precisa do extremismo bolsonarista. Então a gente precisa fortalecer a democracia e, se a gente puder dar um palanque forte para o Lula no Rio de Janeiro, faremos isso e é isso que a gente está construindo aqui. E acho que a eleição para os governos do Rio, São Paulo, Minas, em todo o Nordeste, vai ser muito importante para essa estabilidade política. Eu acho que o governadores vão cumprir um papel muito estratégico na governança do Lula, na forma dele governar. Os governadores poderão dar estabilidade ao governo Lula, o que nós vamos precisar muito nos próximos anos.

Folha – E como essas conversas para uma coalização se refletem aqui no Rio? Como tem sido as suas conversas com as forças de centro-esquerda, como o pré-candidato do PDT, Rodrigo Neves? Existe alguma possibilidade de fechar uma aliança? 

Freixo – Acho que a gente tem fazer um debate muito responsável, a gente não pode se dividir. Tenho hoje um amplo debate com o PT; com o PSB, que é onde estou; com o PC do B e a Rede. Nós queremos a chegada do PV, do PSOL e do PDT. Com o PSOL e PV, por não terem candidaturas, esse debate provavelmente será mais fácil. A gente tem muito respeito pelo PDT, muito respeito pela pessoa do Rodrigo. Conheço o Rodrigo desde criança, fui professor com Édson, pai do Rodrigo. Então o conheço de longa data e tenho muito respeito por ele. E é uma pessoa muito importante, assim como o PDT, na nossa chapa. A gente quer caminhar junto. Se não for no primeiro turno, será no segundo. Mas a gente quer que seja no primeiro. A gente quer que tenha a capacidade de mostrar que estamos juntos, pensando no país e no Rio de Janeiro. Porque o Rio de Janeiro está numa situação muito grave. Não é hora de cada um de nós pensar no próprio partido, a gente tem que pensar grande. É preciso ter responsabilidade nesse momento. O Rio tem desemprego, tem milícia, tem fome e é governado por uma máfia. A gente não vai sair disso pelo modo fácil, instantaneamente. A gente vai precisar de diálogo, e vai precisar de todo mundo. Eu acho que é papel de todo mundo que pensa num Rio melhor. 

Folha – Na sua opinião, a entrada do general Hamilton Mourão muda alguma coisa na corrida pelo governo do estado?

Freixo – Muda para o atual governador. Para mim, não muda nada. O atual governador que deve estar sem dormir por causa disso, eu não.

Folha – Em relação à Segurança Pública, como você vê esse processo de interiorização da violência, que acomete também a Região dos Lagos? Qual sua opinião sobre a atual política de segurança no estado do Rio?

Freixo – Eu me dedico ao tema da segurança pública há muitos anos na minha vida. E eu sei como é uma família ser destruída pela violência. Eu perdi um irmão assassinado, vi meu pai e minha mãe enterrarem meu irmão. Então, eu sei o que é ver uma família ser destroçada. E nunca fiz da vingança uma maneira de agir politicamente. Nunca troquei justiça por vingança. Então é muito importante que a gente traga o tema da segurança pública com responsabilidade. A gente precisa chamar a polícia para um grande projeto de recuperação. E eu estou fazendo isso. Estou conversando com pessoas que já comandaram a PM, que já comandaram a Polícia Civil, quadros importantes da polícia, tanto Civil como Militar. Estou conversando com Polícia Rodoviária Federal, conversando com amplos estudiosos da segurança pública. A gente tem que modernizar a polícia, tornar a polícia eficiente. Você não pode ter 40% dos homicídios sem solução no estado do Rio de Janeiro, que é uma das maiores médias nacionais. Você tem uma crise muito profunda de autoridade. E aí quando você tem crise de autoridade, não tem governo que tenha autoridade, sobra autoritarismo. Precisa ter um governador que a polícia olhe e respeite. E sabe que não é um bandido que vai passar para o seu sucessor a sua tornozeleira. A gente precisa entender que o Rio de Janeiro precisa quebrar uma tradição de máfia governando o Rio e que se espelha, evidentemente, na falta de perspectiva da ação policial.  Nós temos que ter um grande plano com o Governo Federal de enfrentamento ao crime organizado. Eu quero, a partir de um governo do Governo Estadual, chamar a Marinha para fiscalização da entrada de armas e munições na Baía de Guanabara. Eu quero chamar a Polícia Rodoviária para um grande plano de gestão integrada de fiscalização das rodovias. Eu quero enfrentar o crime organizado na circulação do seu dinheiro, no mercado financeiro. Eu quero trabalhar com inteligência e tecnologia. Tem muita coisa para ser feita, tem caminhos, tem gente para isso. Mas tem que ter governador, a gente não tem governador com autoridade. Tem um governador que foi investigado pela polícia e que sabe que, a qualquer momento, pode ser preso. Você não pode ter um governador que tem insônia porque não sabe se vai estar em liberdade no dia seguinte. E isso chega a vida real das pessoas, nos lugares mais pobres. Olha para Cabo Frio: tem regiões dominadas pelo tráfico. A milícia começa a chegar em Cabo Frio. Um lugar espetacular como esse não pode ter a vida de tantos moradores destinados pelo crime organizado. O Rio precisa da ordem e da lei e não da ordem do crime. Então esse é um divisor de águas no Rio. O Rio não suportará mais quatro anos na mão de uma máfia corrupta que perde territórios e que governa junto com o crime. 

