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Maioria do eleitorado, mulheres ainda têm pouca voz na política

Na região, são apenas sete vereadoras entre os 82 parlamentares

27 fevereiro 2016 - 15h40Por Rodrigo Branco
Maioria do eleitorado, mulheres ainda têm pouca voz na política

Só não vê quem não quer. Após séculos de opressão por parte dos homens, o poder feminino a cada dia se faz mais presente em todos os campos da sociedade. Mas na política, como em outros setores, a evolução ainda se dá a passos lentos. Na semana em que completou 84 anos da instituição do voto feminino no Brasil – por meio do Decreto 21076, de 24 de fevereiro de 1932 – a Folha levantou dados do próprio Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro para confirmar que, se o eleitorado feminino hoje é maioria, a participação na vida pública em cargos eletivos não obedece à mesma proporção.

A Região dos Lagos segue a regra e tem praticamente o mesmo percentual de voto feminino do país. Nas eleições de 2014, por exemplo, dos 422.767 eleitores aptos a votar, 221.356 foram mulheres, o que representa 52,35%. Por outro lado, embora a autoridade máxima do país, a presidenta Dilma Rousseff (PT) esteja no segundo mandato, a representatividade feminina nos palácios e nas casas legislativas de todo o país ainda é pequena. Dos sete municípios da região, apenas Iguaba Grande e Saquarema têm mulheres como chefes do Executivo – Grasiella Magalhães (PP) e Franciane Motta (PMDB), respectivamente. Quando se fala nas Câmaras municipais, a situação se agrava: apenas sete vereadoras em um universo de 82 parlamentares.

Para a presidente da comissão da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil de Cabo Frio, Ana Carolina Barreto, os dados são consequência das “raízes do machismo de uma sociedade patriarcal”. De outro lado, ela acredita que, apesar de tímida, existe uma evolução no quadro.
– A instalação das cotas para a participação da mulher na política é um grande passo que, apesar de ser incipiente, mostra que a mudança está acontecendo. Se a mulher pode gerir os anseios familiares, por que não desempenhar um papel social com competência, transparência e eficiência – questionou a advogada, para quem “o debate sobre o tema é fundamental”.

A discussão sobre as cotas a que se refere a presidente da OAB Mulher está parada, no momento, na Câmara Federal. A proposta de emenda constitucional 98/2015, que já foi aprovada em dois turnos no Senado depois de rejeitada na própria Câmara, estabelece reserva de vagas para mulheres nas três próximas legislaturas, exceto no próprio Senado. Mas a dificuldade de conseguir respaldo dentro do próprio partido e, ao menos, se candidatar, ajuda a explicar o ‘funil’. Tomando como base o último pleito municipal, há quatro anos, nos sete municípios da região, foram apenas 413 candidatas dos 1.339 postulantes (30,8%) a uma cadeira de vereador. Para prefeito, o percentual foi ainda menor: dos 25 candidatos a prefeito, apenas quatro (16%) foram mulheres.

Uma das sete deputadas estaduais que hoje atuam na Assembleia Legislativa, a Márcia Jeovani (PR) é membro da Comissão Permanente de Defesa da Mulher e da Comissão Especial do Empoderamento da Mulher no Esporte e na Política, que tem como pauta questões de interesse público e dos movimentos feministas. De acordo com a deputada, a participação feminina deve ser feita “de forma consciente”.

–Temos que eleger mulheres comprometidas com a transformação da sociedade, uma luta por liberdade, autonomia, igualdade e justiça para todos. Mulher que tenha personalidade e que não seja manipulada por alguém. Em março, estaremos agendando uma reunião em Araruama para ouvirmos as mulheres que são representantes de diversos segmentos na Região dos Lagos – comentou.