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ELEIÇÕES 2020

João Carrilho: "Sei que ainda tenho muito o que fazer por Búzios e por nosso povo"

Candidato a prefeito pelo PRTB é o entrevistado desta quarta (21) na sabatina promovida pela Folha

21 outubro 2020 - 16h00Por Rodrigo Cabral e Rodrigo Branco

Na série de entrevistas que a Folha promove com os candidatos a prefeito de Armação dos Búzios, o sabatinado da vez é o advogado João de Melo Carrilho. Aos 31 anos, João Carrilho concorre pela primeira vez à Prefeitura de Búzios, mas já participou de outras eleições, sendo eleito vereador em 2008. A candidata a vice-prefeita na chapa é a professora Roseli Alves Simas, de 51 anos.

Folha dos Lagos – Por que deseja ser prefeito? Qual legado quer deixar para a cidade?

João Carrilho – Bom, para falar de legado, tenho que contar minha história com Búzios. Fui eleito vereador em 2008, sendo o mais jovem presidente de Câmara do Brasil, com apenas 19 anos. Desde então, tenho lutado para garantir o desenvolvimento da nossa cidade, além disso, já fui secretário, chefe de gabinete e também sou formado em Direito e em Gestão Pública. A minha vida é voltada para a minha cidade. Sou um apaixonado por Búzios. Sei que tenho muito ainda o que fazer por essa cidade e pelo nosso povo. Agora olhando para o futuro, precisamos desenvolver ainda mais a cidade, é preciso olhar para o potencial turístico com profissionalismo, que coloque uma gestão técnica na saúde e faça uma educação com excelência. 

Folha – Como retomar o desenvolvimento, gerando emprego e renda, após um cenário de pandemia?

Carrilho – Em todas as reuniões que participo, essa pergunta sempre é levantada e respondo com muita tranquilidade. Primeiro ponto é entendermos a nossa vocação natural para o Turismo. Precisamos estruturar uma macroestratégia de desenvolvimento econômico, levando em conta o nosso Plano Diretor. Devemos discutir formas de flexibilização, sem colocar a vida das pessoas em risco. Segundo ponto, devemos intensificar a divulgação do nosso balneário para as cidades do nosso país – no meu plano de governo eu abordo mais aprofundado sobre um programa de Marketing turístico – mostrar nossas belezas e dizer que o turista pode vir para Búzios com segurança e cuidado. Outro ponto importante, e está no nosso plano de governo, é buscar a capacitação do nosso jovem para o primeiro emprego. Não só capacitar, mas também abrirmos as portas de trabalho através de incentivos fiscais ao comerciante que emprega esse jovem que não tem experiência.  Isso é cuidar da nossa gente, é proposta para cuidar do nosso povo.

Folha – Os municípios da região tiveram índice baixo no Ideb. Como mudar esse cenário e quais seus planos para a Educação?

Carrilho – Precisamos fazer muito pela educação buziana, mas devemos falar também que Búzios, entre as cidades da Região dos Lagos, foi a segunda melhor em notas em relação a 4ª e 5ª série e a segunda melhor entre 8ª e 9ª série, no ano de 2019, ficando atrás apenas de Iguaba Grande. A Educação será prioridade no nosso governo e por isso, fiz questão de ter ao meu lado uma vice que é professora e concursada do nosso município, por isso escolhi a Roseli Alves. Agora como prefeito, vou cuidar dos nossos pequenos, garantindo a matrícula escolar a toda criança a partir dos quatro anos, reequipando as estruturas voltadas à Educação Infantil, capacitando os nossos professores e investindo para o aprimoramento da alfabetização das nossas pequenos estudantes. Vamos investir pesado no ensino técnico e profissionalizante capacitando os nossos jovens para o mercado de trabalho, vamos disponibilizar cursos online com o foco no preparatório para o Enem e ingresso em escolas técnicas. Teremos nosso centro de formação técnica e profissionalizante para atender as demandas do setor náutico da cidade e da demanda que teremos com o novo bairro da Marina onde teremos muitas embarcações. Também vamos apoiar o estudante do Ensino Superior, ofertando transporte, subsídio financeiro para ajudar o custeio da universidade e ampliando o uso dos estagiários remunerados de ensino superior em vários setores do serviço público para uma gestão moderna e participativa.

Folha – Quais suas principais propostas para a Saúde?