Folha – Por que essa problemática das milícias avançou tanto desde a época em que você presidiu a CPI na Alerj? O que houve nesses 13 anos para que houvesse um avanço tão grande desse grupos paramilitares?

Freixo – A CPI das Milícias foi uma das mais importantes da história do Rio de Janeiro. Ela mudou a segurança pública do Rio. Não à toa, que virou filme, [Tropa de Elite 2], o maior público da história do cinema, para contar o que foi uma CPI de uma Assembleia estadual. Isso não é corriqueiro. Então a CPI das Milícias foi muito forte. Ela levou a prisão de mais de 200 milicianos entre eles deputados, vereadores. Todos os líderes de milícia foram presos. O relatório da CPI diz onde tinha milícia, como ela funcionava e quem eram os milicianos. A CPI das Milícias muda a opinião pública sobre milícia. Então é uma CPI muito vitoriosa. A gente teve muita coragem de fazer aquilo ali, mas mais do que isso, o relatório traz 58 propostas concretas. Você tem que ir no dinheiro do crime. Não adianta só prender os lideres, você tinha que tirar o transporte alternativo das mãos deles e criar um sistema de transporte dos municípios que atendesse a população mais pobre. Você não podia deixar a milícia continuar dominando a entrega de gás como domina, aí tráfico e milícia fazem a mesma coisa. Você não pode deixar a internet de uma região, inclusive aqui em Cabo Frio, ser dominado pela milícia. Você tinha que ir nos serviços, tinha que ir na economia, tirar o território. Tem que entrar com ocupação social, tem que entrar com o estado olhando para essas pessoas mais pobres e dizer “é aqui que eu tenho que governar” e isso não foi feito porque a milícia elege gente. A milícia ajuda a eleger gente. A milícia transforma o seu domínio econômico e de território em domínio eleitoral. Aí acaba elegendo senadores, deputados, acaba ajudando a eleger prefeitos. E o tráfico vai começando a fazer a mesma coisa. Tem que enfrentar milícia e tráfico igualmente, mas tem que ter coragem para enfrentar e tem que tirar deles o dinheiro.

Folha – Como você vislumbra o enfrentamento à pobreza no interior do estado?