Carrilho – Búzios, desde a emancipação, sofre com problemas na Saúde, claro que isso não é um caso isolado só do nosso balneário, isso se repete em todo o país. Precisamos desburocratizar a marcação de exames, hoje fazemos tudo pela tela do celular e porque não também realizarmos a marcação de consultas através de uma plataforma disponível pelo celular? Isso é possível e nós faremos. Está na hora de ampliarmos também o nosso hospital, disponibilizar no nosso hospital um centro de imagens para termos resultados mais rápidos de exames, sem precisar tirar o paciente do hospital e levar até uma clínica particular. Precisamos também buscar parcerias privadas para implantar um centro de exames clínicos. Além de buscar um atendimento preventivo da população através das Unidades de Saúde da Família.

Folha – Quais as principais políticas que serão adotadas para o Turismo?

Carrilho – Teremos o desafio de reaquecer o setor, por isso, queremos uma política de turismo participativo, pois só entendendo as demandas de quem está no dia a dia do trabalho, poderemos montar um programa de organização institucional, pois assim, poderemos definir metas de ações a curto, médio e longo prazo, com metas responsáveis. Queremos também incentivar o turismo com foco em esportes aquáticos e terrestres, atividades de natureza através de nossas trilhas. Também queremos implantar ações de apoio e fomento a novos atrativos e produtos que resgatem a identidade cultural de Armação dos Búzios.

Folha – O que o candidato pensa em relação a políticas afirmativas para mulheres, negros e LGBTs?

Carrilho – Temos que ter um governo para todo ser humano, temos que ter uma Búzios que atenda a todas as necessidades. Um exemplo disso é que, eleito prefeito, farei um centro de referência para atendimento à mulher. Assim, ela poderá ter suas consultas de rotina com mais facilidade, vai poder fazer seu pré-natal em uma área mais humanizada e, caso seja vítima de agressão, também poderá fazer a denúncia e receber o acolhimento. Devemos também falar em segurança para todos. Quero melhorar o sistema de monitoramento que já existe em nossa cidade e expandi-lo para outras áreas do município e que não seja apenas no centro da cidade. E vamos pedir também um núcleo da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), aqui para Búzios, não dá mais para a mulher que sofreu violência ter que se deslocar para outro município para fazer o registro e ainda ficar com seu psicológico ainda mais abalado. 

Folha – Quais suas principais propostas para o Esporte?

Carrilho – Esporte e Educação andarão lado a lado no meu governo. Todo mundo sabe que o esporte ocupa a mente da criança e, com isso, não a deixa ir para a criminalidade. Temos que aproveitar mais os espaços das nossas praças para levar esporte para os bairros, temos a praça do Inefi na Rasa, ou seja, sabemos do nosso compromisso em formar cidadãos e nada melhor que através das práticas esportivas mudarmos a vida de cada morador do nosso município.

Folha – Quais suas principais propostas para a Cultura?

Carrilho – Não podemos falar de Cultura em Búzios e não lembrar da escola de circo que temos no nosso município, não podemos falar de cultura e não lembrar que Búzios recebe todo tipo de cultura de todos os turistas que escolhem nosso balneário para visitar e relaxar. Não dá para falar de cultura e não lembrar da tradição quilombola que nosso município tem. Quando falo de cultura, imagino logo quantas histórias não existem na casa de Dona Uia, que nos deixou em junho e levou junto tantas histórias. Eu quero deixar aqui o meu compromisso com o povo buziano de fazer um resgate da nossa história. Queremos gerar conteúdos que possam ser introduzidos na rotina escolar para poder reidentificar o jovem de Búzios com suas raízes ancestrais. Também não posso deixar de falar do nosso pescador, da cultura da pesca. Temos que valorizar nossas vocações também culturalmente, isso é resgatar a dignidade histórica do nosso povo. É inadmissível não termos uma Casa do Pescador, mostrando de onde nossa Búzios nasceu e toda nossa história.  Por isso, quero normatizar programas de resgate e consolidação da cultura e do patrimônio imaterial buziano. Temos que pedir o tombamento de casas que contam a história de Búzios. Não podemos deixar nossa história, que é tão rica, se perder. 

Folha – Quais os projetos do candidato para qualificar e ampliar a atuação da Guarda Municipal na Segurança Pública?