Freixo – Isso está acontecendo no Brasil inteiro. Estive em São Paulo há pouco tempo e fiquei muito assustado. Estou falando de uma cidade que é uma das maiores da América Latina, potente economicamente. A quantidade de moradores de rua morando nas praças é assustador. Então esse é um problema crônico de um país que tem desigualdade. Tem que enfrentar a desigualdade social, tem que ter programa de assistência. Nesse sentido, é uma tragédia sem precedentes o Bolsonaro ter terminado com o Bolsa Família. É claro que votamos com responsabilidade, aprovamos o Auxílio Brasil porque a gente não pode ver as pessoas morrendo de fome. Mas isso devia ser feito com a ampliação do Bolsa Família, que tem através dos Cras uma forma de chegar em todas as casas. Ter uma política de assistência, onde você saiba onde tem uma criança com deficiência, onde tem saneamento básico, onde não tem. Você tem Cadastro único, você tem informação municipalizada na vida das pessoas. O Bolsa Família deveria ter sido ampliado, é um programa que existe há 18 anos, premiado no mundo inteiro. Você trocou o Bolsa Família, um programa de assistência reconhecido no mundo inteiro por um Pix eleitoral. Agora, aqui em Cabo Frio, eu visitei uma coisa que eu já tinha conhecido em Maricá, que é o pai dessa ideia, que é a moeda social. É uma medida que os governos têm que fazer e o governo do Rio de Janeiro tem que estimular, tem que ser parceiro dos prefeitos. Existe a moeda social aqui, eu fui visitar, conversei com os comerciantes, num bairro simples de Cabo Frio. A moeda social está gerando emprego, gerando renda, aquecendo a economia. Em Maricá, tem uma cidade inteira gerando uma economia. Já tem banco da moeda social em Maricá. Então essa é uma alternativa que o governador tem que espalhar pelo estado inteiro, porque ajuda a desenvolver, combatendo a desigualdade social. O próximo governo do Rio e o próximo governo do Brasil têm que ser o governo do combate à desigualdade, do desenvolvimento, do emprego e do combate à fome. Essa é a agenda do Brasil e do Rio nos próximos anos.

Folha – Nas suas conversas aqui por Cabo Frio, o que mais te chamou atenção como pontos a serem desenvolvidos?

Freixo – Conversei com o setor relacionado à pesca, tem muita reclamação da dificuldade em desenvolver a atividade pesqueira numa área que é muito importante. Então, acho que a gente precisa ter um canal de negociação, de escuta. Muita reclamação do Inea, não da boa fiscalização, mas da burocracia, da demora e do desrespeito. Reclamação foi o que mais ouvi, mas também ouvi propostas. Investir no aeroporto é o que cabe ao governador. Isso pode trazer recurso, pode trazer investimento, pode trazer um outro turismo para a região.  É sentar e dialogar com os pescadores, abrir alternativa, que passa por programas como, por exemplo, o camarão de cativeiro, o que se pode fazer hoje em dia. O saneamento da Lagoa, isso é muito importante de  criar uma agenda que possa ser diferente. E eu vou me reunir com o setor de turismo para ouvir deles: os guias, da rede hoteleira, dos profissionais. Porque essa é uma atividade que é, sem dúvida alguma, muito importante. Para além da moeda social, porque são experiências muito positivas e tudo que dá certo numa cidade tem que levar para as outras. Ouvi que falta um governador que chame o prefeito de todas as cidades da região e faça um calendário de turismo anual. Porque não pode ter um prefeito de Búzios disputando com o de Cabo Frio quem vai fazer a atividade tal e quem vai levar mais turista para um lugar ou para o outro. Se você tiver um governador que não seja preguiçoso, que tenha atitude, você vai chamar o prefeito de Búzios, de Arraial, de Cabo Frio, de Saquarema, de Araruama, e dizer “vamos fazer um projeto de turismo para o ano inteiro, um calendário e todo mundo vai ganhar”? Aí o governo do estado coordena isso. Então falta governo. Foi o que eu mais ouvi.

Folha – Como está a sua relação atual com o PSOL? O processo da sua saída pode ser algo que impeça um diálogo de aproximação? Quais as razões que o fizeram deixar o partido?

Freixo – Eu sou o líder da minoria lá no Congresso Nacional, onde o PSOL faz parte. Minha relação com bancada do PSOL é ótima. Minha relação com a militância do PSOL é de muito diálogo, de muita fraternidade. Ficou muito carinho. Claro que qualquer separação tem tristeza, mas muito respeito. Eu acho que eles vão caminhar com a gente nessa aliança, no tempo deles. E serão muito bem-vindos. Mas não ficou nenhum mal estar. A minha ida para o PSB, de quem eu prefiro falar, é para formar uma grande aliança no momento em que o Brasil precisa ser governado por uma grande aliança. A gente precisa de um partido capaz desse diálogo, apaz dessa união, capaz desse pacto. Que tenha o PSOL, que tenha o PT, que tenha o PV, que tenha a Rede, mas eu acredito que o PSB, por isso eu o governador Flávio Dino fomos juntos para o PSB, justamente por essa crença. Do PSB ser no século 21 esse partido agregador, e fazer uma grande frente de enfrentamento às conseqüências do governo Bolsonaro.