Carrilho – Tenho um carinho muito grande por todos os homens e mulheres que fazem um lindo trabalho à frente da nossa Guarda Municipal. Aproveito para deixar aqui um abraço para todos. Segurança é algo que gosto muito de falar e ela não é feita igual receita de bolo. Segurança tem que ser debatida diariamente e também temos que ouvir da população que sofre com a falta de segurança em nossas ruas. Quero construir e operacionalizar dois pórticos viários nos limites territoriais da cidade, um na Rasa e um no Centrinho, tendo neles, além de informações aos nossos turistas, uma base especial de vigilância e monitoramento ostensivos com câmeras e sensores. Queremos que a pessoa já chegue a Búzios e se sinta protegida. Queremos expandir e operacionalizar o monitoramento por toda a cidade. Isso não é um direito que só uma parte da cidade tem que ter, Búzios é uma só e merece o tratamento igual para todos. Quero reestruturar e modernizar a nossa Guarda Municipal, dar mais liberdade de trabalho. Iremos dar ainda mais equipamentos e estrutura para nossa Guarda Municipal Ambiental. Não podemos só utilizar nossas belezas naturais, mas também temos que criar formas de coibir a degradação que ocorrem sem fiscalização.

Folha – Quais as prioridades em relação à infraestrutura da cidade?

Carrilho – Hoje tudo que o morador precisa resolver, tem que ir até o final da parte de península de Búzios e a cidade já não suporta mais isso. Não dá para ficar querendo ‘dar jeitinho’ e ficar todo dia com o Centro congestionado. Lembrando que na alta temporada isso ainda piora. Hoje, o mais viável e que vai dar uma melhor solução para o morador, é tirar o centro administrativo do final da cidade e levar para uma área mais central, de fácil acesso para todos. Não dá mais para o morador da Rasa que quer regularizar o IPTU, ter que atravessar toda a cidade para isso. Não dá para o empresário, que gera empregos, ter que enfrentar trânsito para atravessar toda a cidade para conseguir chegar à prefeitura e resolver questões da sua empresa. Além disso, temos que investir em mais ciclovias pela nossa cidade, incentivar o morador e o turista a andarem de bicicleta pelo nosso município. Ter isso também como uma forma de ajudar o nosso Meio Ambiente através de práticas sustentáveis. Só assim poderemos desafogar mais o trânsito. 

Folha – Quais as principais políticas que serão adotadas em relação ao Meio Ambiente? 

Carrilho – Como disse anteriormente, o primeiro passo é dar mais estrutura e equipamentos de fiscalização para a nossa Guarda Municipal Ambiental, não podemos falar que vamos ‘fazer e acontecer’ sem primeiro cuidar e fiscalizar nossas áreas ambientais. Tenho que lembrar que não somos banhados pela Lagos de Araruama, mas temos nosso Mangue de Pedra, temos a Lagoa da Usina, que é moradia de espécies importantes para o meio ambiente da cidade. Temos nossa área de vegetação, temos nossas praias. Assim, teremos uma maior fiscalização de nossas áreas, daremos mais abrangência para a política municipal de meio ambiente prevista no Plano Diretor e no Código Ambiental. Promoveremos a educação ambiental e urbanística na rede municipal de ensino, estimular a exploração de novas modalidades turísticas, especialmente o ecoturismo, o voo livre e o turismo cultural. 

Folha – De que maneira o município pode ser mais independente dos repasses dos royalties? Como enxerga um cenário caso o regime de partilha dos royalties seja alterado no STF?

Carrilho – A condição principal é fortalecer o turismo, Búzios vive do turismo. Os royalties, todos nós sabemos que é um recurso finito, então temos que criar meios de não ter uma dependência só dele e também não jogarmos toda a responsabilidade para o turismo. O segundo passo é começarmos a rever o Código Tributário Municipal. Não podemos mais criar dificuldades para o morador, para o comerciante conseguirem pagar seus impostos. Facilitando a quitação de impostos, conseguiremos aumentar a receita e, com esse aumento de receita, devemos investir mais na cidade para as pessoas verem para onde estão indo seus impostos. O povo não aguenta mais pagar imposto e não saber para onde vai, temos que ser transparentes e mostrar que o imposto dela está sendo utilizado para trazer benefícios para seu bairro, que está auxiliando no saneamento, na limpeza, na educação e muito mais. E o terceiro passo é começar a pensar em um novo pilar econômico. Buscar empresas não poluente ligada a tecnologia para se alocarem no nosso município, dar incentivo fiscal e assim, consequentemente, gerar emprego para nosso morador. Trazer para Búzios campus de universidade ligada às áreas de oceanografia e áreas ambientais. Claro que tudo isso é um pensamento que tem que começar agora para um retorno de médio em longo prazo, mas o primeiro passo deve ser dado. E eu estou disposto a dar esse primeiro passo.

(*) O entrevistado desta quinta-feira (22) será o candidato Alexandre Martins, do Republicanos.